[Divulgação] Por que a Netflix vai parar com suas produções originais?
A
volta ao mundo de Streaming
*Por André Schuck
Alemanha, Japão, Turquia, Dinamarca, Itália, Índia, se para cada
série estrangeira que víssemos ganhássemos milhas aéreas, ninguém mais pararia
em casa.
Alguns anos atrás, não muitos, considerando o momento em que os
canais de streaming começaram a avançar, não era nada fácil encontrar filmes,
quem dirá séries de países dos quatro cantos do mundo.
Agora, embora a Netflix, de acordo com o site The Information,
decidiu diminuir o ritmo de suas produções originais, o que não é uma notícia
ruim, visto que continuará com um orçamento na casa dos bilhões de
dólares e o plano é priorizar a qualidade ao invés da quantidade, podemos dar a
volta ao mundo via Netflix, saindo um pouco da língua inglesa.
E por que isso é muito legal?
Uma coisa é certa, temos que elogiar e aprender com as produções
dos Estados Unidos, líderes nos canais de streaming, em sua vasta maioria, de
grandes qualidades técnicas e narrativas.
Isso se prova com o sucesso de séries como, Stranger Things,
Mindhunter, House of Cards, Ozar e Making a Murderer, consumidas e amadas mundo
afora.
Diferente de muitos países, os norte-americanos têm uma longa e
rica tradição em séries. Para mencionar apenas quatro, Sopranos, Breaking
Bad, Friends, e, por último, a que impactou a tv americana, ao ser transmitida
pela Fox em seu primórdio, Married with Children. Considerada a primeira série
a mostrar a família americana de forma não tão tradicional. Tudo bem! Me rendo.
Se vou falar da Fox e citar uma série dos anos 80, não posso deixar de fora, Os
Simpsons, este ano chegando a sua 30 temporada. Sua influência na cultura pop é
gigantesca, vencedora de 32 prêmios Emmy e considerada pela revista Time como o
Melhor Show do Século 20.
Ops! Me entusiasmei. Sou fã. Voltando ao: E por que isso é muito
legal?
Porque podemos, com o esforço de apertar um botão do controle
remoto, absorver culturas, ideias, visões, realidades diferentes e suas nuances
ao contar histórias. Isso tem um valor inestimável. É uma oportunidade de
assistir narrativas mais fragmentadas, cheias de experimentações estéticas. Sem
contar a delícia de ouvir diferentes idiomas. A dureza do alemão. O canto
francês. O entrecortado japonês. Muitas já conquistaram legiões de fãs ao redor
do mundo. Dark (Alemanha), La Casa de Papel (Espanha), The Rain (Dinamarca), A
Louva-a-Deus (França), Suburra (Itália), O Último Guardião (Turquia) e Hibana:
Spark (Japão).
E as produções brasileiras? O momento é ótimo. Muitas já estão
no ar. A primeira original da Netflix, intitulada 3%, conta com 50% de
audiência em diferentes países, como Canadá, França e Itália. E ainda, O
Mecanismo, Samantha, O Escolhido e Coisa Mais Linda. A empresa, anunciou em
abril deste ano que planeja lançar até o final de 2020 trinta séries
brasileiras. É a nossa cultura alcançando dezenas de países.
Seria cair no comum dizer que o streaming mudou o jeito de
assistir televisão, mas cada família tem seus hábitos ao fazê-lo. Alguns
maratonam juntos. Ai de quem assistir um episódio sozinho. Outros, assistem
separados, mas discutem fervorosamente sobre os episódios assistidos. E por aí
vai. Uma coisa é certa, todos morrem de medo de spoilers.
Aqui em casa, percebi a invasão de culturas diferentes semana passada.
Estávamos vendo Dark, eu e minha esposa, do nada ela fala, “ Vamos comer
Paprika Schnitzel?” Dois dias depois, chega uma mensagem no meu telefone,
“Vamos à Liberdade?” Brincando, respondo “O que você está vendo na tv?” A
resposta, “Kingdom”. Sim. Sei que é coreana.
Viu! Como é legal!
Neste momento, ao meu lado, na sala, estão minha filha e sua
amiga, razão pela qual comecei a escrever este artigo. Estão vestidas
propositadamente de anos 80, polainas coloridas e topetes cheios de gel e
glitter. Rindo de si mesmas e começando a assistir o primeiro episódio da
terceira temporada de Stranger Things. Por isso, aqui paro de escrever, para me
render ao que amo. Histórias.
*André é editor, diretor de cena e diretor de pós-produção
publicitário. Tem em seu currículo também documentários e dois longa-metragens,
como editor e produtor associado, produzidos em Los Angeles. É autor do livro técnico -Cinema/Roteiro.
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