[Resenha] Filhos do Éden: Herdeiros de Atlântida
Há uma guerra no céu. O
confronto civil entre o arcanjo Miguel e as tropas revolucionárias de seu
irmão, Gabriel, devasta as sete camadas do paraíso. Com as legiões divididas,
as fortalezas sitiadas, os generais estabeleceram um armistício na terra, uma trégua
frágil e delicada, que pode desmoronar a qualquer instante. Enquanto os
querubins se enfrentam num embate de sangue e espadas, dois anjos são enviados
ao mundo físico com a tarefa de resgatar Kaira, uma capitã dos exércitos
rebeldes, desaparecida enquanto investigava uma suposta violação do tratado. A
missão revelará as tramas de uma conspiração milenar, um plano que, se
concluído, reverterá o equilíbrio de forças no céu e ameaçará toda vida humana
na terra. Ao lado de Denyel, um ex-espião em busca de anistia, os celestiais
partirão em uma jornada através de cidades, selvas e mares, enfrentarão
demônios e deuses, numa trilha que os levará às ruínas da maior nação terrena
anterior ao dilúvio – o reino perdido de Atlântida.
O que eu achei?
As tropas do arcanjo Miguel
lutam para destruir a humanidade. O arcanjo Gabriel, seu irmão, montra a sua
tropa rebelde, na tentativa de impedir o genocídio humano. Todo o paraíso está
em guerra e a Terra está em relativa paz... por enquanto.
O livro é absolutamente
fascinante e te mantem preso a ele de uma forma surpreendente. A escrita não é
de toda requintada ou rebuscada, é simples e direta, sem rodeios ou falatórios
cansativos, fazendo-se valer mais pelo conteúdo – os conceitos, definições,
conteúdos históricos –, com capítulos curtos e sucintos. (Isso me fez lembrar muito da forma que Dan Brown
escreve).
O que mais me chamou atenção
foi como os anjos, demônios e toda sorte de seres espirituais foram
construídos. Todos eles – sem exceção – conseguem ser cativantes, todos à sua
maneira. Não há excessos nem elementos soberbos; a caracterização ficou
impecável, e – um ponto importantíssimo – os diálogos são, para mim, perfeitos!
Cada anjo trabalhado minuciosamente com as características de sua respectiva
casta, sem deixar de lado o que já se conhece de alguns anjos, como Lúcifer,
por exemplo. Na Terra, os anjos – e até alguns demônios - possuem um corpo
humano, um avatar, mantendo ainda seus poderes celeste, fazendo com que a vida
deles em terra seja bem mais interessante.
Além de todo o conceito
celeste, passando desde a criação do mundo até a criação dos ser humano, numa
trama de inveja, sangue, vingança e traição (todo minuciosamente explicado
durante a história e num Apêndice mega-hiper esclarecedor), há também alguns
elementos da nossa mitologia, visto que toda a história se passa em território
nacional – o que muito me agradou, numa época de nacionais escrevendo histórias
com excessivos detalhes e influencias internacionais.
As personagens principais
(Kaira, Urakin, Levih e Denyel) são absolutamente distintos, fazendo com que a
leitura não se torne cansativa. Aliás, nesse livro não existem personagens cansativos;
todos eles são tão bem construídos, que até o mais sádico consegue ser
cativante. Os inimigos conseguem também ser fantásticos.
As batalhas são alguns dos meus
momentos favoritos. Longe da fantasia de “duelo mágico, raios azuis e vermelhos
e, PUFT, corpo sumiu”, nesse livro temos socos, tiros, sangue, membros e órgãos
arrancos e corpos despedaçados.
Contudo, o livro não é somente
uma aventura sangrenta, muito menos uma luta entre o bem e o mal. Para os mais
atenciosos, o livro é um questionador de valores, onde nos coloca para pensar e
questionar nossa índole, nosso caráter e nosso senso de justiça. Com os conceitos
e motivos apresentados para a guerra celeste, nos deparamos com a inveja e seus
efeitos, sobre o manto do conceito de “justiça”, fazendo-nos pensar se atitudes
extremas são realmente necessárias quando estamos empenhados em nossa luta ou
se são somente reflexo de um sentimento ruim, uma visão distorcida dos fatos e
um conceitos mal-compreendido. (Questionamentos muito úteis nos dias de hoje,
não!?)
Os anjos, no céu, estão lutando
entre si; irmão lutando um contra o outro, numa batalha milenar, cada um
achando que seu motivo é mais justo. E é aí que entra o nosso senso crítico.
Enfim, após esse mundo de
coisas ditas, só me resta dizer que com esse livro eu virei fã de Eduardo
Spohr, e, sem dúvidas, entrou para a lista de melhores livros que já li na vida,
cheio de intrigas, conspiração, traição, um pouco de filosofia e muita ação.
Deixei alguns detalhes de lado, pois enquanto lia, a surpresa de descobri-los me atingiu como
um tiro. Então, fica aí a curiosidade plantada em vocês.
Então, escolha o seu lado.
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Sabe me dizer se esse livro é uma continuação da batalha do apocalipse? Gostei bastante da resenha, gosto quando o autor vai direto ao ponto. Só por curiosidade, o escritor deste livro é um professor Brasileiro.
ResponderExcluirUm abraço
naciadelivros.blogspot.com.br
Eai Rafael, tudo bem? Que bom que gostou da resenha :D
ExcluirSobre a sequência dos livros, se não me engano, a trilogia FILHOS DO ÉDEN acontece antes de A BATALHA DO APOCALIPSE - Spohr usou dos conceitos e do "mundo" criado no BATALHA para iniciar essa trilogia. Contudo, de certa forma,FILHOS DO ÉDEN desemboca no BATALHA.
E sobre ir direto ao ponto: ele faz isso com maestria! haha
Até mais!
muito boa a resenha! tambem gostei bastante do livro e assim como vc comecei a observar mais o spohr e suas obras. a criação de personagens e ambientação dentro da mitologia sao os pontos altos dessa trama. estou estudando para fazer minhas próprias resenhas e a sua me ajudou bastante!
ResponderExcluirLivro maravilhoso, também me tornei fã do autor e nem li os outros ainda. Idéias geniais que nos induzem ao raciocínio, além da historia com suas personagens muito bem descritas. Nota dez esse livro.
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