[Crítica] Wasp Network
Sinopse:
O que eu achei?
O elenco de WASP Network reúne as maiores estrelas do cinema latino mundial. Temos Edgar Ramirez ( o Gianni Versace da série The assassination of Gianni Versace), ator venezuelano, Penélope Cruz ( de Volver) representando a Espanha, Gael García Bernal ( de O Crime do Padre Amaro) que é mexicano, Leonardo Sbaraglia pela Argentina ( talvez ele só perca para Ricardo Darín em popularidade) e fechamos com Wagner Moura, nossa cota brasileira no filme. Sim, se você leu a sinopse deve se perguntar porque não há nenhum ator cubano, e eu já respondo que no time principal há uma somente, Ana de Armas, que faz o papel de Ana Margarita. Esse primeiro parágrafo já deixa claro que para qualquer fã do cinema desses países – apesar da produção envolver a França e o diretor ser francês, a França não tem nenhum representante em cena ou por trás das câmeras – ver todos esses grandes nomes reunidos cria grandes expectativas. Mas, não saber muito sobre a história do filme, pode prejudicar a experiência.
Afinal, nem todo brasileiro conhece a fundo os grupos que se rebelaram contra o regime de Fidel Castro em Cuba, e aqui já aviso que o roteiro de Olivier Assayas, um doa maiores diretores do cinema francês da atualidade – não contribui de forma didática. Temos uma Cuba da década de 90, a primeira cena aparece René Gonzalez ( Edgar Ramirez) correndo pelas antigas construções da cidade, tudo é muito mais antigo do que poderia ser na década de 90, e muito mal cuidado. Ele logo aparecerá em sua casa, conheceremos sua filha e a esposa (interpretada por ninguém menos que Penélope Cruz) para então o vermos saindo para trabalhar em ônibus extremamente apertados e velhos e vir uma cena com ele pilotando, sabemos pela TV que ele voou até os Estados Unidos e fugiu de seu país, deixando Olga ( Penélope) com a criança. O primeiro sentimento é muita raiva, afinal não importa sua ideologia, a família deve vir em primeiro lugar, certo? Errado, para ele, a família fica em segundo, ainda que espere o perdão diário de sua esposa enviando cartas que ela nem tem coragem de abrir. Em Cuba, a família vive pior sem o salário dele, mas ele está preocupado com a revolução, com conseguir libertar mais cubanos e leva-los para os Estados Unidos, para quem luta por algo, o que ele faz é o correto, errado é não fazer nada para mudar.
A questão aqui é que sabemos que os Castro continuaram no poder até ano passado...mas voltemos ao filme. René não é o único cubano que foge para Cuba, Juan Pablo Roque ( Wagner Moura) busca uma vida melhor e vai nadando até os Estados Unidos, trabalhando depois na rede Vespa – ou como o nome diz no original e título do filme: Wasp Network – , apesar de Rene e Juan serem os grandes protagonistas o grupo também conta com José Basulto ( Leonardo Sbaraglia) e o personagem de Gael Garcia Bernal .
Wagner Moura está excelente, ele é sedutor, cruel e encantador ao mesmo tempo, quando se casar com Ana Margarita ela verá que o pobre homem que só queria fugir de Cuba, na verdade é extremamente ambicioso, algo que achei estranho era que os 2 personagens são cubanos, que sentido tem ela falar com ele quando o conhece em inglês? Algumas outras cenas ela também inicia em inglês e depois passa para o espanhol. Moura fala nos 2 idiomas e ainda em russo, assim como Edgar, um desafio imenso, para carreira de ambos.
Edgar é um show à parte, seu René tem momento de irritar o espectador e de sentirmos pena, ele transita maravilhosamente bem nesse meio de campo. Ambos são pilotos e quando procuram emprego encontrarão nos voos anti-Castro que na verdade não são exatamente somente contra o governo de Cuba da época, mas também para se fortalecerem são envolvidos com o tráfico de drogas de alguns países latinos.
Não sou profunda conhecedora de sotaques mas o de Sabaraglia é tão argentino que se destaca, admiro muito o ator, mas acho que poderiam ter trabalhado melhor para não acontecer isso, talvez não tenha mesmo dado tempo, as filmagens do longa de acordo com recente entrevista com o diretor iniciaram em dezembro de 2018 e o filme foi lançado no festival de Veneza desse ano.
