[News] Por Elas,peça sobre feminicídio, terá apresentações gratuitas dias 24 e 25 de janeiro
Uma mulher é lançada do quarto andar pelo namorado que não
aceitava o fim do relacionamento. Outra leva um tiro do marido por não largar o
emprego. Uma terceira, que jurava ter se casado com príncipe encantado, é
espancada por ele. A namorada do dono do morro é mantida por ele em cárcere privado.
Histórias reais e
impactantes, dores sem cor e classe social, compõem o texto do espetáculo
“Por Elas”, que, será apresentado nos dias 24 e 25 de janeiro no
Museu da Justiça-Centro Cultural do Poder Judiciári
Em três semanas em cartaz, a peça levou ao teatro mulheres vitimadas
pela violência doméstica. Luiza Brunet, modelo e atriz, que denunciou o
ex-marido por agressões, conta suas impressões:
“O espetáculo é incrível, super bem ilustrado, atores são muito
bons e as histórias são reais, que a gente está acostumado a ver. Eu fiquei
muito mexida, constrangida, o final que as penas são tão pequenas para esses
tipos de casos. A peça desmistifica essa impressão de que é só a mulher negra,
pobre, favelada que se depara com a violência doméstica. Eu mesma sou um
exemplo disso, sou mulher independente, bem-sucedida, que tenho um certo
conhecimento, mas também fui atingida por uma agressão física que me fez muito
mal, mas eu tive coragem de sair desse ciclo vicioso depois da sexta agressão
física, é difícil sair. E estou inteira, comecei a fazer parte do grupo do
enfrentamento, e acho que a gente precisa encorajar outras pessoas a sair
disso. Eu fui muito julgada por outras mulheres. Acho que essa é a pior parte
de toda a minha história desde que fiz a minha denúncia. Ele foi condenado,
pediu habeas corpus, mas o tempo todo ouvia “O que foi que ela fez?”, “Ela deve
ter se machucado para tirar o dinheiro dele”, “Eu duvido que ele tenha feito
algo, ela era um homem maravilhoso”, a pior coisa de você fazer a denúncia é
enfrentar o julgamento, porque isso é o que mata você. Não senti sororidade
nenhuma. Procuro fazer o oposto do que fizeram comigo quando encontro uma
mulher que foi
agredida, você abraçar,
dar amor e confiar no que ela fala. Hoje, minhas redes sociais funcionam como
se fosse um consultório. É inacreditável , comecei a participar de palestras,
dentro e fora do Brasil, para falar
sobre essa questão, sobre os diferentes tipo de agressão. Tive na ONU há
duas semanas atrás, foi fazer um trabalho em Genebra e no Brasil, são vídeos
para as mulheres terem um pouco mais de informação, para chegarmos onde a
informação não chega. Vou falar da minha experiência para tocar outras
mulheres. para que elas prestem atenção
da forma de vida que elas levam, para que as que estão dentro de um
relacionamento abusivo percebam que serão mortas. Estou fazendo minha parte
como mulher e cidadã, acho que todas as mulheres deviam se dar as mãos se unir
para fazer um movimento gigantesco porque é uma epidemia mundial”.
Cristiane Machado, atriz, que filmou e denunciou as agressões do
ex-marido, também ficou impressionada com o que viu em cena.
“Eu quero dividir com vocês um espetáculo maravilhoso sobre um
tema que eu vivi na minha vida que foi a violência doméstica, no meu caso, foi
uma tentativa de feminicídio. Eles relatam com muita sutileza, com depoimentos
reais sobre diversos casos, desde a menina rica a menina mais pobre. Narra a
história de sete mulheres de diferentes classes sociais. Vale como um alerta
para a sociedade, para as mulheres, para os homens, o quanto é difícil você
detectar um relacionamento abusivo e que sirva de lição para que as mulheres não
cheguem a ser mortas. Para que elas entendam que aquilo que estão vivendo é
abusivo e que têm que ir embora. Eu, como atriz, mulher, que viveu uma
tentativa de homicídio, uma violência doméstica, me sinto com o dever de
conscientizar e educar cada vez mais as mulheres. Vale muito como educação,
como cultura, como conscientizar a população para ajudar os sistema judiciário
e policial a se preparar para receber essas mulheres. Fiquei encantada, quem
assistir vai sair do teatro com a cabeça transformada. Eu, que vivi um caso
como esse, me tocou bastante para continuar a conscientizar mulheres que estão
sendo vítimas. Vão assistir esse espetáculo incrível, com atrizes incríveis. Eu
me senti extremamente tocada, especialmente porque eu vivi essa tristeza na
minha vida, que foi ser vítima de uma tentativa de feminicídio do meu próprio
marido”.
