[News] Em novembro, a primeira edição da Olhos d’Água - I Mostra de Cinema do Maciço promove a descentralização do acesso ao cinema e o diálogo com saberes locais
Em novembro, a primeira edição da Olhos d’Água - I Mostra de Cinema do Maciço promove a descentralização do acesso ao cinema e o diálogo com saberes locais
Realizada pela Oficina da Mata, a Mostra realiza uma programação gratuita em Guaramiranga, Baturité, Pacoti e Aratuba, com exibição de filmes, oficinas, seminário, feira ecológica e lançamento de publicações
Descentralizar o acesso ao cinema é eixo fundamental da Olhos d’Água - I Mostra de Cinema do Maciço, realizada entre os dias 12 e 24 de novembro de 2024, em Guaramiranga e em comunidades rurais do Maciço de Baturité, região serrana localizada no interior do Ceará. Gratuita, a programação traz programas temáticos compostos por filmes cearenses, nordestinos e brasileiros, oficinas audiovisuais em parceria com escolas, seminários temáticos, feira ecológica com produtos da região e lançamento de publicações.
Fruto de uma série de ações realizadas na região nos últimos anos, como laboratórios rurais de práticas audiovisuais, cineclubes, oficinas e exposições, o evento surge com o desejo de contribuir tanto para a difusão de filmes nacionais e para a formação de plateia, quanto para a democratização dos meios audiovisuais enquanto ferramenta de criação por múltiplos sujeitos, territórios, identidades e modos de existência.
A Mostra estabelece o centro de Guaramiranga como polo central para as sessões de exibição de filmes, curtas e longas-metragens, enquanto as demais atividades irradiam e circulam por outros territórios rurais e espaços culturais. Ao todo, serão contemplados três espaços comunitários situados em comunidades rurais do Maciço de Baturité: Oficina da Mata na Comunidade Uirapuru, em Baturité; Ponto de Cultura Memorial Museu Indígena Kanindé, em Aratuba; e Ecomuseu de Pacoti.
"Acreditamos que uma mostra de cinema pode ser um espaço para fertilizar encontros entre diferentes saberes, para aprender com as perspectivas do outro, a partir de um deslocamento para a própria realidade em que se vive. A Olhos d'Água é, portanto, pensada em consonância com a história e as experiências desses espaços, atravessadas por processos históricos de invisibilização, mas também por uma mobilização coletiva para a afirmação e o reconhecimento de suas identidades e modos de vida comunitários", afirmam Ana Paula Vieira e Leonardo Câmara, coordenadores gerais da Mostra.
Olhos d’Água - I Mostra de Cinema do Maciço é uma realização da Oficina da Mata, Andarilha Produções, Mar de Fogueirinha e do Ministério da Cultura, por meio da Lei de Incentivo à Cultura (Lei Rouanet), com patrocínio do Banco do Nordeste. O projeto também conta com o apoio do Governo do Ceará, por meio da Secretaria da Cultura do Ceará, com recursos da Lei Paulo Gustavo (Lei Complementar n. 195/2022), e da Escola Porto Iracema das Artes. Conta ainda com parcerias do Ecomuseu de Pacoti, do Ponto de Cultura Memorial Museu Indígena Kanindé, da Associação dos Amigos da Arte de Guaramiranga (AGUA), da Universidade da Integração Internacional de Lusofonia Afro-Brasileira (Unilab) e da Universidade Federal do Ceará (UFC).
Curadoria e programação
A programação se estrutura a partir de quatro eixos conceituais que operam como disparadores para a curadoria, sendo eles: Contra-cinemas, Plantas e bichos veem coisas, Cinema de mutirão e Fazer ver: terra e território. Tem como proposta cultivar um espaço de fruição, formação, discussão e criação, fomentando o encontro entre diferentes perspectivas por meio da experiência coletiva do cinema e integrando saberes locais com a prática audiovisual.
"Trata-se, sobretudo, de uma mostra que pretende se firmar enquanto possibilidade de expansão e difusão de cinemas não-hegemônicos para além do circuito de exibição em que geralmente circulam, como mostras e festivais restritos às capitais. Ao aproximar filmes brasileiros recentes produzidos por cineastas negros, mulheres, indígenas e LGBTQIANP+ de contextos rurais e territórios comunitários no interior do Ceará, desejamos contribuir com a descentralização dos bens culturais e artísticos existentes em nosso país e com democratização da diversa produção cinematográfica para novos públicos e espaços de circulação", explicitam Cecília Gallindo Cornélio e Yuri Firmeza, curadores da Mostra.
