[Crítica] Casal Improvável



Sinopse:
Um jornalista (Seth Rogen) solitário, sem emprego, autodestrutivo e fracassado tenta mudar os rumos de sua vida. Ele passa a perseguir uma antiga babá (Charlize Theron), que hoje se tornou uma das mulheres mais poderosas do mundo.

O que eu achei?
‘Casal Improvável’ me fez sair do cinema com um sorrisão bobo no rosto. Entenda o que isso significa. Eu possuía uma grande expectativa com o filme em decorrência das várias críticas positivas pós-exibição no South by Southwest (meu festival de cinema favorito do universo, diga-se de passagem). Ao mesmo tempo, uma vozinha no fundo da minha mente alertava que era humanamente impossível uma comédia romântica cujo casal principal — realmente improvável como aponta a tradução do título brasileiro — é constituído pela Charlize Theron e pelo Seth Rogen ser boa de fato. E, felizmente, essa vozinha foi sendo destruída a cada nova sequência desse divertidíssimo filme.

A história segue a trajetória de dois personagens distintos: a secretária de estado Charlotte Field (Charlize Theron) que, ao descobrir que o presidente não irá concorrer novamente, percebe a chance perfeita para lançar sua candidatura; e o jornalista Fred Flarsky (Seth Rogen) que, ao descobrir que o jornal onde trabalhava havia sido comprado pelo conglomerado que tanto denunciara em reportagens, decide pedir demissão. Através de uma festa, os dois se encontram e descobrimos a ligação entre eles: a futura candidata a presidência estadunidense havia sido babá de Fred no passado.

Uma das razões que me fizeram estar com ambos os pés atrás com a comédia é, sem sombra de dúvidas, seu diretor: Jonathan Levine. Confesso que foi um pré-conceito construído por mim durante os anos, já que nunca havia visto nenhum de seus filmes anteriores. Todavia, dê uma olhada nos trailers de 'Meu Namorado é um Zumbi' (2013) e de ‘Viagem das Loucas’ (2017) e perceberá que não foi uma imagem mental construída a partir de nada. Os trabalhos anteriores do diretor só... Não pareciam bons. Em ‘Casal Improvável’, ele mostra um conjunto de falhas e acertos que se balanceiam no produto final. A forma com que ele dirige o elenco deixando cada atriz e ator confortável em seu papel — por mais absurdo que ele seja — é um dos pontos a se destacar.

Desde seus instantes iniciais, o filme nos apresenta a forma cuidadosa com que o elenco estelar foi escolhido, incluindo nas pontas de luxo. Estão presentes no elenco de apoio June Diane Raphael (‘Grace e Frankie’) e Ravi Patel como um duo de alívio cômico no arco que envolve a campanha presidencial, além de um engravatado e bem-sucedido O'Shea Jackson Jr. (‘Straight Outta Compton: A História do N.W.A.’). Contudo são nas participações especiais que estão as surpresas da obra com aparições que vão desde o Bob Odenkirk (o Saul, de ‘Better Call Saul’) até o Andy Serkis, passando pela ex-Friends Lisa Kudrow e o Alexander Skarsgård.

A narrativa consegue superar o nível das comédias românticas contemporâneas sem apresentar muitas novidades, mas, apenas, desenvolvendo outras facetas possíveis. Uma das melhores escolhas e que reflete diretamente em tela é a participação da Liz Hannah no desenvolvimento do roteiro — ela que já havia demonstrado sua habilidade em desenvolver personagens femininas fortes em 'The Post: A Guerra Secreta' (2017). O filme não é somente sobre dois personagens que querem estar juntos, mas são impossibilitados por algum obstáculo. Tanto a candidata a presidência, quanto o jornalista, estão em busca de demonstrar quem realmente são para os outros sem que sejam julgados; de não perder nem a sua identidade, nem a sua ética. Somado a isso e em meio a questionamentos e desenvolvimentos, somos presenteados com sequências incríveis como a Charlize Theron fritando de MD no meio de uma famosa cidade. Ou seja, imperdível! 

Trailer:



Escrito por Pedro Alves

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