[Resenha] A Passagem
Sinopse: Primeiro, o imprevisível: a quebra de segurança em uma instalação secreta do governo norte-americano põe à solta um grupo de condenados à morte usados em um experimento militar. Infectados com um vírus modificado em laboratório que lhes dá incrível força, extraordinária capacidade de regeneração e hipersensibilidade à luz, tiveram os últimos vestígios de humanidade substituídos por um comportamento animalesco e uma insaciável sede de sangue.
Depois, o inimaginável: ao escurecer, o caos e a carnificina se instalam, e o nascer do dia seguinte revela um país – talvez um planeta – que nunca mais será o mesmo. A cada noite a população humana se reduz e cresce o número de pessoas contaminadas pelo vírus assustador. Tudo o que resta aos poucos sobreviventes é uma longa luta em uma paisagem marcada pelo medo da escuridão, da morte e de algo ainda pior.
Enquanto a humanidade se torna presa do predador criado por ela mesma, o agente Brad Wolgast, do FBI, tenta proteger Amy, uma órfã de 6 anos e a única criança usada no malfadado experimento que deu início ao apocalipse. Mas, para Amy, esse é apenas o começo de uma longa jornada – através de décadas e milhares de quilômetros – até o lugar e o tempo em que deverá pôr fim ao que jamais deveria ter começado.
A passagem é um suspense implacável, uma alegoria da luta humana diante de uma catástrofe sem precedentes. Da destruição da sociedade que conhecemos aos esforços de reconstruí-la na nova ordem que se instaura, do confronto entre o bem e o mal ao questionamento interno de cada personagem, pessoas comuns são levadas a feitos extraordinários, enfrentando seus maiores medos em um mundo que recende a morte.
Quase um século depois que uma pesquisa científica financiada pelo Exército dos Estados Unidos foge do controle, tudo o que resta é uma paisagem apocalíptica. As cobaias utilizadas nos experimentos – prisioneiros a caminho do corredor da morte – escaparam do laboratório e iniciaram uma terrível carnificina, alimentando-se de qualquer ser com sangue nas veias e espalhando por todo o continente o vírus inoculado nelas.
Um em cada 10 habitantes pode ter sido infectado. Os outros nove se tornaram presas desses virais, criaturas animalescas extremamente ágeis e fortes cujos únicos pontos fracos parecem ser a hipersensibilidade à luz e uma pequena área frágil próxima ao esterno.
Em uma fortificação construída nas montanhas, cercada de muralhas de concreto e holofotes superpotentes, uma comunidade tenta sobreviver aos constantes ataques noturnos. Mas a precária estrutura que a protege está com os dias contados: as baterias que alimentam as luzes começam a falhar e uma invasão é iminente.
Não se sabe o que aconteceu ao resto do mundo: a comunicação foi cortada, não há governo e o Exército nunca cumpriu a promessa de voltar. Provavelmente estão todos mortos. Mas a chegada de uma misteriosa andarilha traz novas expectativas: ao que tudo indica, ela tem as mesmas habilidades dos virais, mas não sua necessidade de sangue. Agarrando-se a essa esperança, um grupo parte da Colônia para buscar mais sobreviventes – e a verdade fora dos muros.
Com uma narrativa tensa e bem-estruturada, Justin Cronin constrói personagens de complexidade psicológica surpreendente. Na transição do mundo que conhecemos para um que não poderíamos imaginar encontra-se uma humanidade sitiada pelos próprios erros.
A passagem é o primeiro livro de uma trilogia. Em Os Doze, segundo título da série, conheceremos mais sobre os acontecimentos que deram início ao caos e as decisões individuais que podem levar a humanidade a um fim ainda pior que a mera extinção. A cidade dos espelhos, que conclui essa emocionante saga, é aguardado para 2014.
O livro 'A Passagem', de Justin Cronin,
é um daqueles títulos mega desejados, mas que são mega difíceis
de se achar – ou são caros. Mas eis que finalmente o encontrei em
uma feira do livro e acalmei essa minha ânsia. E digo: que livro!
