[News] Exposição no Sesc Madureira revela a perspectiva de fotógrafas negras sobre territórios e tradições
RIO DE JANEIRO - O Sesc Madureira abre nesta sexta-feira (12/7) a exposição “Através do Olhar”, uma mostra com 90 obras de quatro fotógrafas negras e moradoras de bairros das zonas Oeste e Zona Norte do Rio de Janeiro. Captadas por Aparecida Silva, Fernanda Dias, Thaís Alvarenga e Valda Nogueira, as fotografias revelam a visão particular das artistas sobre suas origens, seja territorial, mostrando seus bairros e arredores, como étnica, a partir de viagens realizadas pelo interior do Brasil em que documentaram diversas tradições e manifestações culturais.
Aparecida Silva e Thaís Alvarenga, uma com a técnica pinhole e a outra com a câmera do celular, produzem uma memória afetiva do lugar onde vivem (Realengo e Bangu, respectivamente), registrando as paisagens urbanas e o modo como os grupos se apropriam dos seus lugares criando suas próprias formas de sociabilidade e códigos de convivência. Já as fotógrafas Fernanda Dias e Valda Nogueira documentam os saberes e práticas culturais e religiosas de comunidades tradicionais espalhadas pelo Brasil, como quilombolas, indígenas, catingueiros e pescadores, valorizando a memória e as formas de resistência destes grupos.
Segundo a curadora Thaís Rocha, a exposição representa um esforço de substituir narrativas excludentes por outras perspectivas da realidade, que rompam com as conhecidas hegemonias de pensamento. "As mulheres negras que produzem imagens estão enriquecendo o vocabulário fotográfico e audiovisual conhecido até agora no mundo ao inscreverem novos testemunhos que compõem, junto a outras manifestações artísticas, como a música, o teatro e a literatura, diálogos que incentivam a reparação histórica e a igualdade das raças", observa.
EXIBIÇÃO DE FILMES - A mostra fotográfica “Através do Olhar” está sendo organizada por ocasião do Dia Internacional da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha (25 de julho), data que provoca discussões relacionadas a gênero, sexualidade, religião e etnia também em outras plataformas. Em paralelo à exposição, o Sesc Madureira exibe este mês a mostra audiovisual “Mulheres negras latinas e caribenhas”, seleção de filmes que jogam luz sobre diversos aspectos da formação de grupos identitários. Depois de “Encantadas – Mulheres e Suas Lutas Na Amazônia” abrir a mostra no dia 4, a agenda segue com “Kbela”, dia 11, às 18h30, Francisca, dia 18, às 18h30, e Tia Ciata, dia 25, às 18h30, este último seguido de debate com as realizadoras.
SERVIÇO
Mostra fotográfica “Através do Olhar”
Sesc Madureira: R. Ewbanck da Câmara, 90 – Madureira – Rio de Janeiro
Abertura: 12/7/2019 – às 18h - até 22/9
Visitação:
Segunda a sexta-feira: das 9h às 20h30
Sábados, domingos e feriados: 9h às 17h30
Entrada franca
Classificação: Livre
Fotógrafas: Aparecida Silva, Fernanda Dias, Thaís Alvarenga e Valda Nogueira
Curadoria: Thaís Rocha
Realização: Sesc RJ
Mostra audiovisual “Mulheres negras latinas e caribenhas”
Sesc Madureira: R. Ewbanck da Câmara, 90 – Madureira – Rio de Janeiro
Entrada franca
Kbela
11/7 - 18h30 | 16 anos
A diretora Yasmin Thayná resolve abandonar toda essa dinâmica conservadora e empodera mulheres negras através de seus cabelos crespos, uma das principais características da etnia negra e que deve, sempre, ser celebrada.
Francisca
18/7 - 18h30 | 16 anos
O curta-metragem Francisca tem como missão recontar a história de Francisca da Silva de Oliveira mais conhecida como Xica da Silva, personagem histórica que ficou conhecida pela dramaturgia brasileira.
Tia Ciata
25/7 - 18h30 | Livre
Dirigido pelas cineastas Mariana Campos e Raquel Beatriz, o curta narra a história de Hilária Batista de Almeida a partir da perspectiva da visibilidade da mulher negra na sociedade brasileira.
CURRÍCULOS DAS FOTÓGRAFAS
Aparecida Silva é artista visual e professora, com formação em Licenciatura pela Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ e atuação na área de ensino desde 1996. Atualmente, tendo interesse de pesquisa envolvendo concepção de objetos, instalações, e também em práticas de arte coletiva. Desenvolve projetos e pesquisa no campo da fotografia documental, foto-instalações e processos alternativos.
Fernanda Dias é fotojornalista carioca, iniciou a carreira em 2004, cobrindo eventos no Rio de Janeiro e em São Paulo. Desde 2008, trabalha como freelancer em veículos de comunicação como Central Globo de Produção, e os jornais O Globo, Extra e O Dia. Participou de importantes coberturas jornalísticas, como o Massacre na Escola Tásso da Silveira, em Realengo, RJ, grandes manifestações políticas e eventos de moda, como Fashion Rio, além de ministrar palestras em cursos e faculdades. Em Junho de 2016 lançou o Livro Identidades Rurais, que através de imagens documenta o cotidiano rural do Brasil. Há cinco anos, trabalha em seu projeto autoral Raízes do Vale, que lida com religiosidade, manifestações de grupos de cultura popular e agricultura familiar na região do Vale do Café, interior do Estado do Rio.
Thaís Alvarenga é fotógrafa documentarista residente da Favela da Vila Kennedy na Cidade do Rio de Janeiro, integrante do coletivo Negras [fotos] Grafias, e uma das fundadoras do Coletivo Crua – Coletivo Criativo de Rua (documenta os Quilombos que vivem na Costa Verde do Estado do Rio de Janeiro) e do Projeto Vivência das Manas, onde trabalha com a parte pedagógica, ensinando fotografia para jovens mulheres periféricas, suas vizinhas na Vila Kennedy. Formada pela Escola de Fotógrafos Populares do Imagens do Povo e Estudante de Comunicação Social, entre 2013 e 2017 teve suas obras expostas no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro – MAM, na Biblioteca Parque Rocinha, na Galeria 535 do Observatório de Favelas, no Galpão Bela Maré e em inúmeras instalações em varais fotográficas pelas ruas da cidade.
Valda Nogueira é fotógrafa e artista visual carioca. Tem formação e atuação em fotografia documental humanista. Povos, territórios, ancestralidade e cultura são os temas centrais de seus projetos autorais e documentações fotográficas. Atualmente estuda Artes Visuais na Universidade Estadual do Rio de Janeiro, integra o coletivo Farpa e é membro da plataforma de mulheres fotojornalistas Women Photograph.
Thaís Rocha (CURADORA) é fotógrafa e pesquisadora. Mestre em Artes pelo Instituto de Artes da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), formada em Educação Ambiental pela PUC-Rio (2010) e em Fotografia pela Escola de Fotógrafos Populares (Imagens do Povo/ Observatório de Favelas, 2012). Desde 2013 é assistente da coordenação de projetos, assistente de curadoria e administra a Luz Tropical Cultura & Produções LTDA, produtora que realiza o FotoRio - Encontro Internacional de Fotografia do Rio de Janeiro, dentre outros eventos.
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