[News] Começa amanhã a mostra ¨África(s), Cinema e Memória em construção



A CAIXA Cultural Rio de Janeiro recebe, de 20 de novembro a 2 de dezembro de 2018 (terça-feira a domingo), a mostra África(s). Cinema e memória em construção, uma homenagem ao cinema criado no contexto de independência e revolução dos países africanos. Com curadoria da pesquisadora e professora Lúcia Ramos Monteiro, a programação conta com 42 filmes de diversos países e épocas, entre curtas, médias e longas-metragens. Também serão realizadas sessões acompanhadas de debates com cineastas e especialistas.

A mostra será realizada justamente no mês da independência de Angola, conquistada em 11 de novembro de 1975. Dentre os títulos da programação, vários deles são ligados à data, como Monangambée (1968), de Sarah Maldoror, restaurado recentemente. África(s). Cinema e memória em construçãotambém traz à capital fluminense alguns filmes de Santiago Álvarez, figura central do cinema revolucionário cubano, que dedicou a Angola e Moçambique documentários realizados logo após as independências: O milagre da terra morena (1975), Maputo, meridiano novo (1976) e Nova sinfonia (1982).

A influência dos processos de independência, explica a curadora Lúcia Ramos Monteiro, não se restringe aos temas das obras. "A experimentação de formatos e linguagens, presente em muitos dos filmes, também pode ser relacionada à descolonização do pensamento, a uma libertação dos paradigmas cinematográficos originalmente estipulados por cineastas homens e brancos, situados nos ‘centros’ geopolíticos tradicionais do cinema, como Estados Unidos e Europa”, aponta. 

Da produção africana mais recente, um dos destaques é o filme Na cidade vazia (2004), de Maria João Ganga. Foi o segundo filme feito em Angola depois da independência e o primeiro feito por uma mulher no país. Há também o premiado A república dos meninos (2012), de Flora Gomes, um dos mais importantes cineastas da Guiné-Bissau junto a Sana Na N’Hada, que tem dois longas na mostra: Xime (1994) e Kadjike (2013) – além de ser um colaborador-chave nas obras da multiartista portuguesa Filipa César, que faz um impressionante trabalho de arquivo em Transmissão das zonas libertadas(2016) e Spell Reel (2017).



Filmes inéditos:

A maioria dos filmes nunca foi vista no Rio de Janeiro e mesmo no Brasil. Títulos como os de Maldoror e de Álvarez, assim como os de Raquel Schefer (que vem trabalhando a memória colonial a partir de arquivos familiares) e de Mathieu Kleyebe Abonnenc (que também se dedica ao imaginário colonial e pós-colonial), só foram projetados na mostra África(s) de 2016. Outras atrações foram exibidas em ocasiões muito raras, como 25, de Zé Celso Martinez Corrêa e Celso Luccas, em cartaz na primeira edição da Mostra Internacional de Cinema de SP, em 1977.

A curadora Lúcia Ramos Monteiro chama a atenção ainda para algumas produções brasileiras, celebrando que a mostra se realize justamente no Mês da Consciência Negra: “Tendo em vista a força estética e política do cinema brasileiro afro-diaspórico, que passa por um momento de ebulição criativa, farão parte da mostra filmes importantes no cenário atual, como Kbela, de Yasmin Thayná, Travessia, de Safira Moreira, Monga, retrato de café, de Everlane Moraes, Cinzas, de Larissa Fulana de Tal, e Quilombo das Brotas, de Renata Martins e Lilian Santiago”.

A ideia da mostra surgiu em 2014, a partir de estudos sobre os filmes que retratavam a independência de Moçambique, também ocorrida em 1975. A primeira edição foi realizada em 2016, no CAIXA Belas Artes, em São Paulo (SP), com o título África(s). Cinema e revolução. Enquanto a programação paulistana se dedicou ao momento das revoluções nesses países, o evento deste ano tem o objetivo de exibir filmes que foram construindo a memória do processo revolucionário, ao mesmo tempo em que elaboram o passado colonial e abordam as persistências desse passado.



Cineastas mulheres:

Diversos filmes em cartaz retratam a contribuição das mulheres nas lutas de independência. É o caso do documentário Mulheres da guerra (1984), da cineasta holandesa Ike Bertels, e de Yvone Kane (2014), de Margarida Cardoso.  O longa de ficção Yvone Kane retrata a busca por uma importante guerrilheira africana, e tem Irene Ravache como uma das protagonistas. Margarida Cardoso é também realizadora do premiado documentário Kuxa Kanema. O nascimento do cinema (2003), que narra a história da fundação do cinema moçambicano através dos cinejornais “Kuxa Kanema”.

A cineasta Sarah Maldoror, que nasceu na ilha caribenha de Guadalupe, estudou em Moscou e foi fundadora do cinema de Angola, estará representada por três de seus filmes, o já citado Monangambée, e os documentários realizados para a televisão Fogo, uma ilha em chamas (1979) e Em Bissau, o carnaval(1980). Sua obra é caracterizada por um caráter combativo, e por isso tem um famoso histórico de censuras. Um de seus filmes foi queimado e as fotografias que restaram são a base de Prefácio a Fuzis para Banta (2011), de Mathieu Abonnenc, também em cartaz na mostra.



