[Crítica] Green Book:O guia


Sinopse:
Quando Tony Lip, um segurança ítalo-americano, é contratado como motorista do Dr. Don Shirley, um pianista negro de classe alta, durante uma turnê pelo sul dos Estados Unidos, eles devem seguir o "O Guia" para leva-los aos poucos estabelecimentos que eram seguros para os afro-americanos. Confrontados com o racismo, o perigo – assim como pela humanidade e o humor inesperados - eles são forçados a deixar de lado as diferenças para sobreviver e prosperar nessa jornada.

O que eu achei:
O filme é sensacional! Um drama com pitadas de humor na medida certa. Digno de Oscar! Não foi à toa que ganhou três prêmios na cerimônia do Globo de Ouro: melhor filme musical ou comédia, melhor roteiro para filme e melhor ator coadjuvante em filmes (Mahershala Ali). Além disso, também foi premiado no Critics' Choice Awards com o melhor ator coadjuvante.

"Green Book: O Guia" é baseado numa história real de amizade entre o pianista Don Shirley e seu motorista Tony Vallelonga. No filme, vemos como era a vida de Tony antes de conhecer o músico. Logo no início é possível perceber o desgosto que Tony e sua família italiana tinham por negros. Falando especificamente de Tony, ele era um homem que gostava de resolver assuntos com violência, estava sempre com fome e tinha um linguajar grosseiro, cheio de gírias. Por falar muita bobagem, seus amigos o chamavam de Tony Bocudo. Após perder o emprego, é indicado para ser motorista de um músico negro, Don Shirley. Apesar de seu desprezo por negros, Tony precisa de dinheiro e acaba aceitando a proposta de acompanhar o artista em sua turnê no sul dos EUA. Em seu primeiro dia de trabalho, o motorista recebe um guia chamado Green Book. A partir daí a aventura dos dois começa.

O tal livro chamado Green Book - O Guia para Motoristas Negros (The Negro Motorist Green Book) realmente existiu. Ele foi criado por um carteiro, Victor Hugo Green, e publicado entre as décadas de 30 e 60 (época em que o preconceito racial era absurdamente grande nos EUA, principalmente no sul) e apresentava uma lista de hotéis e restaurantes que aceitavam negros. Apesar de ter sido bastante importante pra época, infelizmente não é dada muita atenção ao guia no filme, que poderia ser mais explorado ao longo da jornada de Tony e Don.

O que chama a atenção do espectador em "Green Book: O Guia" é ver como um personagem vai aprendendo com o outro. Claro que quem tem mais a aprender é Tony. Don Shirley é genial, fino, sério e com uma postura perfeita. Entretanto, Tony consegue quebrar um pouco a seriedade e divertir o músico. Já no sentido oposto, "Bocudo" se sensibiliza com o preconceito racial e as injustiças sofridas pelo pianista ao longo da jornada, passa a admirá-lo como artista e como ser humano e ainda aprende um pouco como escrever cartas românticas para a esposa, que aguarda seu retorno após o término da turnê. Mas o maior aprendizado talvez seja no que concerne ao relacionamento com as pessoas. Don Shirley sempre mantém sua postura, apesar de todo o racismo que sofre, e diz que para vencer o preconceito é preciso dignidade e não violência.

O personagem Tony é interpretado maravilhosamente bem pelo ator Viggo Mortensen. Já o papel de Don Shirley é desempenhado pelo ator Mahershala Ali de uma maneira incrível e que, apesar de coadjuvante, o faz quase ser a atração principal do filme. Talvez seja o melhor trabalho já apresentado no cinema pelos dois atores. Direção (Peter Farrelly) e roteiro (Peter Farrelly, Brian Currie e Nick Vallelonga - filho de Tony) também merecem destaque, com um filme quase sem falhas, interessante de se assistir, surpreendente em alguns momentos, além de ter um humor inteligente que enriquece o roteiro. E claro que, além de fazer rir, o filme também emociona e faz lágrimas escorrerem dos olhos dos espectadores. Que venha o Oscar!
Data de estreia no Brasil: 24 de janeiro de 2019.

                              Trailer:



Escrito por Victor Monteiro



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