[News] Especial Prata Da Casa

No mês em que comemora 20 anos no ar, Canal Brasil exibe algumas de suas principais produções e coproduções
 
O Canal Brasil tem um papel fundamental na produção e coprodução de longas-metragens brasileiros. Em 2018, ano em que comemora duas décadas de existência, o canal atingiu a marca de 300 filmes – e celebra o feito com o “Especial Prata da Casa”. A partir do dia 12/9, o canal exibe, sempre as quartas e quintas, às 19h30, documentários, e às 22h, ficções que têm a sua chancela. Loki – Arnaldo Baptista (2009), de Paulo Henrique Fontenelle, primeira produção do canal, abre a mostra, que exibirá ainda Gabriel e a Montanha (2017), Dzi Croquettes (2010), Mãe Só Há Uma (2016), Cinema Novo (2016), Boi Neon (2016), Menino 23 – Infâncias Perdidas no Brasil (2016), A Glória e a Graça (2017), Setenta (2014), A Despedida (2016), Divinas Divas (2017) e Pendular (2017).

ESPECIAL PRATA DA CASA
Início: Quarta -feira, dia 12/9, às 19h30
Horário: Quartas e quintas, às 19h30 e 22h

Loki – Arnaldo Baptista (2009) (122’)
Horário: Quarta, dia 12, às 19h30
Classificação: Livre
Direção: Paulo Henrique Fontenelle
Sinopse: A história de talento e superação de um dos maiores nomes do rock brasileiro. Arnaldo Baptista tem sua incrível trajetória revelada nesta cinebiografia, dirigida por Paulo Henrique Fontenelle. Produzido, finalizado e distribuído de forma independente pelo Canal Brasil – que, pela primeira vez, assinou a produção de um longa-metragem –, o documentário é embalado por músicas que marcaram época. Depoimentos fortes e imagens raras ilustram a rica e muitas das vezes misteriosa vida do compositor, cantor, baixista e pianista. A narrativa é, ao mesmo tempo, poética, dramática e divertida, costurada com delicadeza por entrevistas emocionantes, enquanto o artista pinta um imenso e emblemático quadro.


Gabriel e a Montanha (2017) (131’)
Horário: Quarta, dia 12, às 22h
Classificação: 14 anos
Direção: Fellipe Barbosa
Sinopse: Baseado em uma história real, o filme narra o último ano de vida de Gabriel Buchmann, amigo de infância do diretor Felipe Barbosa, morto em 2009 aos 28 anos. Gabriel estava com viagem marcada para começar um doutorado em políticas públicas para países em desenvolvimento em uma prestigiada universidade americana. Antes da teoria, no entanto, ele decidiu fazer uma pesquisa de campo para entender os dilemas dessas nações e, para isso, percorreu 26 estados do Sudeste Asiático, Oriente Médio e da África. Antes de voltar ao Brasil, seu último objetivo era alcançar o topo do monte Mulanje, no Malawi.

A retrospectiva dos momentos finais da vida do protagonista traz apenas dois atores profissionais – além de João Pedro Zappa (Gabriel), Caroline Abras (Cristina) vive a namorada do retratado. Todos os demais papeis da obra são interpretados por pessoas cujas trajetórias se cruzaram com a do personagem principal durante os últimos 70 dias de sua jornada pela África. O roteiro foi montado a partir das últimas cartas enviadas pelo economista, fotos encontradas em sua câmera e da memória de quem teve a oportunidade de cruzar seu caminho.


