[News] Palestra aborda territorialidade negra do Rio de Janeiro
Os artistas multimídia GABRIEL MUNIZ e IRLA FRANCO, residentes
do Artsonica – Residência Artística, realizarão no dia 21 de fevereiro,
quinta-feira, às19h, palestra gratuita e aberta ao público sobre territórios
negros. Estarão em pauta temas como: Geografia e Abordagem Fenomenológica,
Paisagem e Paisagens Sonoras, Diáspora e Territórios Negros, Oralidade e
Narrativas - Tradição/Modernidade. O evento acontecerá no Labsonica, no prédio
do Oi Futuro, no Flamengo, zona sul do Rio. A apresentação tem duração de 60
minutos e vagas limitadas, portanto, os interessados devem fazer inscrição por
pelo e-mail contato@artsonica.com.br.
A palestra faz parte do processo criativo da vídeo-instalação
mutimídia “OuvidoChão – Cartas Quilombolas” e os participantes terão acesso
também a assuntos ligados à negritude existente no Cais do Valongo (Zona
Portuária), Camorim (Zona Oeste), Magé (Baixada Fluminense), além de
curiosidades identificadas nas visitas feitas a locais como a casa da Tia
Ciata, Cemitério dos Pretos Novos e ruas como a Camerino e Sacadura Cabral
(Centro da cidade)
“O Cais do Valongo tem muito material que se soma a presença
negra no Brasil e no Rio de Janeiro. Inicialmente chegamos lá pensando em
abordar a Pedra do Sal, mas a história é muito forte enquanto território negro.
Dos 4 milhões de escravizados que vieram para o Brasil pelo menos 1 milhão
passou por aquele local. São muitas etnias mescladas e desagregadas.
Percorremos espaços simbólicos como a Rua Camerino e a Rua Sacadura Cabral
(Centro), que serviram de fonte cartográfica sobre as mudanças e urbanização desses
territórios. Visitamos o Cemitério dos Pretos Novos (Gambôa), considerado o
maior cemitério de escravos das Américas, onde eram enterrados os “pretos
novos”, ou seja, os negros escravizados recém-chegados ao Brasil. Visitamos a
casa da Tia Ciata, bastante atuante em causas religiosas do candomblé, das
comidas, das roupas e políticas no Rio de Janeiro. A casa dele tinha uma
bandeira que havia virado referência de acolhimento para os negros que
chegassem ao Rio de Janeiro. Além de ela ser curandeira, que curava muitas
pessoas, isso a protegeu de muitas perseguições. Conversamos com familiares
dela e foi tudo muito interessante, muito rico”, adianta Gabriel Muniz (33
anos) e que desde 2003 realiza um trabalho audiovisual e de pesquisa sobre
sonoridades que unem artes, tecnologia, design, meio ambiente e espiritualidade
numa perspectiva afrocêntrica.
Saiba mais - https://ouvidochao.wordpress.com/
Gabriel Muniz atua na militância junto às comunidades
quilombolas de Porto Alegre a partir da Frente Quilombola RS e enquanto
cineclubista-educador popular em comunidades negras de Recife/Olinda-PE junto
ao Cineclube Bamako, pelo qual também realiza produções audiovisuais. O
midiartista é educador pelo Centro de Comunicação e Juventude do Recife (CCJ
Recife); Oi Kabum! Escola de Arte e Tecnologia Recife; e projeto Telinha na
Escola Recife +Itinerâncias nos estados do Tocantins e Pará.
Residente artística e parceira de pesquisa e desenvolvimento da
obra multimídia ao lado de Gabriel, a cineasta Irla Franco (32 anos) se debruça
sobre pesquisas e estudos de paisagens sonoras de deslocamentos (normalmente
forçados ou incentivados) de massas negras na intenção de reconstituir as
escutas do passado e assim entender o presente para afinar o ouvido do
afrofuturo. Dela virão as impressões audiovisuais coletadas no andamento da
obra que será exposta no Centro Cultural Oi Futuro, no Flamengo, a partir do
segundo semestre deste ano.
“O objetivo da palestra é fortalecer a resistência histórica dos
povos quilombolas, potencializar ainda mais a importância destes espaços
ocupados por povos que foram historicamente destituídos de seus ambientes
naturais, mas que retomaram suas áreas africanas e neles reconfiguraram suas
tradições, semeando e colhendo em solo brasileiro sua ancestralidade numa
perspectiva”, completa Irla. No Camorim, por exemplo, a dupla conheceu diversos
aspectos históricos, geográficos de Jacarepaguá, bem como a evolução social,
política e econômica da região, enfatizando as presenças negras e indígenas na
constituição daquele local.
“Estamos há alguns meses fazendo um mapeamento colaborativo das
sonoridades destes territórios, lançando uma escuta sobre a presença política,
cultural e histórica da negritude nestes espaços. Nosso intuito é ressaltar a
afirmação negra no espaço físico e nas dinâmicas culturais de grandes
metrópoles brasileiras, neste caso o Rio de Janeiro, afirmando sua importância
na construção social da cidade a partir dos índices sonoros desta presença na
atualidade. Experimentaremos uma interação de linguagens de arte tecnológica a
conceitos geográficos, de modo a propor um fluxo de informações e de acesso a
tecnologias de geolocalização física e digital”, explica Gabriel Muniz, um dos
dez selecionados num universo de 378 empresas brasileiras de produção cultural
para participar do Artsonica – Residência Artística.
O ArtSonica - Residência Artística é um projeto idealizado e
dirigido pela Zucca Produções e tem patrocínio da Oi, através da Lei Federal de
Incentivo à Cultura (Lei Rouanet), e apoio do Oi Futuro e do LabSonica. O
objetivo é avançar sobre a missão do Oi Futuro, que é fomentar a inovação,
promover experiências criativas de todas as áreas e estimular conexões para
potencializar o desenvolvimento coletivo e pessoal.
Serviço
PapoSonica “OuvidoChão” – Oi Futuro Flamengo. Rua Dois de
Dezembro, 107, Labsonica (5º andar) – Flamengo. Data: 21 de fevereiro (Quinta).
Horário: 19h. O evento é gratuito – com duração de 60 minutos - e tem vagas
limitadas, portanto, os interessados devem fazer inscrição por pelo e-mail
contato@artsonica.com.br.
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