[News] "Alice Júnior" será exibido no Festival de Vitória
O filme fala sobre a adolescência, suas inquietações, seus sonhos e retrata a escola como um ambiente de ensino indispensável, mas que muitas vezes pode ser opressor. O diretor Gil Baroni, o roteirista e criador da ideia original Luiz Bertazzo e o co-roteirista Adriel Nizer Silva, desenvolveram a história ao longo de um ano e meio.
“O primeiro beijo é algo tão bonito e simples, uma conquista de todo ser humano quando passa pela jornada de maturação e começa a compreender sua independência e importância no mundo. Parece fácil contar a história do primeiro beijo na adolescência. No entanto, a complexidade nasce quando esse primeiro beijo acontece com um corpo trans. Isso porque o Brasil carrega uma vergonhosa estatística: é o país que mais mata transexuais no mundo e a expectativa de vida de uma pessoa trans é 35 anos. Alice é trans e sua existência é sinônimo de resistência”, explica Baroni.
A protagonista é interpretada pela atriz trans Anne Celestino Mota. A produção fez uma chamada de casting em uma rede social e várias pessoas se candidataram, inclusive Anne.
“Na primeira conversa com Anne percebemos que ela preenchia o perfil físico, além de ser uma jovem militante consciente e contestadora. Marcamos uma conversa por skype com ela e a mãe (Somália Celestino) e ficamos surpresos: havíamos encontrado uma forte candidata ao papel de Alice Júnior!”, complementa Baroni.
A atriz, nativa de Recife, visitou a equipe em Curitiba e após várias conversas não só ganhou o papel de Alice como contribuiu com várias mudanças na escrita do roteiro, pois a equipe entendeu que a história deveria ser contada a partir do seu olhar, da sua militância, suas experiências e que seu lugar de fala deveria ser respeitado.
“O filme traz uma personagem trans para o protagonismo da história. Como contar essa história sendo coerente com a realidade de um país transfóbico, mas ao mesmo tempo como fazer com que essa personagem tivesse força para representar a coragem, a superação e a vitória? Esse foi o maior desafio. Fazer um filme que falasse sobre todas essas questões com verossimilhança. E para isso eu estava sempre ouvindo e antenado com a Anne, que nos ensinava muitas questões sobre o universo trans”, conta o diretor.
Ser trans no Brasil é um ato de resistência. Alice é uma mulher trans e portanto seu corpo é político e questiona o padrão imposto. Ela não se esconde, se expõe através da internet, do seu vlog, não teme a câmera e diz o que pensa sobre o mundo. Selfies, vlogs, lives são meios de expressão e resistência. Alice é mulher trans que resiste através da construção de sua imagem. Imagem. Identidade. Fortaleza! Alice é agente de TransFormação.
“Gostaríamos que a história de Alice Júnior tocasse os corações do mundo e sensibilizasse as pessoas que ainda não compreenderam a beleza da diversidade de cada ser humano. Desejamos que o filme seja um estímulo para as pessoas que estão descobrindo a relevância de seus corpos tal como são (e não como querem que sejam: corpos dóceis). E queremos que o filme seja inspiração para os que continuam resistindo e quebrando paradigmas tóxicos à humanidade”, conclui Baroni.
“Alice Jr.” tem previsão de estreia comercial no Brasil em 2020 pela Olhar Distribuição.
Ficha técnica:
86 min | 2019 | Cor | PR | CLASSIFICAÇÃO INDICATIVA: 10 anos
Direção: Gil Baroni, elenco: Anne Celestino Mota, Emmanuel Rosset, Matheus Moura, Surya Amitrano, Thais Schier, Igor Augustho, Gustavo Piaskoski, Kátia Horn, Cida Rolim, Marcel Szymanski.
Sinopse: Alice Júnior é uma youtuber trans cercada de liberdades e mimos. Depois de se mudar com o pai para uma pequena cidade onde a escola parece ter parado no tempo, a jovem precisa sobreviver ao ensino médio e ao preconceito para conquistar seu maior desejo: dar o primeiro beijo
Sobre a produtora
A Beija Flor Filmes quer fazer florescer um cinema que humanize o que é culturalmente oprimido, que conte histórias e crie encantamento onde só havia preconceito, e faça isso com a sensibilidade e precisão que nosso tempo exige. Isso tudo dentro de uma sociedade ainda repleta de tabus e julgamentos, e que continua a criar novos à medida em que combate os velhos. Queremos, portanto, ser o agente polinizador de um olhar que se esquive das soluções simplistas, e que busque, em seu lugar, as perguntas certas.
Nos últimos anos nossos curtas-metragens, especialmente os de temática LGBTQI+, vem se destacando no circuito de festivais. “Horizonte de Eventos” (2016) - 2 prêmios em 20 seleções em festivais; “Os Herdeiros” - 2 prêmios em 9 seleções em festivais; “Megg - A Margem que Migra para o Centro” (2018) - 5 prêmios em 44 seleções em festivais; “Primavera de Fernanda” (2018) - 12 prêmios e 3 menções honrosas em 45 seleções em festivais; e “Bicha-bomba” (2019) - 3 prêmios em 23 seleções em festivais. Totalizando 141 seleções em festivais nos últimos 3 anos, com filmes potentes que se destacaram não só no Brasil como em inúmeros países ao redor do mundo. “Alice Júnior” vem a coroar esta fase da produtora, como o primeiro longa-metragem desta leva de filmes, já com estreia em festivais marcada na Mostra Competitiva de Longas do prestigioso 26º Festival de Cinema de Vitória.
Sobre a distribuidora
A Olhar Distribuição nasceu do desejo de buscar a pluralidade de experiências, de visões de mundo, de mostrar a diversidade que existe no contexto em que vivemos. Cada filme tem um universo próprio, repleto de cores, texturas, sorrisos, dilemas e culturas singulares. Nosso objetivo é respeitar cada obra e transpor as fronteiras que limitam os mundos ficcionais e reais, e levando-as a outros olhares, cercados de realidades distintas, a fim de sensibilizar e provocar a reflexão.
Os filmes já distribuídos pela Olhar são: Meu Corpo é Político, A gente, Ferrugem, Homem Livre, António Um Dois Três, Eleições, Dias Vazios, A parte do mundo que me pertence e Rafiki.
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