[News] Ambientado em país fictício que enfrenta um golpe de estado, As Siamesas – Talvez eu Desmaie no Front discute as tensões da convivência com o outro
Crédito: Caio Oviedo
Num país chamado Molvânia, duas irmãs siamesas de diferentes etnias que nasceram conectadas pela bacia tornam-se o símbolo da união da pátria. Soraia (Carla Zanini) pertence à parte molva e Carmem (Carol Duarte) pertence à etnia bulga. Um golpe de estado acomete o país e o símbolo de união representado por elas perde seu sentido. A partir disso, as irmãs procuram entender o que pode ser feito agora que a etnia de Soraia já não é bem vinda na Molvânia. Com texto de Lucienne Guedes Fahrer e direção de Fernanda Carmago e Felipe Rocha, As Siamesas – Talvez eu Desmaie no Front, faz curta temporada no Teatro de Contêiner a partir do dia 19 de julho, sexta-feira, 20h.
O espetáculo é o avanço de uma proposta cênica que se iniciou em 2016, quando as atrizes Carol Duarte e Carla Zanini apresentaram um texto inicial da peça a três diretores que montaram diferentes trechos sem se comunicar entre si – o resultado do experimento ficou em cartaz no Centro Compartilhado de Criação. A atriz e dramaturga Lucienne Guedes Fahrer, que assistiu à essa versão, foi convidada em seguida pelas atrizes para criar uma nova dramaturgia para o espetáculo. “Meu papel foi o de reposicionar todo material que elas já tinham levantado, além de adequar o espetáculo ao contexto histórico e político que estamos vivendo”, conta a dramaturga.
Para as atrizes, a primeira versão da peça era a mostra de um processo que chegou à sua maturidade agora, em 2019 – com um Brasil ressignificado e de tensões políticas mais acentuadas do que o país de três anos atrás. Dois dos três diretores que participaram do processo de 2016, Felipe Rocha e Fernanda Camargo, assinam juntos a direção da nova versão de As Siamesas.
“O astrofísico Carl Sagan declarou uma vez que estarmos sozinhos no universo ou não estarmos são duas possibilidades igualmente aterrorizantes. Trouxemos essa questão para um âmbito mais próximo, onde temos que negociar o tempo todo com pessoas de perspectivas muito diferentes, sendo que muitas delas desejam anular identidades e expressões diferentes das delas”, argumentam as atrizes.
O embrião da peça está em um artigo de jornal encontrado por Carol e Carla em 2015 sobre o caso das irmãs Hilton, siamesas nascidas no século 20 que circularam os Estados Unidos da América em turnês circenses. “Uma das irmãs morreu e a outra ainda ficou viva por cerca de três dias, mas tendo a certeza que morreria em breve, já que naquela época não havia a possibilidade de alguma cirurgia separar seus corpos”, conta Carol, reforçando que a metáfora criada a partir dessa história e a da necessidade (e talvez a impossibilidade) da coexistência.
O país fictício para ambientar a peça foi extraído do livro Molvânia – Um País Intocado Pela Odontologia Moderna, um guia satírico do país que contém indicações de pontos turísticos, hinos, linhas de metrô e as divisões étnicas molva e bulga. “O que fazer diante da impossibilidade do convívio, do diálogo? Como agir diante de uma força social que nos derruba? Como lidar com as tensões contemporâneas?” – essas foram algumas das questões levantadas pela dramaturga Lucienne Guedes Fahrer na hora de compor a dramaturgia do espetáculo.
“O texto é um suporte para um conjunto de ações que incluíam a corporeidade levantada pelas atrizes e uma hibridez de linguagens própria do teatro contemporâneo”, diz Lucienne. Felipe Rocha e Fernanda Camargo, os diretores, apostaram em uma montagem brechtiana, com poucos recursos de cena e operadores de luz e de som no palco, próximos às atrizes. “A estrutura é a de um jogo teatral, com uma estrutura narrativa fragmentada em que cada cena pede uma linguagem específica”, conta Felipe.
Os elementos cenográficos se resumem a um banco, duas mesas dos operadores técnicos, um microfone e as bandeiras das etnias molva e bulga. Também há um trabalho de composição sonora e musical que foi feito para a peça com o objetivo de tecer as cenas. “A música e o som servem à narrativa com a principal função de localizar o universo simbólico da encenação e criar um background expandido fabular que a peça constrói. O hino fictício da Molvânia, as músicas de programas de TV e noticiários, somados com uma sonoplastia mais realista, ajudam a materializar o país e a situação em questão”, complementa André Teles, sonoplasta da peça.
Sinopse
O espetáculo é o avanço de uma proposta cênica que se iniciou em 2016, quando as atrizes Carol Duarte e Carla Zanini apresentaram um texto inicial da peça a três diretores que montaram diferentes trechos sem se comunicar entre si – o resultado do experimento ficou em cartaz no Centro Compartilhado de Criação. A atriz e dramaturga Lucienne Guedes Fahrer, que assistiu à essa versão, foi convidada em seguida pelas atrizes para criar uma nova dramaturgia para o espetáculo. “Meu papel foi o de reposicionar todo material que elas já tinham levantado, além de adequar o espetáculo ao contexto histórico e político que estamos vivendo”, conta a dramaturga.
