[News] "Dom Casmurro" ganha adaptação musical e chega ao Teatro Estúdio, em São Paulo
FOTO: Hallan Fidelis |
Uma das obras-primas da literatura brasileira, "Dom Casmurro", de Machado de Assis, está prestes a ganhar uma nova e ousada adaptação no formato de musical, que estreia no dia 4 de novembro no Teatro Estúdio, em São Paulo, para uma curta temporada com sessões às segundas, terças e quartas. Essa realização independente é fruto da parceria entre A Casa Que Fala e a Tomate Produções, sob a direção do renomado e premiado Zé Henrique de Paula, que traz uma visão inovadora e sensível para a obra. As letras, músicas e direção musical são assinadas por Guilherme Gila, o texto adaptado ganha os contornos do ator e escritor Davi Novaes e a direção de movimento é de Zuba Janaína.
O projeto de "Dom Casmurro" foi gestado ao longo de três anos, em um processo colaborativo que busca não apenas adaptar, mas também reinterpretar a história de Bentinho, Capitu e Escobar através de uma nova linguagem. Guilherme Gila e Davi Novaes, identificaram um "gap" no mercado de musicais brasileiros, onde muitas produções se concentram em biografias, enquanto Gila sonhava em trazer as obras literárias nacionais para o palco. “Percebi que muitos musicais que amamos no exterior são adaptações da literatura, e assim decidi focar em nossos clássicos. 'Dom Casmurro' logo se destacou como uma escolha perfeita”, explica ele.
A ideia para o musical surgiu em 2021, durante a pandemia, em um contexto onde o teatro precisou se reinventar. Os dois criadores se encontravam toda segunda-feira para alinhar ideias e compartilhar o que havia sido escrito. “Era um verdadeiro laboratório criativo onde um texto poderia se transformar em música e vice-versa. Quando o Zé entrou no projeto, novas camadas de interpretação surgiram, trazendo uma visão fresca e contemporânea para a narrativa”, detalha Gila.
Adaptar uma obra tão rica e complexa como "Dom Casmurro" apresenta desafios significativos. Davi enfatiza a importância de manter a essência machadiana enquanto oferece uma nova perspectiva. “Tentei me ater ao livro o máximo possível, mas também busquei criar uma narrativa que dialogasse com o público atual. Na nossa versão, Bentinho, o narrador, é uma fonte não confiável, o que gera ambiguidade e permite que exploremos diferentes camadas da história”, explica Novaes.
Para contar essa história rica em nuances emocionais, o elenco foi cuidadosamente selecionado. Luci Salutes assume o papel de Capitu, a enigmática protagonista com seu olhar "de cigana", que provoca paixões e dúvidas em Bentinho. Rodrigo Mercadante interpreta Bentinho, o narrador consumido por ciúmes e inseguranças, enquanto Cleomácio Inácio encarna Escobar, o melhor amigo cuja relação com Capitu gera conflitos. Larissa Carneiro assume a forma de Prima Justina, a figura leal que contrasta com os dilemas dos protagonistas, e de Sancha, amiga de Capitu e esposa de Escobar. Fábio Enriquez assume o papel de José Dias, o curioso agregado da família, e Nábia Villela traz à vida Dona Glória, a mãe influente que molda as decisões de Bentinho. Por fim, Eduardo Leão interpreta Tio Cosme, o parente sábio que oferece cautela em meio ao turbilhão emocional da trama. Juntos, esse talentoso elenco promete uma interpretação rica e profunda dos conflitos da narrativa clássica.
Um dos aspectos mais inovadores da adaptação é a escolha musical. Gila e Novaes optaram por uma trilha que vai do rock à MPB, refletindo as emoções e conflitos dos personagens. Para a fase em que Bentinho se rebela contra a decisão da mãe de se tornar padre, o rock and roll foi escolhido como símbolo de rebeldia. “Buscamos construir um cancioneiro que não só acompanha a narrativa, mas que também amplifica as emoções que Machado de Assis evoca em seus escritos”, afirma Gila, que também está ao piano e na regência da banda composta por, Samir Alves (violino), Felipe Parisi (violoncelo) e Daniel Alfaro (percussão).