Dzi Croquettes (2010) (110’)
Horário: Quinta, dia 13, às 19h30
Classificação: 10 anos
Direção: Tatiana Issa e Raphael Alvarez
Sinopse: “Nem homem, nem mulher: gente!” Este era o lema dos responsáveis por um importante movimento artístico e social do Brasil nos anos 1970. Representando a contracultura, eles abriram portas, lutaram contra a ditadura de maneira irônica, balançando a estrutura sexual vigente e mostrando que o ser humano pode, ao mesmo tempo, ser masculino e feminino. O filme traz depoimentos colhidos no Rio de Janeiro, em Nova Iorque e Paris, de amigos e artistas consagrados, direta e profundamente envolvidos com a história da trupe. Liza Minnelli (admiradora e madrinha do grupo), Gilberto Gil, Nelson Motta, Marília Pêra, Ney Matogrosso, dentre tantos outros, além dos integrantes originais Cláudio Tovar, Ciro Barcelos, Bayard Tonelli, Rogério de Poly e Benedito Lacerda concedem entrevistas e narram uma trajetória fascinante, recuperando de uma parte da nossa história que não deveria ser esquecida.


Mãe Só Há Uma (2016) (90’)
Horário: Quinta, dia 13, às 22h
Classificação: 16 anos
Direção: Anna Muylaert
Sinopse: A cineasta Anna Muylaert inspirou-se livremente no caso real do sequestro de um menino ainda na maternidade para dissertar sobre as agruras da adolescência em coprodução do Canal Brasil com a Dezenove Som e Imagens Produções. Pierre (Naomi Nero) é um adolescente de 16 anos de perfil nada convencional e desobediente às convenções tradicionais de gênero. Ele mora com a mãe, Aracy (Dani Nefussi), e a irmã, Jacqueline (Laís Dias), e demonstra o comportamento rebelde de um jovem aparentemente perdido. Seu cotidiano é radicalmente alterado quando um oficial de justiça bate à porta alegando que sua mãe o raptou da maternidade ainda bebê, e seus pais biológicos o procuram desde então.

A revelação altera radicalmente o dia a dia do jovem, encaminhado por uma assistente social à casa de seus pais biológicos, um casal bem-sucedido formado Matheus (Matheus Nachtergaele) e Glória (também interpretada por Dani Nefussi), onde mora Joca (Daniel Botelho), seu novo irmão. O sonho do reencontro com o filho há décadas distante, afastado por um crime bárbaro, é, ao mesmo tempo, um pesadelo para o adolescente quando a euforia por recuperar o tempo perdido transforma-se em sufocamento emocional. Ansiosos, os pais tentam recomeçar a vida e incluir o menino em um cotidiano já pré-estabelecido, muitas vezes forçando seus próprios costumes e hábitos na rotina dele. A cineasta insere um abismo emocional na diferença entre o que Matheus e Glória esperam de Pierre – agora rebatizado de Felipe – e aquilo que o menino tem a oferecer de fato.


Cinema Novo (2016) (80’)
Horário: Quarta, dia 19, às 19h30
Classificação: 12 anos
Direção: Eryk Rocha
Sinopse: A obra é um grande passeio pela história da nossa sétima arte. Pai do diretor e figura crucial na história da filmografia nacional, Glauber Rocha abre o roteiro confirmando a relevância de Humberto Mauro, cuja obra é comparada pelo cineasta baiano ao trabalho de Di Cavalcanti e Candido Portinari, e fala sobre a consciência política e revolucionária dos realizadores do período. Joaquim Pedro de Andrade lembra as tonalidades realistas trazidas às câmeras, em uma tentativa de dissertar sobre os problemas do povo brasileiro, tão pouco representado à frente das lentes. Leon Hirszman relembra o momento em que conheceu Nelson Pereira dos Santos e as muitas sessões assistidas de Rio, Zona Norte (1957), filme seminal do cineasta paulistano.


Boi Neon (2016) (100’)
Horário: Quarta, dia 19, às 22h
Classificação: 16 anos
Direção: Gabriel Mascaro
Sinopse: Iremar (Juliano Cazarré) trabalha nos bastidores das chamadas vaquejadas, esporte cruel e tradicional do árido sertão nordestino no qual os peões devem emparelhar com um boi e derrubá-lo antes de atingir uma certa marca de cal riscada no saibro das arenas. Seu ofício consiste em preparar o bicho para entrar no curro, espalhando areia em seus rabos para auxiliar a puxada dos boiadeiros e facilitar o deleite de plateia em ver a fera caída. O sonho de sua vida, no entanto, corre bastante longe da realidade dessa versão diminuída de um rodeio, e ele passa os dias a pensar e desenhar os modelos de uma grife de moda feminina. O matuto fantasia sobre labutar no fabrico de roupas do Polo de Confecções do Agreste, especializado em trajes de banho – apesar da realidade local ser formada por barro e poeira, mais de 100 quilômetros distante da costa.