Para as atrizes, a primeira versão da peça era a mostra de um processo que chegou à sua maturidade agora, em 2019 – com um Brasil ressignificado e de tensões políticas mais acentuadas do que o país de três anos atrás. Dois dos três diretores que participaram do processo de 2016, Felipe Rocha e Fernanda Camargo, assinam juntos a direção da nova versão de As Siamesas.
“O astrofísico Carl Sagan declarou uma vez que estarmos sozinhos no universo ou não estarmos são duas possibilidades igualmente aterrorizantes. Trouxemos essa questão para um âmbito mais próximo, onde temos que negociar o tempo todo com pessoas de perspectivas muito diferentes, sendo que muitas delas desejam anular identidades e expressões diferentes das delas”, argumentam as atrizes.
O embrião da peça está em um artigo de jornal encontrado por Carol e Carla em 2015 sobre o caso das irmãs Hilton, siamesas nascidas no século 20 que circularam os Estados Unidos da América em turnês circenses. “Uma das irmãs morreu e a outra ainda ficou viva por cerca de três dias, mas tendo a certeza que morreria em breve, já que naquela época não havia a possibilidade de alguma cirurgia separar seus corpos”, conta Carol, reforçando que a metáfora criada a partir dessa história e a da necessidade (e talvez a impossibilidade) da coexistência.
O país fictício para ambientar a peça foi extraído do livro Molvânia – Um País Intocado Pela Odontologia Moderna, um guia satírico do país que contém indicações de pontos turísticos, hinos, linhas de metrô e as divisões étnicas molva e bulga. “O que fazer diante da impossibilidade do convívio, do diálogo? Como agir diante de uma força social que nos derruba? Como lidar com as tensões contemporâneas?” – essas foram algumas das questões levantadas pela dramaturga Lucienne Guedes Fahrer na hora de compor a dramaturgia do espetáculo.
“O texto é um suporte para um conjunto de ações que incluíam a corporeidade levantada pelas atrizes e uma hibridez de linguagens própria do teatro contemporâneo”, diz Lucienne. Felipe Rocha e Fernanda Camargo, os diretores, apostaram em uma montagem brechtiana, com poucos recursos de cena e operadores de luz e de som no palco, próximos às atrizes. “A estrutura é a de um jogo teatral, com uma estrutura narrativa fragmentada em que cada cena pede uma linguagem específica”, conta Felipe.
Os elementos cenográficos se resumem a um banco, duas mesas dos operadores técnicos, um microfone e as bandeiras das etnias molva e bulga. Também há um trabalho de composição sonora e musical que foi feito para a peça com o objetivo de tecer as cenas. “A música e o som servem à narrativa com a principal função de localizar o universo simbólico da encenação e criar um background expandido fabular que a peça constrói. O hino fictício da Molvânia, as músicas de programas de TV e noticiários, somados com uma sonoplastia mais realista, ajudam a materializar o país e a situação em questão”, complementa André Teles, sonoplasta da peça.
Sinopse
O espetáculo As Siamesas – Talvez eu Desmaie no Front conta a história duas irmãs siamesas, de etnias diferentes, que nasceram conectadas pela bacia, no país chamado Molvânia. Soraia é a gêmea da parte molva e Carmem é bulga. Na juventude, as irmãs tornaram-se famosas e são convertidas em símbolo nacional em decorrência do momento de histórica união patriótica que o país atravessava. A Molvânia sofre um golpe de estado e agora não mais interessa que elas sejam as famosas irmãs-símbolo da união. Ao invés de acatarem as imposições do novo governo, as gêmeas não aceitam o decreto e precisam reagir.
Ficha Técnica
Direção: Fernanda Camargo; Felipe Rocha.
Ficha Técnica
Direção: Fernanda Camargo; Felipe Rocha.
Elenco: Carol Duarte e Carla Zanini.
Dramaturgia: Lucienne Guedes Fahrer.
Iluminação: Maira do Nascimento.
Arte Gráfica: Fernanda Zotovici.
Sonoplastia: André Teles.
Idealização: Carla Zanini e Caroline Duarte.
Produção: Dani Façanha.
Fotos: Caio Oviedo.
Serviço
As Siamesas – Talvez eu Desmaie no Front
Local: Teatro de Contêiner Mungunzá – Cia Mungunzá de Teatro Endereço: R. dos Gusmões, 43 - Santa Ifigênia.
Serviço
As Siamesas – Talvez eu Desmaie no Front
Local: Teatro de Contêiner Mungunzá – Cia Mungunzá de Teatro Endereço: R. dos Gusmões, 43 - Santa Ifigênia.
Capacidade: 99 lugares.
Duração: 80 minutos.
Classificação: 14 anos.
Temporada: De 19 a 28 de julho. Sextas, sábados e domingos, às 20h. Ingressos: R$ 30 (inteira), R$ 15 (meia) e R$ 5 (morador).
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