[Crítica] O Mau Exemplo de Cameron Post
Em 1993, Cameron, uma estudante colegial é forçada a passar pela terapia de conversão homossexual após ser flagrada com a rainha do baile de formatura.
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Após sua estreia mundial em Sundance em 2018 e passagem pelo Festival do Rio, O Mau Exemplo de Cameron Post, dirigido por Desiree Akhavan chega às salas de cinema do Brasil hoje. Neste filme, Chloë Grace Moretz vive Cameron Post, jovem que se descobre lésbica e é enviada para um acampamento cristão de terapia de conversão homossexual. O longa chega, diga-se de passagem, em um momento turbulento: há pouco tempo Boy Erased, filme com a mesma temática estrelado por Lucas Hedges e Nicole Kidman, teve seu lançamento cancelado por aqui.
Em tempos onde a lesbofobia, homofobia e transfobia parecem ter vez, legitimados por aqueles que nos governam, O Mau Exemplo de Cameron Post mostra como este tipo de discurso inflamado é uma das formas mais vis de abuso e que nem sempre é necessário se valer de violência física para machucar alguém. Ao contrário do que se espera, o filme opta não mostrar continuamente o sofrimento dos internos do acampamento. Alguns tentam seguir em frente e mudar, aceitando a terapia e outros simplesmente tentam sobreviver do jeito que podem até serem mandados embora para seguirem em frente com suas vidas.
Neste filme, o afeto e a compreensão mútua tem um papel importantíssimo na história. As personagens não são pautadas por aquilo que sofrem lá dentro, mas pelos laços que elas criam entre si, dando destaque para o trio formado entre a protagonista, Cameron Post, Jane Fonda (interpretada pela cativante Sasha Lane) e Adam Red Eagle (Forrest Goodluck). Assim como Cameron, Jane e Adam são dois desajustados, descrentes na terapia. Jane e Adam se adaptam às regras do acampamento, utilizando-se das mesmas para realizarem pequenas transgressões e logo Cameron fará o mesmo.
O Mau Exemplo de Cameron Post é um filme de sutilezas. Ele não procura educar nem entristecer o espectador. É um filme que busca não só a reflexão a respeito das práticas contra homossexuais,mas também acolher o espectador. Há sim luz nas trevas. Mesmo nos lugares mais inóspitos, como um acampamento de terapia de conversão sexual. Sendo assim, afirmo que é um filme precisa ser visto imediatamente. Por todos nós.
Trailer:
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