[News] Oitava edição do Olhar de Cinema-Festival Internacional de Curitiba
A mostra Olhar
Retrospectivo da oitava edição do Olhar de Cinema - Festival Internacional de
Cinema de Curitiba apresenta diálogos entre as histórias recentes de dois
países de nosso continente. Um lado da retrospectiva oferece oito filmes do
grande diretor chileno Raúl Ruiz, a maioria dos quais foram realizados durante
o período da ditadura militar do Chile (1973-1990). O período de realização de
tais filmes também coincide com o da própria ditadura militar do Brasil
(1964-1985), período que será representado pelo outro lado da retrospectiva,
onde se exibirá 10 filmes realizados durante o período do governo ditatorial
por diretores brasileiros em passagens pelo exílio. Participações especiais de
convidados e debates irão complementar as exibições dos filmes e auxiliar o
público a refletir sobre os significados desse legado transnacional, dentro do
contexto de uma mostra cujo nome se inspira no filme Diálogos dos exilados, o
primeiro longa-metragem de Ruiz concluído na França após sua fuga do Chile para
a Europa.
“Talvez há um ano
uma mostra em torno desse tema pareceria algo que remetesse a um passado mais
distante de nossa história”, diz o diretor geral e diretor de programação de
Olhar de Cinema, Antônio Júnior. “Contudo, hoje essa mostra reflete um momento
em que o exílio, infelizmente, passa a fazer parte do nosso presente. Assim, se
a mostra Olhar Retrospectivo surge com a vontade de homenagear o Raúl Ruiz, ao
buscar um recorte dentro da obra dele, até por sua enorme magnitude, nos
deparamos com um momento que ela estava intimamente ligada com a realidade da
América Latina de golpes de estados e ditaduras de 1960-1990, momento em que
diversos cineastas se encontravam produzindo fora de seus países, exilados. Com
isso, surgiu um anseio de estabelecer um diálogo de Ruiz com uma lista
relevante de cineastas brasileiros – Helena Solberg, Glauber Rocha, Cacá
Diegues, Ruy Guerra, Silvio Tendler, Júlio Bressane, Lúcia Murat, Murilo
Salles, Luiz Sanz e Pedro Chaskel – em forma de diálogos de exílio.”
Raúl Ernesto Ruiz Pino
nasceu em Puerto Montt, Chile, em 1941, e morreu em Paris em 2011. Durante sua
breve vida, dirigiu mais de 100 filmes em vários países, com uma ênfase
especial em seu país sul-americano de origem – que ele deixou para o exílio em
decorrência do golpe de estado de 1973 – e do país europeu onde ele adotou
residência. A obra de Ruiz reinventou o cinema ao romper as fronteiras das
formas narrativas tradicionais através de uma busca incansável por novas formas
de contar histórias, muitas vezes sob a perspectiva de personagens que se
consideravam exilados.
O Olhar de Cinema
vai exibir uma breve seleção da sua filmografia – a maioria dos filmes em
cópias digitais restauradas – que se inicia cronologicamente com seu primeiro
longa-metragem existente realizado no Chile, e termina com um de seus filmes
mais celebrados, uma obra inspirada pela literatura europeia e pelo folclore
chileno.
“Assim que decidimos
que seria preciosa a oportunidade de pensar no cinema de Ruiz pelo signo do
exílio, veio a ideia de colocá-lo lado a lado com tantos cineastas brasileiros
que também precisaram realizar uma parte das suas obras longe do país”, diz
Eduardo Valente, um dos programadores de longas-metragens no Olhar de Cinema.
“Acreditamos que a circunstância histórica similar do período ganha ainda mais
peso quando vemos caminhos bem diferentes sendo trilhados”, ele complementa.
