[Nerds & Geeks] O legado de Marie Severin e Gary Friederich
O mundo dos quadrinhos perdeu dois talentos: Marie Severin e Gary Friederich. Vamos relembrar a trajetória de cada um.
Marie Severin
Marie nasceu no dia 21 de agosto de 1929 em East Rockaway, no estado de Nova York. Quando ela era adolescente, começou a ter algumas aulas de desenho no Pratt Institute em Nova York. Ela entrou na indústria de quadrinhos na década de 40 graças à seu irmão mais velho, John Severin, que trabalhava na EC Comics e precisava de um colorista. A primeira obra dela foi A moon, a girl...Romance#9 (1949). Ela fez um trabalho tão bom que logo foi contratada para ser a colorista principal. Quando a linha de HQs saiu de linha devido ao estabelecimento do Comics Code Authority (organização fundada em 1954 para regular o conteúdo das histórias de quadrinhos americanos) ela arranjou um emprego na Atlas Comics por um tempo antes de deixar os quadrinhos para trabalhar na Reserva Federal.
No final dos anos 50, Severin começou a voltar para a indústrias das HQs, retornando a produzir para a Atlas. Conforme a Atlas foi se tornando a empresa que hoje conhecemos como Marvel e começou a se expandir, os trabalhos de Severin começaram a expandir também. Lá pelo final dos anos 60,ela era a colorista principal da Marvel enquanto também fazia trabalhos ocasionais de arte-finalista.Quando o Hulk ganhou sua própria linha de quadrinhos, O incrível Hulk, ela foi a arte-finalista das 5 primeiras edições.
Severin era uma artista particularmente talentosa quando se tratava de semelhança, portanto ela foi uma escolha perfeita para uma série de paródia intitulada Not Brand Echh. No início dos anos 70, Severin desistiu de seu emprego como a colorista principal da Marvel, passando a tarefa para o veterano George Roussos, que empenhou-a até meados dos anos 80 para que ela pudesse fazer mais artes finais. Marie criou a Mulher-Aranha em 1976, desenhando sua roupa icônica amarela e vermelha. Na década de 80, ela começou a trabalhar na seção de Special Projects by Marvel fazendo várias obras licenciadas. Ela passou a fazer menos coisas no final dos anos 90 quando a Marvel entrou em falência mas continuou trabalhando até a metade dos anos 2000 quando se aposentou. Ela ilustrou personagens como Capitão América,Homem-Aranha, Conan, Doutor Estranho, Quarteto Fantástico,Justiceiro, Tarzan, entre outros.Severin também trabalhou para a DC Comics, a Fantagraphics e Claypool Comics.
Foi induzida no Will Eisner Comics Hall of Fame em 2001.
Ela nos deixou ontem aos 89 anos, vítima de um derrame sofrido no início da semana. Sua morte foi anunciada pela sua colega Irene Vartanoff, também funcionária da Marvel.
Gary Friederich
Gary nasceu em Jackson,no estado do Missouri, em 1943. Quando era adolescente,fez amizade com o futuro escritor e editor-chefe da Marvel, Roy Thomas. Em meados dos anos 60, quando Thomas já tinha começado a trabalhar na Marvel Comics, contatou seu velho amigo e sugeriu que ele desse outra chance aos quadrinhos. Friedrich (que não tem parentesco com Mike Friedrich, outro artista contemporâneo dele) se mudou para Nova York e começou a escrever para a Charlton Comics.
Depois de Roy Thomas começar a trabalhar para a Marvel, Stan Lee começou a passar várias tarefas de roteiro para ele, que logo ficou sobrecarregado e começou a recrutar novos escritores para a Marvel, incluindo uma contribuição regular para a série Sgt.Fury and the Howling Commandos, que se tornaria a série em que ele ficaria mais tempo, até 1971.
Ele colaborou com vários personagens da Casa das Ideias até criar o Motoqueiro Fantasma em 1973, junto com seu amigo Roy Thomas e Mike Ploog. Friedrich foi responsável pela série do Motoqueiro derivada da Marvel Spotlight. Durante esse tempo, ele co-criou o personagem Daimon Hellstrom, o Filho de Satã.
Durante os anos 70, ele escreveu para a Skywald, uma editora de revistas de terror em preto-e-branco e depois de atuar como roteirista para a empresa rival, Atlas Seabord Comics que o ex-dono da Marvel, Martin Goodman, lançou em 1975, Friedrich deixou os quadrinhos em 1978. Ele retornou na década de 1990 brevemente para escrever Bombast para a Topps Comics, voltando a trabalhar com a mesma equipe de arte que Sgt.Fury and the Howling Commandos, ele e Dick Ayers.
Nos últimos anos ele ficou famoso pela disputa na Justiça com a Marvel pelos direitos do Motoqueiro, alegando que tinham retornado para ele em 2001. Ele perdeu o processo em 2011 mas em 2013 a decisão foi revogada e conseguiram chegar a um acordo.
Gary faleceu aos 75 anos de complicações do Parkinson, com o qual ele já vinha combatendo há alguns anos.
Essas duas lendas farão falta.
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