Misturando drama, sci-fi e um mundo pós-apocalítico com tons de
distopia, ' A Passagem' nos leva numa jornada durante décadas de
história.
A descoberta de um vírus que dá ao
seu portador uma força sobre-humana e uma capacidade de regeneração
extremamente alta chamou a atenção do governo e das forças armadas
norte-americanas, que resolveram trabalhar nesse vírus e em suas
variações e seus efeitos em cobaias humanas.
Quem são as cobaias? Prisioneiros
sentenciados a morte. Doze prisioneiros mantidos em uma unidade de
segurança no subsolo e monitorados 24 hora por dia, enquanto
pesquisa-se o efeito do vírus no corpo deles, as mutações e tudo o
mais. Contudo, vendo que não há nada de muito promissor acontecendo
com essas cobaias, eles decidem procurar uma nova: uma criança. E é
ai que entra Amy e o policial Wolgast, que é responsável por
entregar Amy para os pesquisadores – tal como fez com os outros.
Contudo, devido ao passado de Wolgast, uma conexão muito forte o
liga a menina, e ele faz de tudo para livra-la do seu destino. Mas
não há para onde correr.
As primeiras cobaias, que ao uma
especie de vampiro extremamente poderosos, conseguem fugir, e se dá
início ao fim do mundo como conhecemos. E apenas uma pessoa pode
mudar esse futuro.
Amy.
A escrita do livro é extremamente
analítica, e explora não apenas o vírus e seus efeitos, mas tudo o
que envolve desde a pesquisa até o seu uso. Vemos como a ganância e
a busca pelo poder torna os homens cegos aos efeitos de suas
escolhas. É interessante notar que o vírus e suas vítimas não são
o foco principal dessa história, mas são personagens importantes
para o desenvolvimento.
Para mim o ponto centra, além da
essência humana – tanto o lado bom quanto o ruim -, a sociedade é
o ponto principal. Vemos uma sociedade avançada, culta e
teoricamente poderosa ruir e ser dizimada, e uma nova nascer, cercada
pelo medo e pelo desconhecido. Vemos com essa colônia de novas
pessoas sobrevivem dia a pós dia, como se organizam socialmente, e
como se organizam politicamente também, com a criação de
hierarquias e heranças de nome. Acompanhamos uma gênese em um Éden
sem esperanças, sem conhecimento, sem nenhum futuro próspero a
vista.
As personagens são absolutamente
maravilhosas, desde o pior ser humano até o mais carismático. Há
uma atmosfera de sobrenatural que cerca a todos, e cada um tem uma
importância imensurável para a história como um todo – que se
desenvolve em longas 816 páginas. Ninguém está ali por acaso, nem
nada acontece por acaso.
A construção de Cronin desse novo
mundo a partir das cinzas do mundo antigo, e dos sobreviventes chega
a ser aterrador. A que ponto o ser humano é capaz de ir para se
tornar invencível, imortal? E até que ponto além disso, quando
tudo parece seguir para um precipício existencial, o ser humano é
capaz de ir para se manter vivo? Será que em um mundo onde o perigo
espreita pelas sombras literalmente, há alguma esperança para a
raça humana? Uma de nossas protagonistas, e o principal elo entre o
mundo antigo e o novo, irá nos dizer e nos levar nessa descoberta.
A história, mesmo sendo longa, soube
explorar bem os pontos necessários para tudo o que ela se propôs –
ganancia, destruição, renascimento, sobrevivência -, e trabalha
minuciosamente para desenvolver de forma verossímil o destino do
planeta. Vários elementos são utilizados na narrativa, para dar
novos olhares e perspectivas sobre os acontecimentos, como uso de
diários de algumas personagens, o que dá um peso emocional muito
maior a história.
Sem dúvidas, o livro é uma leitura
incrível, que mexe com a sua mente do início ao fim, surpreendendo
a cada capítulo e alimentando cada vez mais a sua ansiedade, junto
com o medo. Que venha agora sua sequência, 'Os Doze'.
Esse livro terá uma série lançada ano que vem, pela FOX. Vocês podem conferir mais informações assistir ao trailer da série AQUI.
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