[Crítica] Ninguém Entra Ninguém Sai

Após fazer uma vaquinha entre amigos, Edu (Emiliano D'Ávila) consegue dinheiro suficiente para levar Suellen (Letícia Lima) ao Zeffiro's, um motel bastante conceituado e caro. Lá também estão a juíza Letícia (Danielle Winits) e seu assessor Acauã (Tatsu Carvalho), os adolescentes Caju (João Côrtes) e Bebel (Bella Piero), a virgem Margot (Mariana dos Santos) e o assaltante Alexandre (Rafael Infante), além de vários outros casais. Paralelamente, o funcionário do motel Donizete (Paulinho Serra) vai até um hospital e lá é diagnosticado com um vírus raro, que até então não existia no Brasil. Por causa disto, o motel é imediatamente colocado em quarentena, com seus funcionários e hóspedes sendo impedidos de deixar o local. Ao mesmo tempo em que temem que suas identidades sejam reveladas, eles precisam encontrar um meio de conviver em harmonia enquanto desfrutam dos prazeres do estabelecimento.
O que eu achei? 
Na comédia livremente (tão livre que não tem nada a ver) baseada na crônica ‘No Motel’ de Luiz Fernando Veríssimo, ‘Ninguém Entra Ninguém Sai’, somos apresentados a uma gama de personagens que, ao acaso, encontram-se num mesmo motel simultaneamente: o Zeffiro’s. Enquanto isso, um dos funcionários desse motel da entrada num hospital com suspeitas de portar o primeiro caso brasileiro de um vírus raríssimo. Sendo assim, o Zeffiro’s é posto em quarentena e torna-se notícia em escala nacional. Os casais precisarão, além de manter suas identidades em segredo, encontrar um jeito de conviverem harmonicamente, chegando até mesmo a formar uma pequena sociedade, com direito a representante das massas e tudo.

Da crônica de Veríssimo é aproveitada apenas a vontade dos personagens em manter suas identidades secretas. Até porque é um crônica, não há muito que tirar de poucos parágrafos e estender à uma hora e meia de filme logo teriam sido mais em conta não evidenciar a inspiração na obra. O número de subnúcleos ramificados da união de todos os personagens em prol da convivência na trama é exagerado, como se tentando tapar qualquer buraco de cena com algum personagem extra sem necessidade.

Não obstante, sua grande maioria é formada por estereótipos que carecem de acrescentar algo inovador em sua abordagem: o casal principal de suburbanos vividos por Letícia Lima e Emiliano D’Ávila, que só amarram a história e irritam um pouco; o gay afeminado interpretado por Leo Bahia, que não convence muito; a dominatrix vivida por Dani Winits — não muito mais do que a atuação padrão da atriz + micro roupas e um chicote — e Tatsu Carvalho como o dominado; Mariana Santos, mais conhecida por sua participação fixa no programa ‘Amor & Sexo’, como a virgem solteirona. São escolhas previsíveis.

A personagem mais engraçada de todo filme é Margot. Por mais que seja uma opção desgastada para uma trama que envolve sexo, sua personagem é hilária mesmo assim. Em contrapartida a personagem de Guta Stresser, a Bebel de ‘A Grande Família’. Cegamente devota a um culto bizarro, poderia ter sido muito interessante — se fosse um filme de terror. Embora seja renovador vê-la numa atuação completamente diferente ao que já estávamos habituados por mais de quinze anos, sua influência para a história em questão parece um recorte adicionado de última hora. Não se encaixa ao clima de pastelão do filme. Os demais estão ali só por estar, aparentando mais contratações alheias de outros filmes já produzidos, como o Coronel Padilha, vivido por André Mattos, que aparentemente ficou preso no mesmo papel desde ‘Copa de Elite’, imitando o jornalista Wagner Montes infinitamente.

É um filme legal? Sim, engraçado até; se você ignorar a quantia mínima do que ele tem a oferecer de refrescante ao cenário humorístico brasileiro e pela piadas óbvias que você entra no cinema imaginando que não serão usadas porque até mesmo você, que não é roteirista ou algo do tipo, saberia que são escolhas preguiçosa e fracas, mas que usam assim mesmo. 

Trailer:
Postado por Julio Gabriel

4 comentários:

  1. Oi Julio,
    A ideia do filme é muito boa, uma pena que os roteiristas sempre caem nas mesmas piadas. Fica tão sem graça e difícil de assistir comédias assim.
    Beijos

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  2. Que pena que o filme não seja tão bom assim.
    Eu curto muito filmes de comédia.
    Mas é difícil encontrar algum filme Nacional que acerte o tom.
    Em geral são tão exagerados e forçados,que perdem toda a graça.

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  3. Julio!
    Não assisti ainda, embora gosto do elenco, mas com piadas rasas e sem muita motivação, mesmo que o filme seja engraçado, sei não se quero assistir.
    Bom feriado!
    “A sabedoria é a única riqueza que os tiranos não podem expropriar.” (Khalil Gibran)
    cheirinhos
    Rudy

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  4. Olá Julio!
    Não tenho interesse em ver, mas muito do que eu imaginava visualizei na sua resenha. Parabéns pelo ótimo texto!

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