Além da música e do texto, a produção conta com uma equipe técnica talentosa, incluindo Fran Barros no desenho de luz e Cauê Palumbo no desenho de som, que trabalham em conjunto para criar uma atmosfera única. O figurino é de Ùga agÚ e o visagismo é de Jo Sant Anna. A cenografia é de responsabilidade de Zé Henrique de Paula, que se inspira nas nuances da obra para criar um cenário que dialogue com a narrativa. O diretor em jornada dupla conta com a assistência de direção de Mafê Alcântara.
"Dom Casmurro - Musical inspirado na obra de Machado de Assis" não é apenas uma adaptação; é uma celebração da obra de Machado de Assis e da riqueza da literatura brasileira. O espetáculo promete levar o público a uma jornada emocionante e envolvente, onde a história de Bentinho e Capitu é contada de uma maneira vibrante e contemporânea. Prepare-se para uma experiência única no teatro, onde a literatura se encontra com a música, reimaginando um dos maiores clássicos da nossa cultura.
–
FICHA TÉCNICA:
Texto: Davi Novaes (baseado na obra de Machado de Assis) | Letras, músicas e direção musical: Guilherme Gila | Direção geral: Zé Henrique de Paula | Direção de movimento: Zuba Janaína | Assistência de direção: Mafê Alcântara | Desenho de luz: Fran Barros | Desenho de som: Cauê Palumbo | Figurino: Ùga agÚ | Assistência de figurino: Cauã Stevaux, Gagum Silvestre, Mariana Garcia, Natália Munck e Rafael Océa | Visagismo: Jo Sant Anna | Perucaria: Laerte Késsimos | Cenografia: Zé Henrique de Paula | Cenotécnico: Cauê Maia | Elenco: Luci Salutes, Rodrigo Mercadante, Cleomácio Inácio, Larissa Carneiro, Fábio Enriquez, Nábia Villela e Eduardo Leão | Piano e regência: Guilherme Gila | Violino: Samir Alves | Violoncelo: Felipe Parisi | Percussão: Daniel Alfaro | Transcrições: Samir Alves | Editoração: Felipe Parisi | Arranjos: Samir Alves e Guilherme Gila (com colaborações de Felipe Parisi e Daniel Alfaro) | Músicos substitutos: Bruna Barone (percussão), Giovanni Sartori (violoncelo) e Paulo Viel (violino) | Técnico de luz: Claudio Gutierres | Operação de som: Tatah Cerquinho | Técnico de som: Thiago Schin | Produção geral: A Casa que Fala e Tomate Produções | Coordenação de produção: Marcos Mattje e Rebeca Reis | Produção executiva: Titto Gonçalves e Rebeca Reis | Assistência de produção executiva: Gregory Pena | Assistência de produção: Anne Beatriz, Babi Trabasso, Gabriel Arjona, Giulia Lavinia, Victor Edwards e Vitor Colli | Identidade visual: Dan Maschio | Layout do programa: Isa++ | Editoração do programa: Anne Beatriz | Assessoria de imprensa: GPress Comunicação (Grazy Pisacane) | Fotografia: Felipe Quintini, Pedro Veras e Hallan Fidelis.
