[Crítica] Os Iniciados
Sinopse:Cabo Oriental, África do Sul. Xolani, um operário solitário, se ausenta do trabalho e viaja para as montanhas rurais com os homens de sua comunidade, com intuito de ajudar nos rituais de Xhosa, que consiste na circuncisão de um grupo de adolescentes para que eles ingressem finalmente na vida adulta. Porém, quando um iniciante questionador descobre seu segredo mais bem guardado, um amor proibido, toda a existência do homem começa a ser revelada.
Já fui ver esse filme sabendo que era um filme sobre as tradições sul-africanas, tendo em mente que a chance de não despertar meu interesse era alta. Mas como gosto de histórias de amadurecimento, conhecidas como ´´coming-of-age´´ , dei uma chance. A história se passa numa comunidade rural no interior da África do Sul, longe de Joanesburgo e gira ao redor de um ritual de passagem que aos olhos da maioria dos estrangeiros possa parecer bárbaro mas temos que levar em conta que é a cultura deles.Mas é um filme que aborda assuntos delicados como masculinidade, sexualidade e comunidade que irá tocar a todos, independentemente de etnia, nacionalidade ou crença.
A narrativa se passa na comunidade Xhosa (a língua em que o filme é falado, que não é nem um pouco parecido com o inglês) e se passa durante o período de Ukwaluka, um rito de passagem anual para garotos adolescentes passarem para a idade adulta. Nesse adulto, os garotos são levados para as montanhas onde o ancião da tribo os circuncida e cada um deles tem que gritar ´´Sou um homem!´´ enquanto ele faz o procedimento.Nas próximas semanas eles jejuam enquanto aprendem noções da vida adulta e suas feridas cicatrizam (daí vem o título em inglês, The wound, que significa a ferida). Uma curiosidade: esse ritual era mantido em segredo mas depois que foi mencionado por Nelson Mandela em sua autobiografia, se tornou um tópico controverso na sociedade sul-africana.
Xolani ( interpretado por Nakhane Toure) passou pelo ritual quando era adolescente e agora com 30 e poucos anos trabalha em um armazém em Joanesburgo mas volta à sua comunidade natal todo ano para trabalhar como um dos orientadores aos garotos. Ele tinha apenas a intenção de ajudar no início mas depois passa a ter como objetivo reestabelecer a relação sexual que tinha com seu amigo de infância, Vija (Bongile Mantsai) que também trabalha como orientador. Apesar de Xolani sonhar em fugir com seu amante, Vija é casado e um pai de família e posa de machão e não partilha do mesmo desejo. Fica claro que Vija enxerga a relação deles como uma maneira de satisfação sexual apenas.
O chefe de Xolani esse ano é Kwanda (Niza Jay Ncoyini) um jovem que vive em Joanesburgo e que foi levado até lá por seu pai, um líder tribal que considera o filho fraco demais. Ele se destaca dos demais adolescentes por ser mais sofisticado-tem uma cena em que ele fala que tem um iPhone e os outros começam a debochar dele, chamando-o de riquinho- Kwanda começa a alienar os outros questionando tudo com sua atitude arrogante e contestações de por quê o Ukwaluka existe. Não demora muito tempo para que Xolani perceba que Kwanda é gay. O mais intrigante é que ele não apenas descobre isso e sim que Kwanda adivinha a verdadeira natureza de sua relação com Vija. Logo logo, a tensão aumenta, chantagens são feitas e a pressão aumenta conforme a verdade vem à tona e Kwanda não perceber a gravidade da enrascada em que se meteu.
À primeira vista, Os iniciados pode parecer bem visceral e grotesco da maioria dos espectadores-e é realmente, como a maioria dos costumes africanos, tendo um ponto de vista estrangeiro como base, especialmente por causa da cena de circuncisão em massa logo no início. Conforme o filme avança, começa a foca em questões mais profundas como a vergonha que uma pessoa sente ao esconder uma grande mentira em sua vida e a raiva que essas pessoas tem ao ver pessoas que se mantiveram fiéis a si mesmas. O roteiro foi escrito pelo estreante John Trengrove tem alguns momentos bem dramáticos como, por exemplo, a hora em que Kwanda fala para Xolani: ´´Você quer que eu revele a verdade e ser um homem mas não pode fazer isso você mesmo ´´ mas durante a maior parte do tempo nos dá uma perspectiva interessante de como funciona o ritual. É um filme que não apresenta soluções para os problemas que apresenta mas tenta mostrar que os tempos mudaram,incluindo a definição de masculinidade. Um pouco monótono mas sempre bom para conhecer culturas estrangeiras.
Trailer:
Me interessei muito assistindo o trailer, mas pela sua crítica, o filme não tem nada "de mais", como eu estava esperando. Mesmo assim, vou assistir! Gosto de conhecer as tradições africanas!
ResponderExcluirClara!
ResponderExcluirGosto de poder conhecer um pouco de outras culturas, mesmo que sejam totalmente diferentes da nossa e possam pareces dolorosas e grotescas.
Acredito que seja um filme instrutivo, embora saiba que se assistir, ficarei chocada.
Desejo um ótimo final de semana!
“Meta para o Ano Novo? Ser feliz!” (Desconhecido)
cheirinhos
Rudy
1º TOP COMENTARISTA do ano 3 livros + Kit de papelaria, 3 ganhadores, participem!