[Crítica] O Babadook
ATENÇÃO: ESTA CRÍTICA CONTÉM SPOILER
Sinopse: Seis anos já se passaram desde a morte de seu marido, mas Amelia (Essie Davis) ainda não superou a trágica perda. Ela tem um filho pequeno, o rebelde Samuel (Noah Wiseman), e tem dificuldades para amá-lo. O garoto sonha diariamente com um monstro terrível e ao encontrar um livro chamado "The Babadok" reconhece imediatamente seu pesadelo. Certo de que Babadok deseja matá-lo, o menino começa a agir irracionalmente, para desespero de Amélia.
O que eu achei?
O Babadook é um thriller psicológico que pende bastante para o terro, mas de uma forma muito mais complexa do que o gênero terror normalmente usa hoje em dia. Dirigido e escrito pela australiana Jennifer Kent, recebendo diversas indicações a grandes prêmios e vencendo tantos outros. O filme é baseado em um curta chamado “Monster”, também de Jennifer Kent.
A história gira em torno de Amelia e seu filho de seis anos, Samuel, após ele encontrar um livro chamado “O Babadook” e pedir para sua mão lê-lo para ele antes de dormir. A partir daí, o menino que já tinha o comum hábito de temer algo escondido em seu guarda-roupas ou por debaixo da cama, passa a se sentir mais aterrorizado ainda quando coisas inexplicáveis começam acontecer, segundo ele, pela mão do Babadook.
Amelia perdeu seu marido no dia que deu a luz ao seu filho, e desde então – quase sete anos depois – ainda não superou a perda. E não somente isso, seu relacionamento com o filho é extremamente distante e pouco emotivo. A conexão dos dois é quase nula, e o comportamento é como de um automato entediado. E é aí que o filme se aprofunda.
A casa mórbida e silenciosa, o filho que deseja atenção e carinho da mãe a todo o tempo e uma mulher afundando na tristeza são um prato cheio para criar um drama comum, mas aqui isso toma rumos completamente diferentes. Apesar de ser terror, o filme não explora o susto repentino, sons altos e monstros deformados surgindo do nada, mas nos entrega uma história de crescente angústia e inquietação, explorando o esgotamento emocional que essa “assombração”, ou seja lá o que for, causa em Sam e Amelia.
Agora, porque esse filme é tão incomum e longe do terror de sustos e monstros e demônios? Bem, simplesmente porque o filme é uma grande alegoria sombria para um tempo extremamente taboo, ignorado por muitos, mas vivido por várias mulheres: a depressão pós-parto (acredito que seja essa em específico pois a conexão mãe e filho é muito explorada, ainda mais com os acontecimentos envolvendo a família). Amelia perdeu seu marido num acidente de carro a caminho do hospital para dar a luz a seu filho, fazendo com que a morte do seu amado coincidisse com o nascimento do filho dele, que se tornaria uma lembrança constante da ausência, da morte, da tragédia. Durante o filme, a exaustão emocional e mental de Amelia se torna mais e mais profunda, e pequenos detalhes – que seriam como os sintomas da depressão pós-parto, mas de forma mais sombria e acentuada – são criadas pela força do monstro que surge da escuridão, o Babadook.
Babadook se torna então, a personificação da doença, a sombra que cerca e espreita durante o dia, e que a noite se fortalece e assombra, corrói. Em uma das partes do livro lido no filme, lê-se “se me encontrar no quarto à noite, você não irá dormir nada”, fazendo essa ligação entre o monstro e os efeitos da depressão.
O desgaste vai derrubando e drenando as forças de Sam e Amelia, principalmente, pois ela vê e sente que há algo acontecendo que há algo de errado na casa, mas é incapaz de entender ou acreditar, seja em Babadook, ou para nós, de forma mais simples, na depressão. Há uma grande dificuldade em determinar o que é real e o que é ilusão, às vezes até parece que tudo está sendo ocasionado por Sam – e isso é sentido tanto dentro do filme quanto por quem assiste ao filme (pelo menos eu fiquei assim).
O filme segue num destroçar emocional assustador, onde a mãe se vê cada vez mais perturbada e entregue aos efeitos opressores de Babadook, cada vez mais amedrontada e descontrolada, mas é quando vê seu filho em risco pelas mãos do monstro que sua visão clareia e sua força retorna, e por ele, ela se fortalece e o enfrenta, expulsando a presença sombria de dentro de sua casa – ou seria de dentro de si? - aos gritos.
Mas assim como ele não surgiu do nada – visto que ele sempre esteve lá, mas apenas surgiu como forma após ganhar um nome -, ele não sumiu de vez. O porão da casa, que era tido como um lugar proibido por guardar todas as posses do marido de Amelia, tornou-se a casa de Babadook, onde ele fica trancado a sete-chaves, e onde ele é alimentado pela própria Amelia.
Uma das frases do livro diz “Seja em uma palavra ou num olhar, você não poderá se livrar do Babadook”, que se torna explícito no final desse filme: é preciso aprender a conviver com Babadook, é preciso aprender a lidar com ele, e não se deixar vencer. A boa notícia é que mãe e filho começam a se aproximar muito mais, e Amelia se livra dos medos e traumas, e sorri. Finalmente.
