[Resenha] Crônicas do Mundo Emerso - O Talismã Do Poder

             
Sinopse:
Enquanto o exército das Terras ainda livres do poder do Tirano é aniquilado pelo avanço das tropas inimigas e pelas assustadoras unidades formadas por fantasmas, Nihal, semi-elfo do Mundo Emerso, viaja e companhia do mago Senar para cumprir uma missão desesperada: recuperar as oito pedras de um talismã cujo poder infinito pôr finalmente termo à guerra. Cada uma das oito Terras do Mundo Emerso guarda um santuário perdido uma das pedras dedicadas aos Espíritos da natureza: Água, Luz, Mar, Tempo, Fogo, Terra, Escuridão e Ar. Se Nihal conseguir encontrar os oitos santuários e juntar as pedras do talismã poderá reunir as forças de todos as fore tornar nula qualquer outra forma de magia, inclusive as terríveis armas do Tirano.
                 O que eu achei?
Em "O Talismã do Poder", terceiro e último livro da trilogia Crônicas do Mundo Emerso, Nihal assume seu destino e segue, junto de Senar e Laio, atrás das pedras mágicas para o talismã em cada uma das Terras do Mundo Emerso, que a ajudarão na luta contra o Tirano. Serão as forças da natureza e os deuses de seus antepassados que irão unir suas forças para auxilia-la no confronto final.
A guerra avança impetuosa, e as Terras Livres estão perdendo espaço e homens numa velocidade assustadora. A esperança morre aos poucos, ao passo que o Tirano parece se tornar cada vez mais poderoso e ardiloso. Sua frente de batalha conta com os seres mais cruéis, guerreiros implacáveis e muita magia proibida, tornando-os máquinas de destruição.
Se em "A Missão de Senar" a história tornou-se mais tensa, neste livro o nível chegou ao máximo de tensão emocional. A escrita mostra um amadurecimento impressionante se comparado ao volumes anteriores, e as questões abordadas se aprofundam de maneira quase dolorosa nos personagens e em suas trajetórias.
Nihal está mais dona de si, mais forte e determinada, mesmo que ainda esteja em busca de seu destino, da verdade de sua vida. Senar está mais maduro, mais poderoso. Laio, apesar de continuar sendo a pureza em pessoa, se mostra muito mais valente. Todos, de alguma forma, amadureceram neste livro.
A trajetória de Nihal é árdua, perigosa e requer um esforço descomunal de todos. Ela irá de deparar com descobertas assustadoras, onde o passado irá se revelar muito mais sombrio do que ela pensava conhecer, e o futuro, cheio de incertezas e sofrimentos, onde tudo isso testará a determinação de Nihal e colocará a prova sua verdadeira motivação de vida naquela guerra. Cada pedra mágica se encontra em um santuário de uma das oito Terras; em cada santuário, há um guardião; cada guardião irá ensinar a Nihal algo que será de extrema importância na sua caminhada até o confronto com o Tirano. E sim, ela ficará cara-a-cara com o Tirano, e esse encontro será um dos momentos mais tensos de toda a a trilogia, revelando verdades assombrosas.
Além disso, a história traz uma carga emocional muito mais desenvolvida, onde laços afetivos se tornam mais fortes do que nunca. Couraças emocionais irão se despedaçar, conceitos irão se desfazer e darão lugar a novas visões. Talvez a guerra não seja a resposta. Talvez a matança não seja mais tão desejada.
Questões existênciais são levantadas, e nos faz pensar, junto da protagonista, onde que o verdadeiro mal habita. Uma frase que me chamou muito a atenção durante a leitura dizia algo do tipo "será que é possível existir maldade sem ódio?". Essa simples frase resume de forma única questões importantíssimas que serão descobertas por Nihal, Senar e Laio pelos santuários, e outros lugares... Nihal finalmente irá se deparar com a dolorosa verdade do passado de seu povo, os semi-elfo.
A fantasia criada nessa trilogia foi uma das mais agradáveis que já li. Sem muitas explosões coloridas, aquele sem fim de palavras estranhas que evocam feitiços e toda sorte de magia. Muito pelo contrário, a magia nascia simples, e nada cobrava a quem estivesse em comunhão com a natureza, pois, nesse mundo, dela (a natureza) que surgia a força mágica.
Sem dúvida, essa trilogia - que surgiu para mim do nada, sem que eu jamais tivesse ouvido falar - foi uma surpresa imensa, e jamais me senti conectar de maneira tão intensa com a literatura fantástica quanto me senti com esse livro. Uma história onde as escolhas são importantes não somente para a sua vida, mas para a vida de todo um povo; uma trajetória de auto-descoberta; a luta pela justiça e pela paz, mesmo que momentânea. Enfim, uma trilogia que vai além da fantasia pura, com magias excessivas e lutas intermináveis, onde parcerias improváveis acontecem, perdas de partir o coração são inevitáveis, e que é capaz de mexer com os sentimentos do leitor do início ao fim.
Uma leitura rica, tensa e completamente fascinante.

            

2 comentários:

  1. Olás!
    Tenho acompanhado o material de vocês mas só hoje resolvi escrever porque esta trilogia muito me interessa, pelo fato de ter me dado a sensação de que a história e as tensões se perderam no caminho. Claro que fiquei fissurada e não largava cada página, a relação entre Nihal e Senar é cativante e a gente torce por eles, mas parece que o desenvolvimento da história mudou do primeiro livro para este. Já no segundo livro, "A missão de Senar" a coisa parecia caminhar para outra direção também, porém, a chegada de novos personagens - a pirata que agora não recordo o nome era maravilhosa!, levam a história. Mas ainda assim pareceu-me que tudo caminhava para a relação entre Nihal e Senar.
    O que achei admirável e diferente nesta trilogia foi a formação dos personagens principais: geralmente o homem é o guerreiro e a mulher a feiticeira; aqui não: Nihal se mostra valente desde o início e luta bravbamente para atingir seus objetivos. E Senar é aplicado nas suas tarefas e desmistifica aquela questão de que o herói de uma trama precisa ser aquele que está a feente de batalha com armas em punho.
    Essa história gerou mais duas trilogias: Guerras do Mundo Emerso, mais alinhada e bastante empolgante, apesar de ser triste quando nos apresenta o destino de alguns personagens; e Lendas do Mundo Emerso - que ainda não li.

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    1. Primeiro, mil perdões pela demora. Por um acaso eu vi seu comentário e estava marcado como Spam. Mas aqui vamos nós.
      Eu realmente gostei muito dessa trilogia e concordo com o que você disse: alguns focos se embaralharam demais nos livros e atrapalhou um pouco. Mas a história e a formação das personagens são tão ricas e cativantes que eu consegui superar isso de boas rss
      E o fato desse livro quebrar esse conceito de Homem Herói Lutador/Mulher Feiticeira Auxiliar foi um dos pontos que eu mais gostei, admirei e aplaudi nessa história! Ainda mais por Nihal ser uma protagonista tão confusa, problemática e cheia de falhas. Nada de heroísmos perfeitos e tudo muito bem ensaiado. Achei isso fantastico.
      E fiquei sabendo das outras trilogias e me interessei muito por elas, mas li muuuitas coisas negativas sobre Lendas do Mundo Emerso.
      Enfim, desculpa mais uma vez por essa demora imeeensa e muito obrigado pelo comentário!
      Até mais

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