[News] Felippe Moraes traz instalações inéditas na exposição Solfejo no Centro Cultural FIESP
São Paulo, março de 2019 – Redes de deitar que badalam sinos;
camas com tubos que emitem sons harmônicos; um neon com um verso da música
Divino Maravilhoso, de Caetano Veloso, e um cheiro de alecrim que remete à
canção Tanto Mar, de Chico Buarque, integram a exposição Solfejo, que estreia
no Espaço de Exposições do Centro Cultural Fiesp no dia 3 de abril. Trata-se de
uma reunião de 29 peças, entre obras e instalações de Felippe Moraes, sendo13 delas
inéditas e criadas especialmente para a mostra. O público pode conferir as
obras gratuitamente até o dia 30 de junho.
A nova mostra de Moraes, artista que atualmente reside em
Portugal, onde faz doutorado pela Universidade de Coimbra, exibe um recorte de
sua produção artística, que lida com noções de som e música. Formada por obras
inéditas e outras já consagradas em seu repertório, a exposição apresenta
trabalhos de grande porte, com estruturas de aço e processos técnicos, como
afinação acústica e construções especializadas. O nome Solfejo é uma referência
à escala tonal, representada pela partitura, as imagens que possibilitam ao
estudante“ler” a música que será executada – proposta que coincide com os
objetivos de Felippe Moraes. “Os trabalhos são dispositivos para mostrar coisas
que acontecem, mas não são vistas”, explica.
O artista, que também assina a expografia, cenografia e design
gráfico da mostra, trabalha com diversos materiais dependendo da necessidade
poética de cada projeto. “Domino as ferramentas digitais e executo as obras em
seguida, ou as terceirizo, como no caso das peças inéditas de Solfejo”,
adianta.A pluralidade de materiais e recursos usados nas obrasfaz com que
Solfejo proponha o máximo de experiências sensoriais com obras imersivas, como
Intervalo Harmônico, formada por camas com tubos sonoros nas laterais que
emitem pares de notas musicais harmônicas entre si; e Composição Aleatória, uma
sequência de oito redes de descanso que, ao serem movimentadas, acionam o som
de um sino – obra que reforça a importância do indivíduo num contexto de
coletividadee permite a composição de uma música em grupo.
A instalação olfativaTanto Mar permite que o visitante sinta uma
essência de alecrim por todo o espaço expositivo. Título homônimo ao da música
composta por Chico Buarque, em 1975,faz referência ao trecho específico “manda
urgentemente algum cheirinho de alecrim”. A canção faz menção à Revolução dos
Cravos, que aconteceu em Portugal no mesmo período em que o Brasil passava pela
ditadura militar.
Já a série Desenho Sonoro, criada em 2014, registra o efeito
causado pela vibração de diferentes sons sobre uma placa de metal com areia. Os
padrões foram captados pelo próprio artista em uma série de fotografias em
grande escala. Com tamanhos e suportes acessíveis a pessoas de todas as
estaturas, como camas, redes e tubos mais baixos, a mostra também pode ser
aproveitada/acessada por crianças. Moraes reforça que a ideia de usar elementos
lúdicos desperta a criança que está dentro dos adultos. "É neste sentido
que a exposição dialoga também com o público infanto-juvenil." A
programação ainda conta com oficinas, visita guiada com o artista e debate ao
longo do período expositivo. As informações sobre essas atividades serão
divulgadas em breve, no site do Centro Cultural Fiesp
(www.centroculturalfiesp.com.br).
Ciência, natureza e espiritualidade
O artista conta que sua produção se direciona para temas que
unem ciência, natureza e espiritualidade: “Eu lido com o que nos ultrapassa,
com o que não tem um vocabulário específico para se descrever”.Sobre esse
aspecto da sua obra, Felippe Moraes complementa que o que o interessa é a
relação íntima entre a sua prática artística, a razão e o espiritual, visto que
esses campos estão lidando com os grandes mistérios do universo e que, a partir
do momento em que a ciência não dá conta de determinados fenômenos, emerge uma
transcendência com narrativas mitológicas, religiosas e outros recursos que
procuram dar sentido ao que não tem resposta.
“A espiritualidade está sempre um passo adiante na tentativa de
criar explicações para o que o conhecimento racional ainda não responde – um
alimenta o outro e ambos também se confrontam”, diz o artista. Para ele,
Solfejo lida justamente com o revelar dos padrões invisíveis, com o que
acontece ao redor, mas não é percebido. “A revelação desses fenômenos abre a
percepção para experiências sensoriais, transcendentais e mitológicas”,
completa. Para o artista, que comemora este ano 10 anos de carreira, a mistura
de obras do passado e do presente cria novas compreensões sobre os trabalhos
mais antigos e estes acabam por alimentar os mais recentes.
Sobre o artista
Felippe Moraes (Rio de Janeiro, 1988) é artista, pesquisador e
curador independente. Atualmente, é doutorando pela Universidade de Coimbra, em
Portugal, e mestre pela University of Northampton, no Reino Unido. Foi vencedor
do prêmio KARA 2017, levando-o a uma residência de um mês na instituição
Kooshk, em Teerã, no Irã. No mesmo ano, ainda esteve na residência In Context,
na Cidade de Slanic Moldova, na Romênia, onde construiu a obra pública e
permanente Monumento a Euclides (2017). Em 2016, foi o primeiro colocado no
prêmio ArteMonumento2016, da FUNARTE, levando à construção da obra pública
permanente Monumento ao Horizonte (2016), no Caminho Niemeyer, em Niterói, no
Rio de Janeiro.
Suas principais exposições individuais são:Imensurável (2018),
com curadoria de Alexandre Sá na Caixa Cultural Fortaleza;Proporción
[Proporção] (2018), no Espacio de Arte Contemporáneo (EAC), em
Montevidéu;Cosmografia (2017), com curadoria de Julia Lima, e Ordem (2014),
ambas na Baró Galeria, em São Paulo;Progressão (2016), com texto de Michelle
Sommer, no MAC-Niterói;Os Elementos (2016), curada por Alexandre Sá, no Centro
Municipal de Artes Hélio Oiticica, no Rio de Janeiro;Matter [Matéria] (2012),
com texto de Raphael Fonseca, na MK Gallery, no Reino Unido e Construção
(2011), na Temporada de Projetos do Paço das Artes, em São Paulo, com textos de
Fernanda Lopes.
Esteve em importantes mostras coletivas como Flat Image [Imagem
Plana] (2017), na Exhibit Gallery, em Londres; Bienal de Cerveira (2017), em
Portugal;Coisas sem nome (2015), no Instituto Tomie Ohtake;Escala Humana, no
EAC, em Montevidéu, e Trienal Frestas (2014), em Sorocaba, São Paulo. Em 2014
foi um dos finalistas do Prêmio EDP nas Artes, no Instituto Tomie Ohtake. Está
em importantes coleções como do Museu de Arte Moderna de São Paulo e do Centro
Cultural São Paulo.
Serviço:
Exposição Solfejo
Período: 3 de abril a 30 de junho
Horários:terça a sábado, das 10h às 22, e domingos, das 10h às
20h
Local: Espaços de Exposições do Centro Cultural Fiesp (av.
Paulista, 1313 – em frente à estação Trianon-Masp do Metrô)
Classificação indicativa: livre
Agendamentos escolares e de grupos:ccfagendamentos@sesisp.org.br
Grátis. Mais informações em www.centroculturalfiesp.com.br
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