[Crítica] Suspiria
Sinopse:
Susie Bannion (Dakota Johnson), uma jovem bailarina americana, vai para a prestigiada Markos Tanz Company, em Berlim. Ela chega assim que Patricia (Chloë Grace Moretz) desaparece misteriosamente. Tendo um progresso extraordinário, com a orientação de Madame Blanc (Tilda Swinton), Susie acaba fazendo amizade com outra dançarina, Sara (Mia Goth), que compartilha com ela todas suas suspeitas obscuras e ameaçadoras.
O que eu achei?
Em seu primeiro filme após o sucesso de “Me Chame Pelo seu Nome”, o diretor Luca Guadagnino resolve realizar o remake do clássico italiano de Dario Argento, “Suspiria”. Sem proximidades com o gênero e com uma obra consagrada nas mãos, Guadagnino vai em sentido contrário do que se espera de um “remake”, utilizando a obra de Argento livremente como inspiração na composição
de uma obra que, assim como a dança contemporânea, leva o espectador à lugares escuros.
Ao se apropriar da dança contemporânea, diferente do ballet no original, Guadagnino estrutura todos os movimentos de câmera como se cada plano fosse um movimento de dança, inclusive para criar mais subjetividade a direção utiliza o ponto de vista das bailarinas ajudando a entender todo o movimento corporal da câmera. Por conta dessa escolha estética, “Suspiria” é um filme que tem seus melhores momentos nas sequências de dança, porém se perde em outros momentos. A utilização do zoom e de alguns movimentos parecem não apresentar uma estrutura que faça com que a dança da câmera e os personagens se conectem.
O grande acerto do filme é de utilizar certas ferramentas em cenas importantes para a narrativa. A edição nas sequências de sonho e a criação de luzes apresentam ao espectador onirismo e horror. E, talvez, seja assim que o horror funcione no filme. As sequências que se apresentam como horror, mas que por contraste apresentam a trilha de Thom York ou uma tendência melodramática, são as que surpreendam. Em Suspiria a o horror não pode existir sem o belo e o melodrama é seduzido pelo grotesco.
Por mais que muitos tenham questionado a escalação da atriz Dakota Johnson, conhecida pela franquia “50 Tons de Cinza”, a atriz que já trabalhou com Guadagnino em “A Bigger Splash” entrega no filme uma performance interessante e mostra um outro lado de seu talento. Tilda Swinton que é reconhecida por interpretar uma variedades de personagens e de estilos é a que parece estar perdida. A desnecessidade de colocar Tilda como Dr. Josef é algo que retira qualquer espectador do filme que tem em consciência que é a atriz maquiada de homem, até porque seu personagem ocupa um certo espaço na história e não há nada que explique essa duplicidade de papéis. Aliás o pior acontece quando Tilda aparece como Helena Markos, uma personagem de grande importância com poucos minutos de tela, minutos estes que são filmados de maneira para que as duas personagens nunca apareçam juntas em um plano. Ou seja, o confronto principal de suas duas personagens é abalado simplesmente pela ideia sem necessidade da atriz fazer os dois personagens no conflito.
Mesmo que o Suspiria original não tenha um roteiro que seja digno de aplauso, David Kajganich, o roteirista do remake, não parece querer mudar muito em sentido de qualidade, mas sim em quantidade. O dobro de duração para um roteiro original de 90 minutos acaba dando liberdade para Kajganich criar personagens e narrativas diversas, que, diferente do enfoque em uma personagem no principal, termina por estruturar um roteiro com plots em forma de raiz, espalhados. O epílogo, parte com forte importância no passado do personagem Dr. Josef acaba por parecer melhor em forma de singularidade do que no conjunto dl filme. Na verdade, toda parte sobre a vida de Dr. Josef inserida parece não pertencer no filme.
Por fim, é impossível não fazer comparativos com o original, porém é preciso saber que da forma que foi concebido o remake de Guadagnino, “Suspiria - A Dança do Medo” é um filme singular, que existe de forma independente. Mesmo com seus altos e baixos, o remake de Suspiria consegue ser a obras de ficção recente que mais se aproxima do que deve ser a representação da dança contemporânea como ferramenta narrativa.