Caso vocês queiram assistir, pois devem, o filme se encontra no catálogo da Netflix, e basta clicar Aqui para ir direto a ele.
O Babadook é um thriller psicológico que pende bastante para o terro, mas de uma forma muito mais complexa do que o gênero terror normalmente usa hoje em dia. Dirigido e escrito pela australiana Jennifer Kent, recebendo diversas indicações a grandes prêmios e vencendo tantos outros. O filme é baseado em um curta chamado “Monster”, também de Jennifer Kent.
A história gira em torno de Amelia e seu filho de seis anos, Samuel, após ele encontrar um livro chamado “O Babadook” e pedir para sua mão lê-lo para ele antes de dormir. A partir daí, o menino que já tinha o comum hábito de temer algo escondido em seu guarda-roupas ou por debaixo da cama, passa a se sentir mais aterrorizado ainda quando coisas inexplicáveis começam acontecer, segundo ele, pela mão do Babadook.
Amelia perdeu seu marido no dia que deu a luz ao seu filho, e desde então – quase sete anos depois – ainda não superou a perda. E não somente isso, seu relacionamento com o filho é extremamente distante e pouco emotivo. A conexão dos dois é quase nula, e o comportamento é como de um automato entediado. E é aí que o filme se aprofunda.
A casa mórbida e silenciosa, o filho que deseja atenção e carinho da mãe a todo o tempo e uma mulher afundando na tristeza são um prato cheio para criar um drama comum, mas aqui isso toma rumos completamente diferentes. Apesar de ser terror, o filme não explora o susto repentino, sons altos e monstros deformados surgindo do nada, mas nos entrega uma história de crescente angústia e inquietação, explorando o esgotamento emocional que essa “assombração”, ou seja lá o que for, causa em Sam e Amelia.
Agora, porque esse filme é tão incomum e longe do terror de sustos e monstros e demônios? Bem, simplesmente porque o filme é uma grande alegoria sombria para um tempo extremamente taboo, ignorado por muitos, mas vivido por várias mulheres: a depressão pós-parto (acredito que seja essa em específico pois a conexão mãe e filho é muito explorada, ainda mais com os acontecimentos envolvendo a família). Amelia perdeu seu marido num acidente de carro a caminho do hospital para dar a luz a seu filho, fazendo com que a morte do seu amado coincidisse com o nascimento do filho dele, que se tornaria uma lembrança constante da ausência, da morte, da tragédia. Durante o filme, a exaustão emocional e mental de Amelia se torna mais e mais profunda, e pequenos detalhes – que seriam como os sintomas da depressão pós-parto, mas de forma mais sombria e acentuada – são criadas pela força do monstro que surge da escuridão, o Babadook.
Babadook se torna então, a personificação da doença, a sombra que cerca e espreita durante o dia, e que a noite se fortalece e assombra, corrói. Em uma das partes do livro lido no filme, lê-se “se me encontrar no quarto à noite, você não irá dormir nada”, fazendo essa ligação entre o monstro e os efeitos da depressão.
O desgaste vai derrubando e drenando as forças de Sam e Amelia, principalmente, pois ela vê e sente que há algo acontecendo que há algo de errado na casa, mas é incapaz de entender ou acreditar, seja em Babadook, ou para nós, de forma mais simples, na depressão. Há uma grande dificuldade em determinar o que é real e o que é ilusão, às vezes até parece que tudo está sendo ocasionado por Sam – e isso é sentido tanto dentro do filme quanto por quem assiste ao filme (pelo menos eu fiquei assim).
O filme segue num destroçar emocional assustador, onde a mãe se vê cada vez mais perturbada e entregue aos efeitos opressores de Babadook, cada vez mais amedrontada e descontrolada, mas é quando vê seu filho em risco pelas mãos do monstro que sua visão clareia e sua força retorna, e por ele, ela se fortalece e o enfrenta, expulsando a presença sombria de dentro de sua casa – ou seria de dentro de si? - aos gritos.
Mas assim como ele não surgiu do nada – visto que ele sempre esteve lá, mas apenas surgiu como forma após ganhar um nome -, ele não sumiu de vez. O porão da casa, que era tido como um lugar proibido por guardar todas as posses do marido de Amelia, tornou-se a casa de Babadook, onde ele fica trancado a sete-chaves, e onde ele é alimentado pela própria Amelia.
Uma das frases do livro diz “Seja em uma palavra ou num olhar, você não poderá se livrar do Babadook”, que se torna explícito no final desse filme: é preciso aprender a conviver com Babadook, é preciso aprender a lidar com ele, e não se deixar vencer. A boa notícia é que mãe e filho começam a se aproximar muito mais, e Amelia se livra dos medos e traumas, e sorri. Finalmente.
Caso vocês queiram assistir, pois devem, o filme se encontra no catálogo da Netflix, e basta clicar Aqui para ir direto a ele.
The Babadook (2014) - Trailer 2 HD Legendado
P.S.: uma informação interessante que encontrei durante a pesquisa sobre filme: Babadook é um anagrama para “A Bad Book”, que significa “Um livro ruim”.
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