A desconstrução e o reposicionamento de estereótipos são traços fundamentais desta história. Iremar aspira trabalhar com moda e desenha modelos femininos em revistas pornográficas, cobrindo as mulheres nuas, em meio a um ambiente amplamente dominados por homens – e, por consequência, extremamente machista. Ele viaja pelo sertão na boleia do caminhão de Galega (Maeve Jinkings) e Cacá (Alyne Santana), filha da motorista. São da mulher as obrigações de dirigir e cuidar da mecânica do veículo, funções comumente atribuídas aos homens. Não é feito, em qualquer momento, algum questionamento sobre a orientação sexual dos personagens, fato que reforça a discussão sobre padrões de gênero. A provocação vai além quando o vaqueiro encontra Geise (Samya De Lavor), uma gestante que vigia uma fábrica de roupas. Em vez da exaltação à sacralidade da gravidez, o diretor a insere como uma figura de libido aflorada.


Menino 23 – Infâncias Perdidas no Brasil (2016) (90’)
Horário: Quinta, dia 20, às 19h30
Classificação: 10 anos
Direção: Belisario Franca
Sinopse: O historiador Sidney Aguilar Filho falava sobre a 2ª Guerra Mundial em sala de aula quando foi interrompido por uma aluna. A menina afirmou ter visto a suástica, símbolo do regime de Adolf Hitler, cravada em tijolos de uma propriedade da família em Campina do Monte Alegre, no interior de São Paulo. O comentário da moça chamou atenção do estudioso, e ele decidiu investigar a fundo a denúncia. As descobertas foram chocantes. O professor deflagrou a triste memória, ocultada por praticamente um século, de uma espécie de campo de concentração nazista comandado por brasileiros que recrutaram crianças órfãs negras para trabalhos forçados. Publicada em 2011, a tese do pesquisador é o norte do guião do documentário de Belisario Franca, vencedor dos prêmios de melhor roteiro e montagem no Cine Ceará em 2016.


A Glória e a Graça (2017) (97’)
Horário: Quinta, dia 20, às 22h
Classificação: 14 anos
Direção: Flávio Ramos Tambellini
Sinopse: Glória (Sandra Corveloni) acaba de descobrir um aneurisma inoperável em uma região delicada do crânio. A patologia vem lhe gerando dores de cabeça frequentes e os vasos podem estourar a qualquer momento. A possibilidade de uma morte súbita alarma a mulher, já na meia-idade, e ela começa a procurar alguém disposto a cuidar dos filhos, a adolescente Papoula (Sofia Marques) e o menino Moreno (Vicente Demori) – eles não conhecem o pai. Sem muitas opções após ter criado as crianças basicamente sozinha, ela decide pedir socorro ao irmão, Luiz Carlos, com quem não fala há cerca de 15 anos. O reencontro após mais de uma década já seria estranho devido ao distanciamento entre os familiares e ganha mais um agravante: ele agora atende pelo nome de Graça (Carolina Ferraz) depois de assumir personalidade e vestuários femininos.


Setenta (2014) (96’)
Horário: Quarta, dia 26, às 19h30
Classificação: 14 anos
Direção: Emilia Silveira
Sinopse: A coprodução do Canal Brasil com a Cavideo tem como pano de fundo um dos capítulos mais sangrentos da história do país: a ditatura instaurada em abril de 1964, que durou mais de 20 anos e deixou milhares de desaparecidos. O foco principal do documentário assinado por Emília Silveira – sua estreia na direção de longas-metragens – é voltado para 18 personagens que encararam de perto a violência da tortura e que, graças a uma ação ousada, conseguiram sobreviver para contar suas memórias. O filme conquistou o prêmio especial do júri na Mostra Internacional de Cinema de São Paulo e no Festival do Rio, além do prêmio do júri popular no Festival Aruanda, na Paraíba.


