[Crítica Musical] Canções de Exílio
Se existe um cantor
nacional pelo qual vivo ansioso por álbuns novos, ele se chama Jay Vaquer! Ele
é, sem dúvidas, um dos melhores compositores nacionais da atualidade, sem
menos.
CANÇÕES DE EXÍLIO,
lançado esse ano, é o oitavo álbum de sua carreira, o primeiro autoral desde
2011, quando lançou UMBIGOBUNKER!?, e digo, ele voltou com a carga toda!!!
Depois de um álbum
de regravações (ANTES DA CHUVA CHEGAR – TRANVERSÕES: VOLUME 1 de 2013), onde o
rock foi deixado um pouco de lado, Jay Vaquer volta com sua “Porradaria
Frenética” nesse novo álbum de 10 faixas completamente crus, ácidas,
emocionais; cheios de criticas afiadas e bem direcionadas.
O cantor, antes
mesmo de ter qualquer ideia do que seria o álbum, anunciou a pré-venda do mesmo
(um ato cego de confiança dele nos fãs e dos fão nele), e, tempos depois, criou
um grupo para esses compradores onde, aos poucos, ia liberando informações
sobre o que viria a ser CANÇÕES DE EXÍLIO. Neste álbum ele nos apresenta Dominus
Poscriptu (“Senhor Exilado”), seu novo alter-ego representado na capa do
álbum (cuja maquiagem foi feita pela Sabrina Sanm, vocal da incrível banda
KITA).
As letras – como
sempre – são um show a parte, sendo ele um escritor e compositor absolutamente
impecável. Nas faixas são explorados questões sociais como a exposição massiva
de uma falsa felicidade sem conteúdo em selfies sorridentes; problemas
político-sociais onde tudo está tão ruim que já parece normal; relacionamentos
problemáticos; o deboche escancarado numa brincadeira com as crenças, crendices
e supertições; costumes repetitivos de pessoas que agem idiotamente para
idiotizar quem não se atenta e não pensa.
MAS! Para mim, um
dos pontos altos desse álbum é a faixa LEGÍTIMA DEFESA, com a participação da
fantástica Megh Stock. Está faixa é simplesmente a continuação de uma outra
faixa chamada ESTRELA DE UM CÉU NUBLADO, também em parceria com a Megh. Em
EDUCN encontramos um rapaz querendo ser ator e tendo seus sonhos frustrados
pouco a pouco, levando-o ao suicídio... Só que não! Na nova faixa, ele mira
arma em outra direção na hora do tiro e decide dar a volta por cima. As duas
faixas são absurdamente incríveis, e cabem em um livro facilmente, com uma
construção de letra que há tempos não se vê em terras brasilis.
Do mais, esse álbum
deve ser ouvido por todos, ter seu conteúdo explorado ao máximo e, espalhando pelo mundo afora sua mensagem
pois, num mundo de músicas vazias e repetitivas, um álbum que diz o que os
panelaços e as manifestações gritam, não deve ficar nas sombras.
FAIXAS:
01. Quantos Tantos
02. Tudo Que Não Era
Esgoto
03. Canção de Exílio
Domiciliar
04. Boneco de Vodu
05. Outrora
06. Possibilidade
(Se Já Não Caibo)
07. Como Quem Não
Quer Nada
08. Hematomas da
Teima
09. Legítima Defesa (feat. Megh Stock)
10. Baudaluv
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