[Crítica] Invisível
Ely tem 17 anos e mora no bairro da Boca em Buenos Aires. Ela cursa o último ano do ensino médio e trabalha num pet shop para completar a renda familiar. Ao descobrir que está grávida do Raúl, dono do Pet Shop, seu mundo interno colapsa. Enquanto tenta manter sua rotina diária como se nada tivesse acontecido ela é tomada pelo medo e angústia. A sociedade que a pressiona e o estado de saúde frágil da sua mãe a isolam e a obrigam a amadurecer precocemente. Tomar a decisão que mudará sua vida para sempre lhe permitirá ter um novo começo.
O que eu achei?
O
que achei? Depois de tantos filmes de heróis, ação, comédia e ficção
científica, esse filme veio quebrar a sequência de diversão que eu vinha tendo
nos, pelo menos, últimos vinte filmes assistidos, mudando o foco para um tema
discutível e bem real no nosso mundo. Gosto de assistir filmes de drama, mas já
fazia um tempo que o gênero ficava de fora da minha lista. Gosto desse tipo de
filme, pois me faz refletir sobre certas coisas, como no caso desse longa, o
aborto.
“Invisível” conta a história de uma jovem de 17 anos, Ely,
que mora num bairro pobre da Argentina com sua mãe, que tem problemas de saúde
e está sempre deprimida, sem ter vontade de sair de casa. Ely tenta se virar
sozinha na vida, estudando e trabalhando. A jovem trabalha em um pet shop junto
com Raúl e Antônio. Ela tem relações sexuais com Raúl, que apesar de ser casado
e ter um filho, se encontra com a jovem para apenas ter relações em seu carro.
Num determinado dia, Ely vai ao médico e descobre estar grávida. A partir daí
sua vida começa a mudar completamente. Decidida a não ter o bebê, Ely pesquisa
junto com uma amiga como é possível abortar em um país onde o aborto é
proibido. Já prestes a se formar, ela parece se desinteressar pelos estudos e
se mostra incomodada nas atividades do dia a dia, como ouvir o choro de um bebê
no ônibus ou ir para uma boate se divertir.
A grande questão do filme é: o aborto não poderia ser legal
para este caso? O que a mulher deve fazer neste caso? (Obs: na
Argentina o aborto é ilegal, mas existem exceções: se a saúde
da mulher está em risco devido à gravidez e se a gravidez foi resultado de
estupro.) Vale lembrar que um dos objetivos do preservativo é o de evitar
gravidez indesejada e, no filme, Ely comenta com Raúl que nem todas as vezes
eles se preveniram. Sendo assim, eles cometeram um erro. Enfim, sei que é uma
questão complicada e começar a escrever sobre isso aqui transformaria a crítica
do filme em um longo texto dissertativo-argumentativo. Então, seguiremos
adiante com a análise cinematográfica.
O filme tem algumas cenas com a câmera se movimentando demais
e outras cenas muito paradas, mas tirando esses detalhes achei o filme muito
bem produzido. Acho que mais prêmios podem vir em breve para o diretor Pablo
Giorgelli, que ganhou o prêmio “Caméra d’Or” (para melhor diretor estreante) no
Festival de Cannes, com seu primeiro longa-metragem “Las Acácias”. “Invisível”
(título original: “Invisible”) é seu segundo longa e espero que ele não pare
por aí. A atriz principal teve uma atuação perfeita! Mora Arenillas conseguiu
demonstrar, não só através das falas, mas também das expressões faciais e
corporais, todo o sofrimento de Ely. Parte do crédito de “Invisível” ter sido
um bom filme é por causa dela.
O filme me surpreendeu bastante, pois não esperava uma
qualidade tão boa de um filme latino. (Obs: o filme é uma coprodução entre
Argentina, Brasil e outros países.) Infelizmente ainda tenho um certo
“preconceito” com filmes brasileiros e filmes estrangeiros não-hollywoodianos,
mas reconheço a grande evolução que o cinema latino vem tendo nos últimos anos.
E o final do filme também me surpreendeu, pois pensei que fosse terminar de um
jeito, mas terminou de um modo bem interessante. Só assistindo pra saber
“Invisível” foi exibido em dois festivais: na 74ª edição da Mostra
Internazionale d’Arte Cinematografica de Veneza e na 19ª edição do Festival do
Rio. Nos cinemas aqui no Brasil, estreia dia 9 de novembro. No Rio de Janeiro,
o filme será exibido no Espaço Itaú de Cinema Botafogo, mesmo local onde foi a
sessão de imprensa e que eu particularmente adoro! Para mais informações de
locais de exibição em outros estados e mais informações sobre o filme, basta
entrar no site da distribuidora “Vitrine Filmes”.
Escrito por Victor Monteiro
Também tenho esse preconceito, viu? Acho difícil encontrar filmes brasileiros e estrangeiros não-hollywoodianos com a qualidade que espero. Quase sempre me decepciono, ou pelo filme deixar a desejar com cenas e efeitos toscos ou pela falta de acontecimentos que nos prendem na trama. Porém, pela sua crítica, parece ser bastante válido assistir, ainda mais por esse tema tão polêmico e delicado.
ResponderExcluirAssim como você tenho um certo gosto por filmes de drama e, ao ler a crítica, percebi que esse é com certeza um filme que eu assistiria, inclusive, pretendo assistir na primeira oportunidade. Fiquei bem curiosa pela abordagem e, muito também pelo final, gosto de me surpreender. :D
ResponderExcluirOlá! Eu tinha esse preconceito, estou tentando exorcizá-lo, ainda mais que o cinema em si vem demonstrando que isso é muito possível, a premissa do filme chamou muito minha atenção, o tema é forte e polêmico, e eu como curiosa declarada, fiquei claro, curiosa para descobrir o desfecho da história. Adoro um drama para me fazer refletir e limpar os canais lacrimais. (risos)
ResponderExcluirOi Victor.
ResponderExcluirTambém tenho esse preconceito com filmes brasileiros. Mas é mais porque não gosto muito do senso de humor e dos filmes de comédia produzidos aqui. Se fosse de outra temática não teria problema em assistir.
Invisível parece ser um filme bem interessante. Espero ter a oportunidade de ver. A premissa é bem atual e é muito importante discuti-lo na sociedade.
Adoro finais inesperados!
Bjs