[Crítica] "Bird Box", disponível na Netflix
Sinopse: Uma força misteriosa dizimou a população mundial. Para os sobreviventes, uma coisa é certa: quem a vê, morre. Na busca do último refúgio existente, Malorie e os dois filhos terão de descer um rio traiçoeiro. E a única chance de escaparem da morte é encarar a perigosíssima jornada de olhos vendados. Ao enfrentar o desconhecido, Malorie encontra amor, esperança e um novo começo a ser descoberto. #BirdBox traz Sandra Bullock, vencedora do Oscar®, à frente do elenco reforçado por estrelas como John Malkovich, Trevante Rhodes e Sarah Paulson. A direção deste novo e envolvente thriller é de Susanne Bier, vencedora do Oscar®.
O que eu achei?
“Caixa de Pássaros”, livro de Josh Malerman, ganhou uma produção original na Netflix dirigida por Susanne Bier, e confesso que estava muito dividido quando as primeiras notícias surgiram sobre essa produção. Levando em conta a história e as limitações que nos foram apresentadas no livro, como seria uma adaptação cinematográfica desse mundo pós-apocalítico?
A filme segue a mesma linha narrativa do livro, dividido entre presente e passado, mas de uma forma mais condensada e objetiva. Vale lembrar que uma adaptação raramente irá ser fiel a tudo o que o livro nos entregou, mas é preciso entender que são mídias e propostas diferentes, mesmo que um se baseie no outro. Dito isso, o filme se vale de liberdades na narrativa e se aprofunda em questões que o livro não aborda tanto, criando elementos e tensões novas baseadas nas teorias que o livro expôs. O que eu quero dizer é que, enquanto o livro se afunda na angústia da cegueira e explora o medo proveniente disso – e das criaturas –, o filme além de utilizar desses mesmos elementos, coloca aliado a eles tensões extras que exploram mais pontos alternativos que apenas foram citados nos livros.
Além disso, alguns momentos e situações foram adaptadas para o filme, assim como o passar do tempo. É fato que o filme foca na sobrevivência, mas ainda mais que o livro, ele foca também das relações entre os sobreviventes – aqueles que estão dentro da casa – com o foco em especial às questões familiares e de maternidade, que já é tratado logo nas primeiras cenas de Malorie grávida. O filme usa da conexão entre eles – aqueles dentro da casa – pra criar o drama e intensificar o sentimento de perda e dor da história, dando contornos um pouco diferentes ao drama quando comparado ao livro. As excursões para fora da casa e as interações com o mundo fora da casa não são muito exploradas no filme – o que deixa grande parte da tensão de fora. É interessante ver, em algumas cenas externas e nas cenas do lago, enquanto Bullock e as crianças estão vendadas, como a câmera se comporta, e o quão natural é a “cegueira” da atriz.
O que me incomodou um pouco foi o pouco desenvolvimento de alguns personagens ao longo do filme, visto que tinham grande importância no livro. Não apenas porque eu queria uma adaptação extremamente fiel – já que isso uma utopia -, mas porque seria algo interessante de ver no desenvolver na história – e agregaria muito na questão dos relacionamentos. Mas é preciso destacar a atuação impecável de Sandra Bullock no papel de Malorie. Que ela é uma atriz fantástica não há dúvidas, e que seus papeis em dramas são excelentes, não se discute. Porém nesse novo filme, ela vai ao extremo emotivo, entregando uma atuação perfeita e uma entrega emocional visceral. Além dela, as crianças são absolutamente competentes em suas atuações, e super carismáticas.
O filme falha um pouco na criação da sensação de angústia do livro – que é um dos pontos mais marcantes –, além de deixar de fora alguns pontos que eu achava crucial para o desenvolvimento de Malorie, Garoto e Garota – as crianças crescem muito rápido. A importância do “ouvir” nesse filme é praticamente deixada de lado, sendo abordada em alguns poucos momentos. Mas, ainda assim, o filme consegue pesar no drama, e sabe bem onde e como aproveitar os momentos de instigar o medo e a ansiedade em quem assiste.
As criaturas – detalhe que mais estava me incomodando ao pensar no longa – foram adaptadas de uma maneira bastante interessante à proposta da história. A produção soube adaptar bem as teorias sobre ela, sem precisar apelar para algo já batido ou criar algo para preencher esse espaço que o livro deixou.
O filme, que conta com pouco mais de duas horas de duração, soube aproveitar muito bem a história, e as adaptações são completamente aceitáveis e seguem a mesma proposta do livro de Malerman. Mesmo as mudanças e adaptações das situações couberam bem – apesar do final do filme não ter sido muito bem aproveitado (que já no livro não é lá grandes coisa). Em suma, “Bird Box” é uma produção competente, com atuações marcantes que soube trazer à vida uma história que dividiu e muito os leitores.