A peça, que já tem previstas duas apresentações gratuitas
no Centro Cultural do
Poder Judiciário nos dias 24 e 25 de janeiro,
manteve o objetivo primordial de provocar a reflexão e estimular o
debate sobre os direitos humanos e a equidade de gênero, cooperando para a
prevenção e o enfrentamento da violência doméstica
e do feminicídio na
sociedade. Originada de retalhos de histórias reais, a dramaturgia de “Por Elas”, dirigida por Sílvia
Monte, com texto de sua autoria em parceria com o advogado e dramaturgo Ricardo
Leite Lopes,passeia pelo épico e pelo dramático, pelos tempos presente e
passado. Cada uma das sete personagens femininas carrega histórias de outras
tantas mulheres brasileiras. A figura masculina – evocada pelas lembranças das
mulheres – provoca a reflexão do que o homem representa para elas dentro desse
universo perverso de “amor e ódio”, “submissão e poder”, das relações entre
mulheres e homens, numa sociedade patriarcal que estimula o machismo.
“A questão da violência contra a mulher é um tema que não pode
deixar de ser pensado na arena
da dramaturgia brasileira. O teatro, ao representar os conflitos e as
ambiguidades do humano, acolhe e aproxima - de forma menos cruel - as pessoas
da realidade. O espetáculo se propõe a ser um espaço de comunicação,
sensibilização
e visibilidade para o
fenômeno da violência de gênero. Precisamos pensar sobre essa questão, e o
teatro é um lugar ideal para atingir mentes e corações”, defende Sílvia Monte,
diretora do espetáculo e idealizadora do projeto.
O elenco é formado por
Adriana
Seiffert, Ana Flávia, Deborah
Rocha, Elisa Pinheiro,
Gisela de Castro, Letícia Vianna, Renata Guida, Rosana Prazeres,
João Lucas e Lucas Gouvêa.
A ficha artística é composta por mulheres:
Luci Vilanova assina o
figurino que dialoga com a economia de
elementos, equaliza o
grupo de mulheres e ao mesmo tempo individualiza cada uma delas nos pequenos
detalhes da indumentária;
Ana Luzia de Simoni é responsável pela
iluminação que uniformiza, completa e dramatiza a cena; Maíra Freitas
cria a trilha com músicas
originais inspiradas a partir de elementos sonoros das histórias dos
personagens.
ELENCO
Adriana Seiffert / Elisa Pinheiro [DANIELA]
Ana Flávia [ÂNGELA]
Deborah Rocha [MÔNICA]
Gisela de Castro [SANDRA]
Letícia Vianna [MARIANA]
Renata Guida [IEDA]
Rosana Prazeres [JOSILENE]
João Lucas / Lucas Gouvêa [HOMEM]
Laura Nielsen [Stand in]
FICHA ARTÍSTICA E TÉCNICA
Sílvia Monte [Texto
e Direção]
Ricardo Leite Lopes [Texto]
Luci Vilanova [Figurino]
Ana Luzia de Simoni [Iluminação]
Maíra Freitas [Trilha Sonora Original]
Anderson Cunha [Diretor Assistente]
Monique Rosas [Assistente de Figurino]
Cris Ferreira [Operação de Luz]
Ananda Amenta [Operação de Som]
Nena Braga [Identidade Visual]
Marcelo Carnaval [Fotografia]
Sheila Gomes / Sara Paixão [Assessoria de Imprensa]
Ana Righi e Aline Miranda [Redes Sociais]
PRODUÇÃO
Grace Rial e Ramon Roque [Produção Executiva]
Juliana Gonçalves [Assistente de Produção]
Natália Thiago [Agendamento de Grupos]
OURO VERDE PRODUÇÕES
Direção de Produção [Anacris Monteiro]
Marcos Monteiro [Assistente de Produção]
IDEALIZAÇÃO E COORDENAÇÃO GERAL
Sílvia Monte
APOIO CULTURAL
Poder Judiciário do Estado do Rio de Janeiro
Centro Cultural do Poder Judiciário - Museu da Justiça
CAIXA Cultural RJ
SERVIÇO
TEATRO
POR ELAS,
de Sílvia Monte, texto e
direção, Ricardo Leite Lopes, texto. Um
grupo de mulheres desconhecidas entre si que, em comum, têm a violência na sua
vida amorosa, está reunido para falar sobre suas histórias. Conforme os relatos
vão acontecendo, os conflitos,
preconceitos, a dor e a
própria violência surgem no grupo. Com Adriana Seiffert, Deborah Rocha, Elisa
Pinheiro, Flavia Botelho, Gisela de Castro, Letícia Vianna, Renata Guida,
Rosana Prazeres, João Lucas, Lucas Gouvêa. Classificação indicativa: 14 anos. Duração:
80 min.
Museu da Justiça-Centro
Cultural do Poder Judiciário - Por
Elas nos dias 24 e 25 de
janeiro, às 19h. Entrada grátis, com retirada de senha a partir das 18h30. Rua
Dom Manuel, 29, térreo. Centro. Informações: 3133-3768 / 3133-3548.
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