Debates e sessões comentadas:

Na programação paralela, estão confirmadas as presenças de Jocelyne Rouch, presidenta da Fundação Rouch, que preserva e difunde o legado do cineasta francês Jean Rouch, que participou de um grande projeto cinematográfico idealizado durante os primeiros passos de Moçambique independente; Murilo Salles, que filmou em Moçambique nos anos 1970; Celso Luccas que, junto a Zé Celso, codirigiu, durante o exílio do Teatro Oficina, aquele que é talvez o primeiro longa-metragem moçambicano, 25 (1975); e dos pesquisadores Alexsandro de Sousa e Silva (Universidade de São Paulo) e Jusciele Oliveira (Universidade do Algarve), especialistas no cinema Guiné-Bissau, Alex Santana França (Universidade Federal da Bahia), que se dedica à obra de Licínio Azevedo, e Juliano Gomes (Universidade Federal do Rio de Janeiro).



Incentivo à cultura:

A CAIXA investiu mais de R$ 385 milhões em cultura nos últimos cinco anos. Em 2018, nas unidades da CAIXA Cultural em Brasília, Curitiba, Fortaleza, Recife, Rio de Janeiro, Salvador e São Paulo, está prevista a realização de 244 projetos de Artes Visuais, Cinema, Dança, Música, Teatro e Vivências.



Programação:

20 de novembro (terça-feira)

16h - Spell Reel (2017), de Filipa César, Guiné-Bissau/ Portugal/ França/ Alemanha, 96 min, Blu-ray, 12 anos. Sessão comentada pela curadora Lúcia Ramos Monteiro e pelo pesquisador Alexsandro de Sousa e Silva

18h30 ­- Em Bissau, o carnaval (1980), de Sarah Maldoror, Guiné-Bissau, 18 min, DVD, Livre; Morte negada (1988), de Flora Gomes, Guiné-Bissau/ França, 89 min, DVD, 12 anos. Sessão comentada pela curadora Lúcia Ramos Monteiro e pelo pesquisador Alexsandro de Sousa e Silva



21 de novembro (quarta-feira)

19h - Monangambée (1968), de Sarah Maldoror, Angola/ França, 15 min, Blu-ray, 14 anos; Fogo, uma ilha em chamas (1979), de Sarah Maldoror, Cabo Verde, 34 min, Blu-ray, Livre; Prefácio a Fuzis para Banta (2011), de Mathieu Kleyebe Abonnenc, França, 25 min. Blu-ray, Livre; Kbela (2015), de Yasmin Thayná, Brasil, 22’, Blu-ray, 12 anos



22 de novembro (quinta-feira)

16h - Quilombo das Brotas (2017), de Renata Martins, Brasil, 8 min, Blu-ray, Livre; Monga, retrato de café (2017), de Everlane Moraes, Cuba, 13 min, Blu-ray, Livre; Na dobra da capulana (2014), de Isabel Noronha e Camilo de Sousa, Moçambique, 30 min, DVD, Livre; Mulheres da guerra (1984), de Ike Bertels, Holanda, 50 min, DVD, Livre

18h30 - Noticiero ICAIC n. 409 (1968), de Santiago Álvarez, Cuba, 8 min, DVD, 12 anos; O milagre da terra morena (1975), de Santiago Álvarez, Cuba, 20 min, DVD, 12 anos; Noticiero ICAIC n. 736 (1975), de Daniel Diaz Torres, Cuba, 8 min, DVD, 12 anos; Noticiero ICAIC n. 739 (1975), de Miguel Torres, Cuba, 8 min, DVD, 12 anos; Maputo, meridiano novo (1976), de Santiago Álvarez, Moçambique/ Cuba, 16 min, DVD, Livre; Nova sinfonia (1982), de Santiago Álvarez, Moçambique/ Cuba, 39 min, DVD, 12 anos



23 de novembro (sexta-feira)

16h - A colheita do diabo (1988), de Licínio Azevedo e Brigitte Bagnol, Moçambique/ França, 52 min, DVD, Livre; Hóspedes da noite (2007), de Licínio Azevedo, Moçambique, 53 min, DVD, 14 anos

18h30 - Comboio de sal e açúcar (2016), de Licínio Azevedo, Moçambique/ Portugal/ Brasil/ França/ África do Sul, 100 min, Blu-ray, 14 anos. Sessão comentada pelo pesquisador Alex Santana França



24 de novembro (sábado)

15h30 - Assim estamos livres. Cinema moçambicano 1975-2010 (2010), de Silvia Vieira e Bruno Silva, Portugal, 16 min, DVD, 12 anos; Kuxa Kanema. O nascimento do cinema (2003), de Margarida Cardoso, Portugal/ Moçambique/ França/ Bélgica, 52 min, Blu-ray, Livre; Transmissão das zonas libertadas(2016), de Filipa César, Portugal/ França/ Alemanha/ Suécia, 30 min, Blu-ray, 12 anos

