[Crítica] Joaquim
A história dos acontecimentos e fatos que levaram Joaquim José da Silva Xavier, um dentista comum de Minas Gerais, a se tornar mais conhecido pela alcunha de Tiradentes, transformando-se em um importante herói nacional e mártir que veio a liderar o levante popular conhecido como "Inconfidência Mineira".
O que eu achei?
Joaquim (de Marcelo Gomes), tenta desmitificar um personagem já usado à exaustão tanto no cinema, série e até literatura, estamos falando de Joaquim José da Silva Xavier, se ainda não sabe de quem estamos falando, deve conhecer pela sua alcunha de Tiradentes, líder da inconfidência mineira e que foi decapitado por traição à Coroa portuguesa e também tem um feriado em seu nome.
Só que aqui a obra não quer saber do mito personificado pelo seu ideal e sim do homem antes do mito, do homem antes da idealização, essa é uma abordagem interessante. Apresentar um personagem ícone nacionalmente de uma forma bem humana e palpável, isso é um dos primeiros fatores que me atraíram a trama.
Filmes nacionais sempre tem um certo pré-conceito, duvidamos da nossa capacidade de fazer filmes dramáticos e investimos em comédias, porém em Joaquim somos apresentados à talentos ainda escondidos. O longa nos apresenta à um homem com expectativas de erguer, em uma vida decadente, um Brasil ainda jovem. Antes de ser Tiradentes, Joaquim é alguém como nós, querendo melhorar de vida mas sendo amputado pelo sistema da coroa portuguesa.
Os personagens são bem construídos, com destaque para a escrava “PRETINHA” e seu relacionamento com Joaquim assim como sua vida como escrava. Esse é um arco que tem um forte impacto principalmente em seu início e vai enfraquecendo ao decorrer da história. No meio do filme o ritmo diminui e se perde, principalmente durante a busca do ouro que esta entranhado na mata. A determinação do Joaquim se torna obsecada e até doentia e a narração cansativa, com repetição de momentos semelhantes. O que poderia ser resolvido facilmente com alguns cortes.
O diretor, às vezes, deixa a cena longa demais, trazendo um incômodo ao espectador. Essa técnica funciona bem em alguns takes, porém força a barra em outros e se não se repetisse tanto, algumas ações poderiam causar um impacto maior na tela. A câmera na mão é usada de forma exagerada, quase documental, que funciona bem na maior parte do filme mas em cenas com movimento um outro formato funcionaria melhor. Porém, vejo como uma nova abordagem e por isso não tirarei seus méritos por arriscar.
A construção do personagem de Joaquim para o ídolo Tiradentes é bem cadenciada, demora para nos apegar ao homem rústico e até cru que tem pensamentos infantis e determinações tolas. Cheguei a me questionar se era o mesmo homem que conhecemos. Essa estratégia de narrativa é interessante pela forma que cada um vê o personagem e como a mesma pessoa pode ter várias facetas.
As ideias de revolta nascem no final do filme, o que pode frustrar alguns. Achei prematuro, mesmo que a intenção não era mostrar o mito, até porque faltava muito para isso. O que podemos concluir é que Joaquim é apenas um cara rancoroso que está com raiva do sistema por não ter sua grande promoção de vida. Isso me deixou com um sentimento de que ainda poderia nos apresentar algo além.
O longa tem outras tramas que poderiam ser mais aprofundadas, tendo um desfecho simples, o que causou uma barriga no meio do filme.
Tentei ao máximo não comentar muito, por que acredito que a surpresa ajuda. A pergunta que você deve estar se fazendo é "vale apena assistir?" Digo com sinceridade que sim, para conhecer um outro tipo de cinema nacional. O filme possuí uma qualidade ímpar no quesito interpretação, direção e fotografia, mesmo que o seu desfecho traga um gosto amargo na boca vale assistir.
Joaquim estréia dia 20 de abril um dia antes do seu dia comemorativo.
Trailer:
Maisa!
ResponderExcluirfico tão feliz em ver que o cinema nacional está mudando para melhor.
Trazer a história de um ícone nacional, mostra o quanto a nossa história é rica e devemos mesmo assistir para conhecer o homem antes de ser o mártir.
E se as interpretações são boas, ainda melhor.
Boa Páscoa!
“A sabedoria começa na reflexão.” (Sócrates)
cheirinhos
Rudy
http://rudynalva-alegriadevivereamaroquebom.blogspot.com.br/
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Oi Maisa
ResponderExcluirMesmo que retratado de tantas formas e formatos conhecer mais sobre Tiradentes é sempre bom. Confesso que achei bem feio o poster do filme, ao meu ver deu um ar muito caseiro ao filme. Porém acho que sempre é valido assistir para termos nossa própria conclusão.
Beijos
O bom de filmes assim,é que mostram um pouco da história Nacional.
ResponderExcluirAcredito que "Tiradentes",sofreu uma das penalidades maiores ,por ter sido menos influente na época. E assim de tornou um símbolo da luta em que acreditava.
Bjs.