[Crítica] Midsommar - O Mal Não Espera a Noite


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Sinopse:
Após vivenciar uma tragédia pessoal, Dani (Florence Pugh) vai com o namorado Christian (Jack Reynor) e um grupo de amigos até a Suécia para participar de um festival local de verão. Mas, ao invés das férias tranquilas com a qual todos sonhavam, o grupo vai se deparar com rituais bizarros de uma adoração pagã. 


O que eu achei? 


É preciso dizer, antes de mais nada, que Midsommar não é o tipo de filme que vai te causar medo. Você provavelmente vai experienciar repulsa ou até mesmo enjoo, dependendo do quão sensível você é. Mas medo, definitivamente, não. Até porque um filme de horror não precisa, necessariamente, causar medo. Midsommar é um minucioso estudo sobre o luto e sobre as diversas faces do paganismo.
Trata-se do segundo filme de Ari Aster, que estreou como longa-metragista com o sucesso de crítica Hereditário, filme de horror cujo tema é o luto. Em Midsommar, ele retoma não só a questão do luto como também torna uma seita como elemento central de horror do filme. Dani, interpretada por uma quase sempre chorosa Florence Pugh,  passa o pior momento de sua vida. 
Após passar por uma situação extremamente traumática, construída brilhantemente logo no início do filme, a garota conta apenas com o apoio de Christian (Jack Reynor), seu namorado. Entretanto, o relacionamento dos dois também já não é um mar de rosas. Enquanto Dani procura apoio incondicional e reciprocidade, Christian parece cada vez mais longe. Em uma tentativa de tentar se livrar da sombra do luto e, de certa forma, salvar seu relacionamento com Christian, Dani decide acompanhá-lo a um festival em uma pequena vila na Suécia, junto com o resto dos amigos de faculdade de seu namorado, que, em grande parte, desaprovam sua presença. E esta vila, onde o sol nunca se põe, não se pode esconder do horror que os espera. 
O filme tem alguns pequenos problemas, especialmente no que diz respeito a seu ritmo. Muitos elementos narrativos são plantados e depois mal utilizados, como o aniversário de Dani e um subplot absurdo sobre plágio de teses, que fazem com que a estória não engrene da maneira que ela deveria engrenar. O seu grande trunfo, a meu ver, é a construção e ressignificação do uso da seita como elemento de horror, que eu, particularmente, acredito que ele não faça não bem em Hereditário. 
Ao contrário de Hereditário, a seita não é a grande vilã do filme. Muito pelo contrário, o paganismo é naturalizado, tratado como um mero traço cultural daquele vilarejo. A seita, neste caso, tem o poder um poder benevolente, que será experimentado por Dani. O que a princípio não estava em seus planos, torna-se exatamente o que ela procurava. No filme, os moradores do vilarejo vivem em uma espécie de catarse coletiva. E é experienciando esta catarse que fará com que Dani se liberte de seu luto. Mesmo que o custo disso seja pago com sangue e fogo. 

A natureza, portanto, tem um papel central. Ela pulsa, junto aos personagens e muitas vezes torna-se parte deles. É uma forma de mostrar como tudo naquela vila está integrado, em harmonia. O sacrifício, para os de fora violento, é, para os que estão do lado de dentro, algo magnífico. E Aster retrata esta violência, de certa forma, de forma imageticamente poética. No fim das contas, Midsommar trata-se de uma grata surpresa, que esconde-se por trás de alguns fios narrativos perdidos lá e cá. É preciso paciência, mas, ao final do filme, o seu olhar sobre vida, morta e, especialmente, aquilo que não nos é comum, não é mais o mesmo.

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