[Resenha] A Viúva Negra
Gabriel Allon está prestes a se tornar o chefe do serviço de inteligência secreto de Israel. Mas na véspera da sua promoção, eventos conspiram para atraí-lo para o campo para uma operação final. ISIS detonou uma bomba no bairro de Marais, em Paris, e o governo francês está desesperado. Gabriel precisa eliminar o homem responsável, antes que ele ataque novamente.
O que eu achei?
Preciso começar dizendo que teria empurrado bastante com a barriga pra ler esse livro se não tivesse sido enviado pela editora para ser resenhado. Um tempo atrás tentei ler Retrato de uma espiã, livro nove dessa mesma série, e não consegui ir até o fim. Foi uma leitura difícil e que o tempo todo me causava a sensação de não estar completamente inteirado nos acontecimentos, tal qual acabei abandonando-o pela metade. Nesse caso consegui finalizar a leitura — até porque nem eu ou você leitor estaríamos aqui neste momento se eu não tivesse terminado a leitura, pois profissionalismo porfa — porém ainda assim fui uma leitura extenuante.
A viúva negra é o décimo sexto livro da série protagonizada pelo lendário (palavras do próprio autor, não minhas) espião Gabriel Allon, ou seja, água a dar com pau já passou por esse rio e, de certa forma, esse é um problema que perdurou desde a leitura anterior. Em ambas as situações, senti como se os personagens fizessem parte de um clubinho cujo rito de passagem ainda não me foi aplicado. As interações entre eles tinham sentidos efêmeros, dado o pouco que eu sabia sobre seus antecedentes passados. E isso serve para qualquer série que se autointitula “livre”. Mesmo que as história não possuam conexões diretas entre si, perde-se muito do desenvolvimento dos personagens e assim a leitura não ganha tanta fartura quanto poderia.
O título “A viúva negra” refere-se ao nome dado às ex-mulheres de combatentes do ISIS mortos em atentados, seja por ser um homem-bomba ou guerrilheiros comuns. Desse modo, essas mulheres unem-se ao califado a procura de vingança contra o ocidente por suas perdas. Enquanto Gabriel é o protagonista da série como um todo, especificamente neste livro temos o compartilhamento do foco com a Dr. Natalie Mizrahi. A pedido do espião, a médica judia de descendência argelina que foi criada na França se passará por uma viúva para infiltrar-se no âmago da célula extremista e aproximar-se da figura temida e emblemática de Saladin, a estimada e jamais antes vista em pessoa cabeça do Estado Islâmico.
O ponto alto do livro é o treinamento que Natalie passa para entrar no califado. São semanas de intensa programação mental até que ela se torne Leila Hadawi, aparentemente apenas mais uma viúva negra no meio de tantas, porém destaca-se por sua experiência médica. Ao longo do processo, sua mente é moldada a pensar como Leila o tempo para tornar seu disfarce impecável. Existem até mesmo momentos em que a narrativa se confunde entre as duas personalidades e os pensamentos de Natalie e Leila convergem. A primeira tende a entrar em pânico ao presenciar cenas de massacre contra seu próprio povo, enquanto a segunda é preenchida pela sensação de dever cumprido pela morte dos inimigos dos Islã.
É extremamente paradoxal que a escrita do Daniel Silva seja bastante fluida, uma linguagem bem acessível para um romance de espionagem, e ao mesmo tempo muito cansativa. Ele narra e recheia seu texto muito bem, mas tende a cair na didática mais vezes que o necessário. É um fluxo de informações desenfreado que me deixou confuso durante a leitura, precisei voltar páginas várias vezes para ter certeza do que li. Entendo completamente a necessidade de embasar o leitor sobre o ISIS (Estado Islâmico do Iraque e da Síria), algo que ele faz muito bem até certo ponto, contudo torna a leitura maçante, difícil de permanecer compenetrado por muito tempo.
A viúva negra é o décimo sexto livro da série protagonizada pelo lendário (palavras do próprio autor, não minhas) espião Gabriel Allon, ou seja, água a dar com pau já passou por esse rio e, de certa forma, esse é um problema que perdurou desde a leitura anterior. Em ambas as situações, senti como se os personagens fizessem parte de um clubinho cujo rito de passagem ainda não me foi aplicado. As interações entre eles tinham sentidos efêmeros, dado o pouco que eu sabia sobre seus antecedentes passados. E isso serve para qualquer série que se autointitula “livre”. Mesmo que as história não possuam conexões diretas entre si, perde-se muito do desenvolvimento dos personagens e assim a leitura não ganha tanta fartura quanto poderia.
O título “A viúva negra” refere-se ao nome dado às ex-mulheres de combatentes do ISIS mortos em atentados, seja por ser um homem-bomba ou guerrilheiros comuns. Desse modo, essas mulheres unem-se ao califado a procura de vingança contra o ocidente por suas perdas. Enquanto Gabriel é o protagonista da série como um todo, especificamente neste livro temos o compartilhamento do foco com a Dr. Natalie Mizrahi. A pedido do espião, a médica judia de descendência argelina que foi criada na França se passará por uma viúva para infiltrar-se no âmago da célula extremista e aproximar-se da figura temida e emblemática de Saladin, a estimada e jamais antes vista em pessoa cabeça do Estado Islâmico.
O ponto alto do livro é o treinamento que Natalie passa para entrar no califado. São semanas de intensa programação mental até que ela se torne Leila Hadawi, aparentemente apenas mais uma viúva negra no meio de tantas, porém destaca-se por sua experiência médica. Ao longo do processo, sua mente é moldada a pensar como Leila o tempo para tornar seu disfarce impecável. Existem até mesmo momentos em que a narrativa se confunde entre as duas personalidades e os pensamentos de Natalie e Leila convergem. A primeira tende a entrar em pânico ao presenciar cenas de massacre contra seu próprio povo, enquanto a segunda é preenchida pela sensação de dever cumprido pela morte dos inimigos dos Islã.
É extremamente paradoxal que a escrita do Daniel Silva seja bastante fluida, uma linguagem bem acessível para um romance de espionagem, e ao mesmo tempo muito cansativa. Ele narra e recheia seu texto muito bem, mas tende a cair na didática mais vezes que o necessário. É um fluxo de informações desenfreado que me deixou confuso durante a leitura, precisei voltar páginas várias vezes para ter certeza do que li. Entendo completamente a necessidade de embasar o leitor sobre o ISIS (Estado Islâmico do Iraque e da Síria), algo que ele faz muito bem até certo ponto, contudo torna a leitura maçante, difícil de permanecer compenetrado por muito tempo.
O final intrigante me deixou na vontade de ler os demais livros, talvez agora numa ordem correta para captar as nuances dos personagens mais profundamente. Principalmente pelo fato de que Gabriel Allon aqui encontra-se já muito envelhecido e completamente diferente do pouco que li de Retrato de uma espiã. Contudo ainda permanece uma grande dúvida se Daniel Silva é autor para mim. Quem sabe talvez no futuro, quando meu gosto literário amadurecer mais um pouco, eu pegue algum outro livro e adore, mas por enquanto deixarei em espera.
Oi Julio!
ResponderExcluirPoxa! É uma pena você ter tido toda essa dificuldade com essa história. Achei a sinopse bastante interessante apesar de serem 16 livros. O que também me desanimou.
Oi Julio,
ResponderExcluirTambém sinto que mesmo em série independentes precisamos ler todos e na ordem (acho que vai se tendo apego e feição pelos personagens ao longo da trajetória deles.). O tema é bem interessante, uma pena que o livro foi cansativo.
Beijos