[News] Os 20 anos de "The Miseducation Of Lauryn Hill"


Hoje “The Miseducation Of Lauryn Hill”, o percursor do estilo neo soul completa 20 anos desde seu lançamento. E é claro que não poderíamos deixar passar em branco.

Lauryn Hill fez parte do trio The Fugees, juntamente com Wycleff Jean e Pras Michel entre os anos 80 e 90, tendo como um de seus maiores hits a regravação da faixa “Killing Me Softly”, um clássico do clássico! Mas é sobre o álbum solo que vamos falar mais, visto que ele chegou quebrando barreiras e trazendo novidades.

O álbum incorpora vários elementos musicais, como R&B, hip-hop, soul, urban, rap, além de elementos da música gospel e reggae. Essa junção de ritmos e culturas, unido ao talento incomparável de Ms. Hill fez nascer um dos maiores álbuns do gênero. E não é exagero.

O álbum manteve-se no topo da Billboard 200, vendendo mais de 400 mil cópias só na primeira semana – lembrando que isso em 1998 era algo incrível -, quebrando o recorde para uma artista feminina. Além disso, The Miseducation Of Lauryn Hill foi indicado a 10 Grammys, vencendo em 5 categorias – incluindo Álbum do Ano -, transformando Lauryn Hll na primeira mulher a receber essa quantidade de prêmios em uma só noite.


O álbum foi extremamente elogiado pela crítica, transformando Lauryn Hill numa artista de projeção mundial, com hits que volta e meia renascem cantados por grandes artistas atuais. Mas o álbum, apesar do grande sucesso comercial, foi um trabalho extremamente pessoal e inovador.

Como já foi dito, a mistura de ritmos foi imensa e criou a base para um novo gênero, o neo soul. Sonoramente, Hill fugiu completamente do estilo do The Fugees; na verdade, ela usou toda a bagagem que coletou nos anos no trio e a aprimorou cuidadosamente, fazendo nascer algo único no cenário musical.


No geral, o álbum trata de maternidade, dos conflitos ocorridos no The Fugees, amor, decepções amorosas e Deus, temáticas pouco comuns ao gênero, talvez. Mas a eloquência de Hill transformou tudo isso em sucesso, dando voz a perspectiva feminina sobre tais questões. A saída de um grupo de sucesso e o relacionamento com Rohan Marley, filho de Bob Marley, foram a inspiração para criar esse álbum.

Uma das faixas mais incríveis é a “To Zion”, com a participação de Carlos Santana, onde Hill canta sobre seus gravidez e o quanto as pessoas tentaram faze-la mudar de ideia quanto a ter um filho. “'Olhe para a sua carreira', eles diziam. 'Lauryn, querida, use sua cabeça'. Mas eu decidi usar meu coração” canta ela numa das mais emocionantes faixas do álbum. E a entrega emocional talvez seja a base mais firme desse álbum, uma vez que todos os assuntos carregam um peso – bom ou ruim – em suas letras. “Every Ghetto, Every City”, por exemplo, uma faixa animadíssima, é como reler um diário, cheia de lembranças da infância e momentos familiares. “Forgive Them Father” é uma das letras com uma temática baseada nos ensinamentos cristãos – e um trecho do Pai-Nosso é recitado. A faixa canta um alerta aos falsos profetas, falsos amigos, a todos aqueles que só esperam uma brecha para atacar. Perdoe-os, Pai, pois ele não sabem o que fazem.

É possível falar de faixa a faixa desse álbum tão abrangente e tão cheio de altos e baixos emocionais, tantos ensinamentos e descobertas; tantas feridas abertas em busca de curas; mas o fato é que The Miseducation Of Lauryn Hill é um álbum que jamais será superado. Sua genialidade e maturidade são incomparáveis. E ao mesmo tempo que é maduro, é capaz de dialogar com a juventude de igual para igual. Afinal de contas, são temas universais os abordados nessa obra, e nada melhor que transformá-los em música de qualidade. É poético e ousado em suas letras; é inovador na mistura sonora; é tradicional e moderno na parte cantada, misturando o canto melódico aos trechos de rap, criando a dinâmica mais genial da época.

Os singles são casos a parte, e conseguem sumarizar perfeitamente a atmosfera do álbum. São eles “Doo Woop (That Thing)” - talvez a mais famosa de todas -, “Everything Is Everything” e “Ex-Factor”, todas hits com clipes icônicos, e que vivem até hoje – com covers de artistas como Beyoncé e Amy Winehouse.


Em comemoração aos 20 anos do lançamento de seu primeiro e único álbum solo, Lauryn Hill anunciou uma turnê, até agora com shows marcados apenas em solo norte-americano. Sobre o álbum, ela comentou:

Esse disco documentou uma parte íntima da minha jovem existência. Era a soma de quase todas — se não todas — as minhas emoções mais positivas vivenciadas até aquela época. Eu amava e acreditava profundamente na habilidade da minha comunidade de se amar e se curar caso recebesse a quantidade certa de apoio e encorajamento. O nosso mundo atual, que é complexo e em constante mudança, está precisando de um balanço entre a força moral e a expressão catártica. Eu espero que o amor e a energia que permearam esse trabalho continuem a inspirar mudanças com amor e otimismo sempre à frente.”


Então, o que nos cabe é celebrar e aproveitar ao máximo um dos maiores álbuns já criados no gênero!

Salve, Ms. Hill.
Se vocês ficaram curiosos - e eu espero que sim -, e quiserem ouvir o álbum na íntegra, clique no link a seguir para ouvi-lo no Spotify: The Miseducation Of Lauryn Hil

Lauryn Hill - Doo-Wop (That Thing) (Official Video)

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