Entre os dias 12 e 14 de novembro, serão realizadas 6 sessões compostas por filmes de curta e longa metragem em Guaramiranga. Durante o período da tarde, as exibições são realizadas em parceria com escolas da região, no Teatro Rachel de Queiroz. À noite, as sessões acontecem ao ar livre, na Avenida Vicente Soares, no centro de Guaramiranga.
Na semana seguinte, de 22 a 24 de novembro, a mostra faz uma itinerância e circula pelos territórios e espaços culturais rurais dos municípios de Baturité, Pacoti e Aratuba. Junto aos filmes que compuseram os programas curatoriais em Guaramiranga, também serão exibidos os filmes e trabalhos audiovisuais produzidos nas oficinas.
Oficinas
Durante o evento, duas oficinas serão ofertadas aos alunos da Escola Aldeia Fernandes - Kanindé de Aratuba e da EEMTI Zélia de Matos Brito, em Guaramiranga. As formações promovem o contato do público com diferentes técnicas, mídias e linguagens audiovisuais aliado aos saberes, fazeres e conhecimentos próprios a cada território.
Sunny Maia será o facilitador de uma oficina de audiovisual na Escola Aldeia Fernandes - Kanindé de Aratuba. Desde 2015, trabalha como roteirista, realizador, diretor de fotografia e montador. Sua pesquisa fabula a fuga cuir não-binária, a autoficção e o sonho.
Já a oficina "Imagens da terra" será ministrada por Polly Di pretende atravessar o caminho do audiovisual e das artes visuais que investem na contra-narrativa hegemônica. Utiliza-se dessa possibilidade acreditando ser mais um dos meios que afirmam e reiteram o direito à terra, ao cultivo, ao aterramento dos imaginários, à reconexão com a terra e ao território.
Seminário
Durante os dias 12, 13 e 14 de novembro, o seminário "Fazer ver: terra e território" reúne convidados do Ceará e de outros estados do Brasil para discutir questões acerca da arte, da educação, da ecologia e da tecnologia. Os encontros são abertos ao público e acontecem no Teatro Rachel de Queiroz, em Guaramiranga.
A mesa inicial "Fazer ver: terra e território" conta com a presença de Suzenalson Kanindé (Museu Kanindé), Levi Jucá (Ecomuseu Pacoti), Marcelo Casimiro (UNILAB) e Aline Lima (Grão de Guará) para debater os museus comunitários e seus processos de cultivo da memória e imaginação do território. A mediação é de Yuri Firmeza.
A mesa "Cinemas de mutirão" reúne os convidados Iago Barreto (Brotar Cinema), Rúbia Mércia (CCBJ, Casa Algueiro) e Edilberto Mendes (aBarca - Porto Iracema das Artes) para compartilharem experiências e apresentarem projetos que unem cinema, território e juventude. A mediação é de Leonardo Câmara.
O seminário encerra-se com a mesa "Arar o tempo, aprender com a terra", com mediação de Ana Paula Vieira. A conversa sobre espaços de arte, educação, natureza e tecnologia reúne os convidados Cinthia Mendonça (Silo), Alexandre Veras (Atelier Rural) e Ceiça Ferreira (Sertão Negro).
Feira
No dia 15 de novembro, a partir das 17h, a Mostra realiza a Feira Ecológica, promovendo a circulação da economia local com a venda de produtos da região, além do lançamento de livros e publicações. A atividade acontece na Avenida Vicente Soares, em Guaramiranga.
Sobre a Oficina da Mata
A Oficina da Mata é um espaço interdisciplinar dedicado a processos de criação, formação, colaboração e pesquisa nos campos da arte, da educação, da ecologia e da tecnologia. Situado na localidade Uirapuru (Brejo), na zona rural de Baturité/CE, o espaço desenvolve ações artísticas e pedagógicas que promovem encontro entre diferentes saberes e fazeres e fertilizam as formas de aprendizagem no território rural.
Serviço
Olhos d’Água - I Mostra de Cinema do Maciço
De 12 a 24 de novembro de 2024
No Maciço de Baturité - Ceará
Mais informações em @oficinadamata
Fotos
https://drive.google.com/
Contato para imprensa
Thayná Facó
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