A Despedida (2016) (93’)
Horário: Quarta, dia 26, às 22h
Classificação: 14 anos
Direção: Marcelo Galvão
Sinopse: Um almirante reformado vê o dia começar de forma diferente quando percebe sua fralda geriátrica seca ao acordar. Aos 92 anos, o senhor, interpretado por Nelson Xavier, decide resgatar a independência e resolver questões inacabadas em sua vida, afastando-se da posição infantilizada que lhe foi ditada pelos limites etários. A sequência inicial apresenta a difícil rotina do protagonista, tentando realizar sozinho atividades cotidianas, como tomar banho, escovar os dentes e fazer a barba. Sentindo-se capaz, ele contraria as ordens do filho e sai de casa em um andador em busca do próprio passado. No trajeto, Almirante paga uma conta aberta no bar, faz as pazes com um velho amigo e experimenta um cigarro proibido ao lado de jovens desconhecidos. O idoso guarda para o final o encontro que mais importa. Sua última visita é feita à casa de Morena (Juliana Paes), a amante 55 anos mais jovem, que o acompanhou por um longo período da vida. Ela, contente com a presença do homem, recria hábitos do casal, como um jantar a dois ou o lento banho na banheira quente. Através de beijos calorosos e lágrimas emocionadas, a mulher concede o desejo da última noite de amor entre os dois.


Divinas Divas (2017) (110’)
Horário: Quinta, dia 27, às 19h30
Classificação: 14 anos
Direção: Leandra Leal
Sinopse: Leandra Leal cresceu nas coxias do Teatro Rival. A intérprete é neta de Américo Leal, produtor da casa, e filha de Ângela Leal, herdeira do espaço. Aos 17 anos, a atriz fazia pesquisa para viver nova personagem e descobriu uma história familiar ainda inédita. Seu avô foi pioneiro ao abrir o próprio palco há mais de cinco décadas para um show protagonizado por homens vestidos de mulher. Rogéria, Valéria, Jane Di Castro, Camille K, Fujika de Halliday, Eloína, Marquesa e Brigitte de Búzios marcaram época com um espetáculo transgressor, quebrando paradigmas e enfrentando o regime militar. Em sua estreia na direção, a atriz traz o reencontro das Divinas Divas, em um filme repleto de histórias deliciosas sobre a carreira dessas icônicas artistas da contracultura.


Pendular (2017) (108’)
Horário: Quinta, dia 27, às 22h
Classificação: 16 anos
Direção: Julia Murat
Sinopse: Julia Murat investiga as fronteiras entre o cinema, a dança e a escultura nesta coprodução entre o Canal Brasil e a Esquina Produções Artísticas vencedora do prêmio da crítica no prestigiado Festival de Berlim (Alemanha). Inspirada pelo espetáculo Rest Energy, idealizado pela icônica artista performática Marina Abramovic na década de 1980 – em que a performer tinha uma flecha apontada para seu peito e precisava confiar totalmente em seu colega de cena para escapar da morte –, a cineasta disserta sobre os pontos de tensão e vulnerabilidade do relacionamento entre dois protagonistas anônimos em um ambiente em que arte e intimidade se misturam.

Um galpão abandonado é o único cenário do longa-metragem e resume a totalidade do universo de dois artistas casados: Ela (Raquel Karro) é uma dançarina e precisa de espaço para praticar os passos dos seus espetáculos e Ele (Rodrigo Bolzan) construiu um ateliê para elaborar suas esculturas. Apenas uma fita laranja separa os ambientes de trabalho e os muitos espaços vazios são preenchidos com poucos móveis, diferente do esperado em uma residência comum. Mesmo sendo uma moradia e um escritório pouco usuais, os protagonistas recebem amigos, transformam o lugar em um campo de futebol e misturam de forma orgânica o âmbito privado com a criação artística e profissional, observando um ao outro a partir de uma parede simbólica. 







Nenhum comentário