Os oito filmes a
seguir, dirigidos por Raúl Ruiz, foram confirmados para a Retrospectiva. Eles
serão exibidos em novas cópias em DCP:
Três tristes tigres
(Tres tristes tigres, 1968, Chile, 98 min, cópia restaurada fornecida pela
Cineteca Nacional de Chile)
Diálogos dos
exiliados (Diálogos de exiliados/Dialogue d’exilés, 1975, Chile/França, 104
min, cópia restaurada fornecida pela Cineteca Nacional de Chile)
A vocação suspensa
(La vocation suspendue, 1977, França, 95 min, cópia restaurada fornecida pela
INA)
A hipótese do quadro
roubado (L’Hypothèse du tableau volé, 1978, França, 64 min, cópia restaurada
fornecida pela INA)
As divisões da
natureza (Les divisions de la nature: Quatre regards sur le château de
Chambord, 1978, França, 31min, cópia restaurada fornecida pela INA)
Dos grandes eventos
e pessoas comuns (De grands événements et des gens ordinaires, 1979, França,
61min, cópia restaurada fornecida pela INA)
O teto da baleia
(Het dak van de walvis, 1982, Holanda, 90 min, cópia restaurada fornecida pela
Cinémathèque française)
As três coroas do
marinheiro (Les trois couronnes du matelot, 1983, França, 117 min, cópia
restaurada fornecida pela INA)
Os 10 filmes a
seguir, dirigidos por cineastas brasileiros exilados, também foram confirmados
para a Retrospectiva. Os filmes serão exibidos em suas cópias digitais:
Meio-dia (dir.
Helena Solberg, 1970, Brasil, 11 min, cópia digital fornecida pela Filmes de
Quintal)
Un séjour (dir.
Carlos Diegues, 1970, França, 56min, cópia digital fornecida pela Luz Mágica)
O Leão de Sete
Cabeças (Der Leone Have Sept Cabeças, dir. Glauber Rocha, 1970,
França/Itália/Brasil, 99 min, DCP restaurado fornecido pela Copyrights, com agradecimentos
ao Cine Humberto Mauro)
Não é hora de chorar
(No es hora de llorar, dir. Luiz Alberto Barreto Leite Sanz e Pedro Chaskel,
1971, Chile, 36 min, cópia digital fornecida pela Cineteca Universidad de
Chile)
Memórias de um
estrangulador de loiras (dir. Júlio Bressane, 1971, Inglaterra/Brasil, 71 min,
cópia remasterizada fornecida pela TB Produções)
A dupla jornada
(dir. Helena Solberg, 1975, Argentina/Bolívia/México/Venezuela, 54 min, cópia
digital fornecida pela Filmes de Quintal)
Estas são as armas
(dir. Murilo Salles, 1978, Moçambique, 56 min, cópia digital fornecida pela
Cinema Brasil Digital)
Mueda, memória e
massacre (dir. Ruy Guerra, 1979, Moçambique, 75 min, cópia remasterizada
fornecido pela Arsenal – Institüt fur film und videokunst e.V.)
O pequeno exército
louco (dir. Lúcia Murat e Paulo Adário, 1984, Brasil/Nicarágua, 52 min, cópia
em alta resolução fornecida pela Taiga Filmes)
Fragmentos de exílio
(dir. Sivio Tendler, 2003, Brasil, 6 min, cópia digital fornecida pela Caliban
Produções Cinematográficas)
Outras novidades
sobre o 8º Olhar de Cinema, com outros filmes selecionados e atividades, vêm
por aí.
O 8º Olhar de Cinema
- Festival Internacional de Cinema conta com patrocínio do BRDE, FSA e Ancine,
apoio da Copel, Bigben, Ademilar, Lojacorr, incentivo da Lei de Incentivo à
Cultura de Curitiba, Fundação Cultural de Curitiba e Prefeitura de Curitiba,
Profice, Governo do Paraná e realização da Grafo Audiovisual, Secretaria
Especial da Cultura, Ministério da Cidadania e Governo Federal.
SERVIÇO
8º Olhar de Cinema –
Festival Internacional de Curitiba
De 5 a 13 de junho
1º Encontros de
Cinema de Curitiba
De 9 a 11 de junho
A atividade paralela
ao festival, voltada para o mercado.
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