[News] Nova música de PC Silva cria fim do mundo distópico com críticas a “pobre Elon” e trilionários

 Nova música de PC Silva cria fim do mundo distópico com críticas a “pobre Elon” e trilionários


foto André Sidarta


“Beira de mar” chega às plataformas de streaming nesta sexta



Um dos mais festejados compositores brasileiros da nova geração, o pernambucano PC Silva lança nesta sexta-feira, 16, “Beira de Mar”, o primeiro single do próximo álbum, intitulado “Me dê notícias do universo”. Gravado por nomes como Ney Matogrosso, Simone, Mônica Salmaso e Ceumar, o artista cria um cenário distópico onde apenas trilionários sobreviveram às adversidades impostas pelas condições do planeta.


Links para streaming: https://tratore.ffm.to/beirademar


A canção-alerta é assinada em parceria com a premiada escritora pernambucana Ezter Liu e apresenta, em plano principal, o caos de um planeta devastado pela ganância, além de jogar luz sobre questões climáticas. O fim do mundo é retratado, ao mesmo tempo, de forma poética e crua. Crônica do futuro com os pés no presente e olhos no retrovisor do tempo, questiona a riqueza do “pobre Elon” e homenageia a imensidão do amigo Jr. Black, cantor e compositor pernambucano morto em 2022.


De sonoridade mais pesada em comparação ao primeiro álbum, “Amor saudade e tempo”, no qual contou com participações especiais de Mônica Salmaso e Ceumar, o primeiro single do novo trabalho entrega um refrão forte e marcante e chega para ilustrar o leque de possibilidade sonoras que PC Silva tem disponível em sua discografia, já conhecida pelo vigor poético.


A música ganhou corpo a partir do refrão “Beira de mar, areia, beira de maré”, que PC criou e passou a cantarolar em casa, logo ganhando o coro da filha Nina, de 5 anos. Marcantes lembranças de canções sobre o fim do mundo, carregadas por ele desde a infância - como “Apocalipse”, de Roberto Carlos -, o gosto por músicas com uma narrativa linear capaz de situar o ouvinte naquela realidade e a preocupação com o futuro da humanidade se encontram na letra.


“Tomei, como plano de fundo central, a coisa mais real que é o aquecimento global, embora haja quem prefira não acreditar. Parece claro que a salvação da Terra, em suas diversas problemáticas, deveria ser do interesse dos que acumulam riqueza e investem fortunas em foguetes espaciais, por exemplo. Mas é ingenuidade acreditar que os mais poderosos darão as mãos única e exclusivamente em prol do bem-estar para os simples mortais. E perceber isso é, de certa forma, conviver constantemente com o fim do mundo”, reflete PC Silva. 

A letra faz algumas referências àquelas canções que o artista ouvia e se referiam ao futuro distante. “Quem dá mais?”, composição de Beto Surian, gravada pelo cantor Antônio Marcos na década de 1970, é uma delas, assim como “Um índio”, de Caetano Veloso. Nela, no futuro, “um índio descerá em uma estrela colorida brilhante”, trazendo “a mais avançada das mais avançadas das tecnologias”. Essa inclinação da humanidade a investir no desenvolvimento de tecnologias, enquanto milhares de pessoas passam fome, também é explorada em “Beira de mar”. 


Depois de “Beira de mar”, PC Silva lançará outros dois singles antes do álbum “Me dê notícias do universo”, com produção musical de Juliano Holanda. A música de estreia reflete sobre o fim do mundo, mas o próximo álbum, como um todo, é muito mais dedicado à beleza da vida aqui e agora. Não só aqui e nem só no agora, o disco em sua íntegra fala de muitos lugares. Físicos e abstratos. Fala de um Brasil e das possibilidades de outros Brasis. Das pessoas que ele observa ao longo da vida. E muito, também, sobre o cantor e compositor do Sertão pernambucano.



SERVIÇO


“Beira de mar”, de PC Silva

Lançamento: 16 de agosto, nas plataformas digitais



BEIRA DE MAR

(PC Silva / Ezter Liu)


Quando o Planeta Terra degringolou

Ali no fim das eras,

Nem mesmo o pobre Elon imaginou

Haver nomenclaturas

Praquele novo ser que ele viu chegar

Em uma estrela fosca e sem cor

E assim que as últimas geleiras viram mar

Quem teve como pagar, flutuou


Ao ver a grande tela do céu virar

Uma espécie de cinema,

E tudo em projeção cronológica

Um exemplo de obra prima

Era o juízo final em 60k

E o medo boiando na balsa

Reexibindo o colapso das geleiras

No tempo em que ainda havia alguma


Beira de mar (Areia)

Beira de maré

Beira de mar (Areia)

Beira de maré


O lixo do mundo boiando à deriva

Trilionários e suas trupes

Vendo a reprise da nossa existência

Quando alguns vídeos pop-ups

Surgiram em soundround, em volume espetacular,

Narrados por José Timóteo

Lhes ofertando uma forma de se salvar

Embora fosse impagável


Era o tempo da indelicadeza,

Um tempo ausente de amores.

Um egocentrismo em alta latência,

De horrores singulares.

Era o futuro uma arena dominical

E todos no centro tentando escapar,

Enquanto soava no céu uma música

Do tempo em que ainda havia alguma


Beira de mar (Areia)

Beira de maré

Beira de mar (Areia)

Beira de maré


O céu é o mapa dos náufragos. Aguardem!

A tela das estrelas leva alguns segundos para reiniciar.

Encontrem Cassiopeia no trânsito da noite

e sigam para o norte até achar a ilha

Em terra firme, será preciso apagar as fronteiras

E desenhar um novo curso

Será preciso subir até a ponta do pelo do urso

Para enxergar a trilha do formigueiro

E reaprender a geometria das abelhas

Será preciso chamar os peixes pelo nome,

Entender o carbono, o éter, a música

E semear a grama para futuros futebóis

Será preciso redescobrir o fogo e fazer dele fogueira

E reinventar a roda numa grande ciranda


Beira de mar (Areia)

Beira de maré

Beira de mar (Areia)

Beira de maré

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