[News] Espetáculo Interior estreia dia 13 de junho na Arena do Sesc Copacabana
RIO DE JANEIRO - Após dez anos de pesquisa e criação teatral no
Rio de janeiro, a Cia dos Bondrés se propõe a descoberta de mais um universo
cênico. Desde a sua fundação em 2008 - com o espetáculo “Instantâneos”, - A
Companhia dos Bondrés tem investigado a tradição do teatro de Máscaras e formas
animadas com o objetivo de reafirmar sua origem popular ao mesmo tempo em que
atualiza a aplicação dessa linguagem ao contexto contemporâneo.
Este ano a Cia dos Bondrés foi contemplada pelo Prêmio
Cesgranrio de Teatro, na categoria especial por sua pesquisa com as máscaras e
recebeu menção honrosa pelo Prêmio Zilka Sallaberry por sua última criação para
o público infantil, Batalhinha de Improvisação com máscaras para crianças.
Agora, a Cia se debruça sobre o universo simbolista de Maurice Maeterlinck com
a peça “Interior”, que estreia dia 13 de junho nos palcos do Sesc Copacabana.
A criação desse espetáculo por Maeterlinck se inscreve como
contraponto ao contexto teatral de sua época onde a maioria das peças se
enquadravam num contexto puramente dramático: uma história que acontece no
tempo presente, onde as ações se desenvolvem por meio do diálogo que manifesta
as vontades contraditórias das personagens até um desfecho final.
A obra de Maeterlinck rompe com essa lógica, quando o principal
acontecimento da peça já ocorreu antes do início do espetáculo: A filha da
família se suicidou. No modelo tradicional a peça teria que retratar todos os
acontecimentos que justificariam a morte. Em nosso caso, a família da menina
aguarda silenciosamente em casa o retorno da filha sem ao menos saber da sua
morte que só é revelada no segundo final da peça. Assim os principais
“interessados” no acontecimento dramático - a família-, permanecem alienados ao
drama durante todo espetáculo.
O pai, a mãe e as duas irmãs seguem a rotina noturna da casa sem
nenhuma perturbação. Na verdade, a tensão cresce ao redor da casa à revelia de
seus habitantes. O personagem do “Velho” e o “estrangeiro” são os únicos que se
vêm concedido a palavra falada, eles aguardam temerosamente o momento de
anunciar o falecimento da jovem menina. Importante ressaltar que esses dois
personagens também são alheios ao drama, uma vez que não têm nenhum
envolvimento com a vítima e não trazem nenhum dado para justificar ou não o
suicídio. A ação, consiste na espera desses dois personagens, que retardam o
quanto podem o momento da revelação, observando e descrevendo a família,
enclausurada ao longe.
Trata-se de uma peça onde não existe, portanto, ação dramática
propriamente dita. Peça-paisagem ou teatro estático são alguns dos nomes que
descrevem esse tipo de espetáculo. O risco assumido é o de ausência de tensão
em cena. Ora, na simples leitura do texto esse risco é afastado pela beleza da
composição de Maeterlinck que, contra todas as expectativas, prende a atenção
do leitor-espectador do começo ao fim. Ademais, para a presente montagem
contamos com o auxílio precioso contra o déficit de ação: As Máscaras, que
precisão ser preenchidas de vida e tensão ininterruptamente.
Dirigido por Fabianna de Mello e Souza, a montagem do espetáculo
“Interior “de M. Maeterlinck é resultado da pesquisa do Ateliê permanente da
Cia dos Bondrés. Apostando na investigação da teatralidade da cena e os
procedimentos de transposição, esta montagem aposta no confronto em cena do
trágico e do cotidiano. A não ação como provocação para a criação de
atmosferas.
No palco, uma casa, um casebre. Através de suas paredes, no
interior, vemos uma família, o velho, a mãe o bebe e as filhas. Tudo é ritmo,
respiração, presença. No Interior da casa, as máscaras balinesas vividas por 4
atores. O espectador acompanha, como um voyeur, a vida. Do lado de fora tudo é
paisagem. A luz de Ana Luzia Molinari compõe o cenário e povoa o quem em torno
é o vazio. Do lado de fora, outros assistem o interior da casa, se aproximam,
hesitam. O velho, o estrangeiro, as netas. É a tragédia que está por vir. A
tragédia esperada, a interrupção repentina que a anunciação da morte traz. Do
lado de fora, os atores vestem outro tipo de mascaramento, figurinos, criados
por Tiago Ribeiro, pertencem a um outro universo.
É deste encontro que os dois mundos se entrecruzam: o mundo de
fora e o mundo de dentro. O mundo de fora com suas cores sombrias, o rigor dos
figurinos e no mascaramento a partir de “assentos”. O lado de dentro as cores
vivas, o rigor de figurinos sobrepostos que vestem as máscaras balinesas, o
interior iluminado. Tudo acontece. Nada. O silencio. Karina Neves, diretora
musical da Cia dos Bondrés, compõe uma trilha especial para o espetáculo com
sons minimalistas.
Depois do texto, o elemento base para essa criação consiste nas
máscaras teatrais e a presença cênica que elas exigem. Para um texto onde a
ação é ínfima torna-se primordial um tipo de presença que preencha o espaço
cênico com intensidade e sem trégua.
O resgaste das máscaras orientais e italianas se deu justamente
no ímpeto de expandir o corpo do ator, de reafirmar o caráter ao mesmo tempo
espetacular e ritualesco do teatro. Antonin Artaud sublinha essa necessidade
denunciando o teatro que Maeterlinck já busca superar na escrita de seus
textos.
Sinopse:
A Cia dos Bondrés investiga o universo onírico de Maeterlinck.
Em Interior a ação se desenrola paralelamente em dois espaços que não se
comunicam. Dentro da casa a família se reúne tranquilamente após o jantar sem
suspeitar do drama pelo qual já estão passando. Do lado de fora, os habitantes
da cidade estão cada vez mais perto de revelar o trágico infortúnio que acaba
de acontecer. A tensão desse texto simbolista se traduz na presença das
máscaras assim como na potência das imagens e atmosferas que transformam o
espaço cênico.
Ficha técnica:
Direção: Fabianna de Mello e Souza
Co-Direção: Tomaz Nogueira da Gama
Direção de Produção: Pagu Produções Culturais
Direção Musical: Karina Neves
Cenário: Mina Quental
Figurino: Tiago Ribeiro
Visagismo: Vitor Martinez
Iluminação: Ana Luzia de Simoni
Elenco
Cia dos Bondrés
Ariane Hime
Felipe Pedrini
Gé Lisboa
Jojo Rodrigues
Julia Morales
Juliana Brisson
Nina Rosa
Thadeu Matos
Tomaz Nogueira da Gama
Victoria Fernandes
Projeto Gráfico: Emílio Rangel
Serviço:
Datas: 13 de junho a 07 de julho de 2019 (quinta a domingo)
Horário: 19h
Local: Arena do Sesc do Copacabana Endereço: Rua Domingos
Ferreira, 160, Copacabana, Rio de Janeiro - RJ
Ingressos: R$ 7,50 (associado do Sesc), R$ 15 (meia), R$ 30
(inteira)
(Ingresso solidário R$ 15,00 (meia) com a doação de 1 kg de
alimento para o Projeto Mesa Brasil do Sesc RJ)
Informações: (21) 2547-0156
Bilheteria - Horário de funcionamento:
Terça a Sexta - de 9h às 20h;
Sábados, domingos e feriados - das 12h às 20h.
Classificação indicativa: 12 anos
Duração: 60 min.
Lotação: Sujeito a lotação
Gênero: Drama
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