17h30 - 25 (1975), de Celso Luccas e José Celso Martinez Corrêa, Moçambique/ Brasil, 140 min, Blu-ray, Livre. Sessão seguida de debate com o cineasta Celso Luccas e com o crítico e pesquisador Juliano Gomes



25 de novembro (domingo)

16h - O tempo dos leopardos (1985), de Zdravko Velimorovic e Camilo de Sousa, Moçambique/ Iugoslávia, 91 min, DVD, 14 anos

18h - Yvone Kane (2014), de Margarida Cardoso, Portugal/ Brasil, 118 min, Blu-ray, 12 anos



27 de novembro (terça-feira)

16h - O vento sopra do norte (1987), de José Cardoso, Moçambique, 90 min, DVD, 14 anos

18h30 - Xime (1994), de Sana Na N’Hada, Guiné-Bissau/ Holanda/ França, 95 min, DVD, Livre



28 de novembro (quarta-feira)

16h - Cinzas (2015), de Larissa Fulana de Tal, Brasil, 15 min, Blu-ray, 12 anos; Na cidade vazia (2004), de Maria João Ganga, Angola/ Portugal, 90 min, DVD, Livre

18h30 - Spell Reel (2017), de Filipa César, Guiné-Bissau/ Portugal/ França/ Alemanha, 96 min, Blu-ray, 12 anos



29 de novembro (quinta-feira)

16h - Travessia (2017), de Safira Moreira, Brasil, 4 min, Blu-ray, Livre; Avó (Muidumbe) (2009), de Raquel Schefer, Portugal/ França, 11 min, Blu-ray, Livre;Mueda, memória e massacre (1979-1980), de Ruy Guerra, Moçambique, 80 min, DVD, 14 anos

18h - Os comprometidos (1983), de Ike Bertels, Holanda, 51 min, DVD, Livre; Estas são as armas (1978), de Murilo Salles, Moçambique, 60 min, Blu-ray, 16 anos. Sessão seguida de debate com o cineasta Murilo Salles e com a curadora Lúcia Ramos Monteiro



30 de novembro (sexta-feira)

16h - Kadjike (2013), de Sana Na N’Hada, Guiné-Bissau/ Portugal, 115 min, DVD, 12 anos

18h30 - A minha fala (2002), de Flora Gomes, Guiné-Bissau/ Portugal/ França/ Luxemburgo, 85 min, DVD, 12 anos. Sessão comentada pela curadora Lúcia Ramos Monteiro e pela pesquisadora Jusciele Oliveira



1º de novembro (sábado)

16h - Mc Soffia (2015), de Renata Martins, Brasil, 5 min, Blu-ray, Livre; A república dos meninos (2012), de Flora Gomes, Portugal/ França/ Guiné-Bissau/Bélgica/ Alemanha, 78 min, Blu-ray, 14 anos

18h - Nshajo (O jogo) (2010), de Raquel Schefer, Portugal, 8 min, Blu-ray, Livre; Tudo bem, tudo bem, vamos continuar (2013), de Mathieu Kleyebe Abonnenc, Portugal/ França, 31 min, Blu-ray, Livre; Makwayela (1977), de Jean Rouch, Moçambique/ França, 19 min, DVD, Livre. Sessão seguida de debate com Jocelyne Rouch, presidenta da Fundação Rouch, com a pesquisadora Jusciele Oliveira e com a curadora Lúcia Ramos Monteiro



2 de novembro (domingo)

16h - Monangambée (1968), de Sarah Maldoror, Angola/ França, 15 min, Blu-ray, 14 anos; Fogo, uma ilha em chamas (1979), de Sarah Maldoror, Cabo Verde, 34 min, Blu-ray, Livre; Prefácio a Fuzis para Banta (2011), de Mathieu Kleyebe Abonnenc, França, 25 min. Blu-ray, Livre; Kbela (2015), de Yasmin Thayná, Brasil, 22’, Blu-ray, 12 anos

18h - Quilombo das Brotas (2017), de Renata Martins, Brasil, 8 min, Blu-ray, Livre; Monga, retrato de café (2017), de Everlane Moraes, Cuba, 13 min, Blu-ray, Livre; Na dobra da capulana (2014), de Isabel Noronha e Camilo de Sousa, Moçambique, 30 min, DVD, Livre; Mulheres da guerra (1984), de Ike Bertels, Holanda, 50 min, DVD, Livre



Serviço:

Mostra África(s). Cinema e memória em construção

Local: CAIXA Cultural Rio de Janeiro – Cinema 1 (Endereço: Av. Almirante Barroso, 25, Centro – Metrô e VLT: Estação Carioca)

Data: 20 de novembro a 02 de dezembro de 2018 (terça-feira a domingo)

Horários: Consultar programação

Informações: (21) 3980-3815

Ingressos: R$ 6,00 (inteira) e R$ 3,00 (meia). Além dos casos previstos em lei, clientes CAIXA pagam meia.

Bilheteria: terça-feira a domingo, das 13h às 20h

Duração: Consultar programação

Classificação Indicativa: Consultar programação

Capacidade: Cinema 1 – 78 lugares (mais 3 para cadeirantes)
Acesso para pessoas com deficiência
Patrocínio: CAIXA e Governo Federal

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