Será que o filme se tornará tão polêmico quanto o livro? Assista e nos diga o que achou.
Trailer
O que eu achei?
“Caixa de Pássaros”, livro de Josh Malerman, ganhou uma produção original na Netflix dirigida por Susanne Bier, e confesso que estava muito dividido quando as primeiras notícias surgiram sobre essa produção. Levando em conta a história e as limitações que nos foram apresentadas no livro, como seria uma adaptação cinematográfica desse mundo pós-apocalítico?
A filme segue a mesma linha narrativa do livro, dividido entre presente e passado, mas de uma forma mais condensada e objetiva. Vale lembrar que uma adaptação raramente irá ser fiel a tudo o que o livro nos entregou, mas é preciso entender que são mídias e propostas diferentes, mesmo que um se baseie no outro. Dito isso, o filme se vale de liberdades na narrativa e se aprofunda em questões que o livro não aborda tanto, criando elementos e tensões novas baseadas nas teorias que o livro expôs. O que eu quero dizer é que, enquanto o livro se afunda na angústia da cegueira e explora o medo proveniente disso – e das criaturas –, o filme além de utilizar desses mesmos elementos, coloca aliado a eles tensões extras que exploram mais pontos alternativos que apenas foram citados nos livros.
Além disso, alguns momentos e situações foram adaptadas para o filme, assim como o passar do tempo. É fato que o filme foca na sobrevivência, mas ainda mais que o livro, ele foca também das relações entre os sobreviventes – aqueles que estão dentro da casa – com o foco em especial às questões familiares e de maternidade, que já é tratado logo nas primeiras cenas de Malorie grávida. O filme usa da conexão entre eles – aqueles dentro da casa – pra criar o drama e intensificar o sentimento de perda e dor da história, dando contornos um pouco diferentes ao drama quando comparado ao livro. As excursões para fora da casa e as interações com o mundo fora da casa não são muito exploradas no filme – o que deixa grande parte da tensão de fora. É interessante ver, em algumas cenas externas e nas cenas do lago, enquanto Bullock e as crianças estão vendadas, como a câmera se comporta, e o quão natural é a “cegueira” da atriz.
O que me incomodou um pouco foi o pouco desenvolvimento de alguns personagens ao longo do filme, visto que tinham grande importância no livro. Não apenas porque eu queria uma adaptação extremamente fiel – já que isso uma utopia -, mas porque seria algo interessante de ver no desenvolver na história – e agregaria muito na questão dos relacionamentos. Mas é preciso destacar a atuação impecável de Sandra Bullock no papel de Malorie. Que ela é uma atriz fantástica não há dúvidas, e que seus papeis em dramas são excelentes, não se discute. Porém nesse novo filme, ela vai ao extremo emotivo, entregando uma atuação perfeita e uma entrega emocional visceral. Além dela, as crianças são absolutamente competentes em suas atuações, e super carismáticas.
O filme falha um pouco na criação da sensação de angústia do livro – que é um dos pontos mais marcantes –, além de deixar de fora alguns pontos que eu achava crucial para o desenvolvimento de Malorie, Garoto e Garota – as crianças crescem muito rápido. A importância do “ouvir” nesse filme é praticamente deixada de lado, sendo abordada em alguns poucos momentos. Mas, ainda assim, o filme consegue pesar no drama, e sabe bem onde e como aproveitar os momentos de instigar o medo e a ansiedade em quem assiste.
As criaturas – detalhe que mais estava me incomodando ao pensar no longa – foram adaptadas de uma maneira bastante interessante à proposta da história. A produção soube adaptar bem as teorias sobre ela, sem precisar apelar para algo já batido ou criar algo para preencher esse espaço que o livro deixou.
O filme, que conta com pouco mais de duas horas de duração, soube aproveitar muito bem a história, e as adaptações são completamente aceitáveis e seguem a mesma proposta do livro de Malerman. Mesmo as mudanças e adaptações das situações couberam bem – apesar do final do filme não ter sido muito bem aproveitado (que já no livro não é lá grandes coisa). Em suma, “Bird Box” é uma produção competente, com atuações marcantes que soube trazer à vida uma história que dividiu e muito os leitores.
Será que o filme se tornará tão polêmico quanto o livro? Assista e nos diga o que achou.
Trailer
Para um filme que se baseia em um livro em que o mundo é "cego" eu achei perfeito. Pois como foi citado na crítica: a angústia do livro tem o baluarte na "cegueira" dos personagens e por isso o cinema usou de outros meios para trazer a tensão e o drama tão presente no livro. Mas sei que assim como o livro será um filme que dividirá opiniões. Eu não gostei tanto do livro, porém amei o filme!
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