SERVIÇO:
Local: Teatro Estúdio
Rua Conselheiro Nébias, 891 – Campos Elíseos – São Paulo/SP
Temporada: de 4 a 27 de novembro
Sessões: segundas às 20h | terças às 20h | quartas às 20h (exceto 6/11)
Duração: aproximadamente 120 minutos (incluindo 15min de intervalo)
Classificação: Livre
Ingressos: R$120 (inteira) e R$60 (meia-entrada)
Venda online: Sympla - https://bileto.sympla.com.br/event/99492/d/283439/s/1935300
(haverá bilheteria física no teatro 2h antes do início da sessão)
—
Sobre Davi Novaes
Davi Novaes é Bacharel em Letras pela USP e mestrando em Estudos Literários pela UNIFESP. Dramaturgo e professor de escrita criativa, é ator formado por instituições como Teatro Escola Macunaíma e Casa de Artes Operária. Integrou o elenco de peças como “Sweeney Todd” e “Chaves”, ambas com direção de Zé Henrique de Paula, além de “Bonnie & Clyde”, “Um Bonde Chamado Desejo” (peça vencedora de 3 Prêmios Shell) e “Príncipe Desencantado”, pelo qual foi indicado ao Prêmio FEMSA como Melhor Ator. Como autor, escreveu e atuou nas peças “O Que Restou de Você em Mim” e “É Sempre mais Difícil Ancorar um Navio no Espaço”. Em 2024 estreou na direção com as montagens “Lembranças Boas Demais Para Esquecer, Por Ruins Demais Para Serem Lembradas”, de Gabriel Cersosimo e “Ainda Tenho o Mesmo Telefone”, de Beatriz Nascimento.
Atualmente trabalha no SBT e prepara seu terceiro texto autoral “Onde Fica Essa Ilha a Que Só Chegamos por Naufrágio”, além de integrar o elenco da montagem de “Shakespeare Apaixonado”, com direção de Rafael Gomes.
Sobre Guilherme Gila
Guilherme Gila é ator, dramaturgo, compositor, e diretor musical. Escreveu texto, letras e músicas, e dirigiu o espetáculo “A Igreja do Diabo - um musical imoral e hilário”, vencedor do Prêmio Bibi Ferreira como Melhor Musical Off de 2023, além de receber "Destaque Dramaturgia Original" do Prêmio Destaque Imprensa Digital. É formado em Música pelo Conservatório Musical André da Silva Gomes, pós-graduado em Música e Imagem e também pós-graduado em Canção Popular Brasileira, ambas pela Faculdade Santa Marcelina. Atualmente integra o elenco de “Clara Nunes - a tal guerreira”. Recentemente integrou o elenco de “Sweeney Todd” e foi pianista-regente e assistente de direção musical do espetáculo "Codinome Daniel", no Teatro do Núcleo Experimental (2024). Também realizou a direção musical dos espetáculos “Para Não Gritar”(2024), “Bosque dos Sonâmbulos"(2023), "Operação Rematrícula" (21 Chump Street, 2018), "Cruella - um novo musical" (2018 e 2022). Trabalhou como Assistente de Direção Musical nos espetáculos do Núcleo Experimental: “Cabaret dos Bichos” (2022), e “Brenda Lee e o Palácio das Princesas” (2022), e fez a direção musical de 5 leituras cantadas da Incubadora de Musicais do Núcleo Experimental (2023).
Sobre Zé Henrique de Paula
Zé Henrique de Paula é diretor teatral, ator, dramaturgo, cenógrafo e figurinista, além de diretor artístico do Núcleo Experimental. Vencedor dos prêmios Shell, APCA, Reverência, Bibi Ferreira, Arte Qualidade Brasil, Aplauso Brasil e Destaque Imprensa Digital, dirigiu recentemente os espetáculos “Codinome Daniel”, “Once”, "Um panorama visto da ponte", "Dogville", "1984", "Natasha, Pierre e o Grande Cometa de 1812", "Pacto, a história de Leopold e Loeb", "Lembro todo dia de você", “Urinal, o musical", “Chaves, um tributo musical”, “Sweeney Todd” e “Brenda Lee e o Palácio das Princesas”, entre outros. Bacharel em Arquitetura e Urbanismo pela Universidade Mackenzie, com pós-graduação em Artes Cênicas pela Escola de Comunicação e Artes da USP, recebeu o título de Mestre em Direção Teatral pela University of Essex e cursou Figurino na University of the Arts, ambas em Londres. Também estudou interpretação e direção teatral na GITIS - Universidade Russa de Artes Teatrais.
Nenhum comentário