Trailer:
Escrito por Nicolas Sanches
Susie Bannion (Dakota Johnson), uma jovem bailarina americana, vai para a prestigiada Markos Tanz Company, em Berlim. Ela chega assim que Patricia (Chloë Grace Moretz) desaparece misteriosamente. Tendo um progresso extraordinário, com a orientação de Madame Blanc (Tilda Swinton), Susie acaba fazendo amizade com outra dançarina, Sara (Mia Goth), que compartilha com ela todas suas suspeitas obscuras e ameaçadoras.
O que eu achei?
Em seu primeiro filme após o sucesso de “Me Chame Pelo seu Nome”, o diretor Luca Guadagnino resolve realizar o remake do clássico italiano de Dario Argento, “Suspiria”. Sem proximidades com o gênero e com uma obra consagrada nas mãos, Guadagnino vai em sentido contrário do que se espera de um “remake”, utilizando a obra de Argento livremente como inspiração na composição
de uma obra que, assim como a dança contemporânea, leva o espectador à lugares escuros.
Ao se apropriar da dança contemporânea, diferente do ballet no original, Guadagnino estrutura todos os movimentos de câmera como se cada plano fosse um movimento de dança, inclusive para criar mais subjetividade a direção utiliza o ponto de vista das bailarinas ajudando a entender todo o movimento corporal da câmera. Por conta dessa escolha estética, “Suspiria” é um filme que tem seus melhores momentos nas sequências de dança, porém se perde em outros momentos. A utilização do zoom e de alguns movimentos parecem não apresentar uma estrutura que faça com que a dança da câmera e os personagens se conectem.
O grande acerto do filme é de utilizar certas ferramentas em cenas importantes para a narrativa. A edição nas sequências de sonho e a criação de luzes apresentam ao espectador onirismo e horror. E, talvez, seja assim que o horror funcione no filme. As sequências que se apresentam como horror, mas que por contraste apresentam a trilha de Thom York ou uma tendência melodramática, são as que surpreendam. Em Suspiria a o horror não pode existir sem o belo e o melodrama é seduzido pelo grotesco.
Por mais que muitos tenham questionado a escalação da atriz Dakota Johnson, conhecida pela franquia “50 Tons de Cinza”, a atriz que já trabalhou com Guadagnino em “A Bigger Splash” entrega no filme uma performance interessante e mostra um outro lado de seu talento. Tilda Swinton que é reconhecida por interpretar uma variedades de personagens e de estilos é a que parece estar perdida. A desnecessidade de colocar Tilda como Dr. Josef é algo que retira qualquer espectador do filme que tem em consciência que é a atriz maquiada de homem, até porque seu personagem ocupa um certo espaço na história e não há nada que explique essa duplicidade de papéis. Aliás o pior acontece quando Tilda aparece como Helena Markos, uma personagem de grande importância com poucos minutos de tela, minutos estes que são filmados de maneira para que as duas personagens nunca apareçam juntas em um plano. Ou seja, o confronto principal de suas duas personagens é abalado simplesmente pela ideia sem necessidade da atriz fazer os dois personagens no conflito.
Mesmo que o Suspiria original não tenha um roteiro que seja digno de aplauso, David Kajganich, o roteirista do remake, não parece querer mudar muito em sentido de qualidade, mas sim em quantidade. O dobro de duração para um roteiro original de 90 minutos acaba dando liberdade para Kajganich criar personagens e narrativas diversas, que, diferente do enfoque em uma personagem no principal, termina por estruturar um roteiro com plots em forma de raiz, espalhados. O epílogo, parte com forte importância no passado do personagem Dr. Josef acaba por parecer melhor em forma de singularidade do que no conjunto dl filme. Na verdade, toda parte sobre a vida de Dr. Josef inserida parece não pertencer no filme.
Por fim, é impossível não fazer comparativos com o original, porém é preciso saber que da forma que foi concebido o remake de Guadagnino, “Suspiria - A Dança do Medo” é um filme singular, que existe de forma independente. Mesmo com seus altos e baixos, o remake de Suspiria consegue ser a obras de ficção recente que mais se aproxima do que deve ser a representação da dança contemporânea como ferramenta narrativa.
Trailer:
Nenhum comentário