Rodrigo Teixeira, o brasileiro que produtor do longa e que tem no currículo o sensacional Me Chame pelo seu nome, disse em entrevistas que correram atrás do tempo para terem autorizações de filmarem em tantos países, Cuba, claro, foi o mais complicado de conseguirem, Há uma cena envolvendo famosos hotéis de Havana que seria difícil filmar somente em estúdio, não conto mais para não estragar as surpresas do roteiro, até porque essa e uma cena de caças atacando aviões invadindo o espaço cubano para fazerem atos de revolução são as 2 melhores para mim.
Se o roteiro confunde, relembrar alguns momentos que não me lembrava muito bem são interessantes, há declarações do então presidente Bill Clinton sobre ataques e das buscas por espiões que são os momentos mais tensos.
Falta maiores explicações? Sim. Mas o filme é salvo pelo esforço do elenco, pela direção acertada de Assayas e por atuações memoráveis como as de Penélope Cruz, drama é com ela mesma.
No fim, esperava muito mais, mas não é um filme que não valha a pena ser visto, mas acredito que a experiência teria sido melhor se tivesse lido o livro antes.
Trailer:
Durante a década de 1990, o
governo de Cuba decidiu instalar um grupo de espiões em plena Flórida, no
intuito de combater movimentos instalados no local, que buscavam desestabilizar
o país com o objetivo de derrubar Fidel Castro.
O que eu achei?
O elenco de WASP Network reúne as maiores estrelas do cinema latino mundial. Temos Edgar Ramirez ( o Gianni Versace da série The assassination of Gianni Versace), ator venezuelano, Penélope Cruz ( de Volver) representando a Espanha, Gael García Bernal ( de O Crime do Padre Amaro) que é mexicano, Leonardo Sbaraglia pela Argentina ( talvez ele só perca para Ricardo Darín em popularidade) e fechamos com Wagner Moura, nossa cota brasileira no filme. Sim, se você leu a sinopse deve se perguntar porque não há nenhum ator cubano, e eu já respondo que no time principal há uma somente, Ana de Armas, que faz o papel de Ana Margarita. Esse primeiro parágrafo já deixa claro que para qualquer fã do cinema desses países – apesar da produção envolver a França e o diretor ser francês, a França não tem nenhum representante em cena ou por trás das câmeras – ver todos esses grandes nomes reunidos cria grandes expectativas. Mas, não saber muito sobre a história do filme, pode prejudicar a experiência.
Afinal, nem todo brasileiro conhece a fundo os grupos que se rebelaram contra o regime de Fidel Castro em Cuba, e aqui já aviso que o roteiro de Olivier Assayas, um doa maiores diretores do cinema francês da atualidade – não contribui de forma didática. Temos uma Cuba da década de 90, a primeira cena aparece René Gonzalez ( Edgar Ramirez) correndo pelas antigas construções da cidade, tudo é muito mais antigo do que poderia ser na década de 90, e muito mal cuidado. Ele logo aparecerá em sua casa, conheceremos sua filha e a esposa (interpretada por ninguém menos que Penélope Cruz) para então o vermos saindo para trabalhar em ônibus extremamente apertados e velhos e vir uma cena com ele pilotando, sabemos pela TV que ele voou até os Estados Unidos e fugiu de seu país, deixando Olga ( Penélope) com a criança. O primeiro sentimento é muita raiva, afinal não importa sua ideologia, a família deve vir em primeiro lugar, certo? Errado, para ele, a família fica em segundo, ainda que espere o perdão diário de sua esposa enviando cartas que ela nem tem coragem de abrir. Em Cuba, a família vive pior sem o salário dele, mas ele está preocupado com a revolução, com conseguir libertar mais cubanos e leva-los para os Estados Unidos, para quem luta por algo, o que ele faz é o correto, errado é não fazer nada para mudar.
A questão aqui é que sabemos que os Castro continuaram no poder até ano passado...mas voltemos ao filme. René não é o único cubano que foge para Cuba, Juan Pablo Roque ( Wagner Moura) busca uma vida melhor e vai nadando até os Estados Unidos, trabalhando depois na rede Vespa – ou como o nome diz no original e título do filme: Wasp Network – , apesar de Rene e Juan serem os grandes protagonistas o grupo também conta com José Basulto ( Leonardo Sbaraglia) e o personagem de Gael Garcia Bernal .
Wagner Moura está excelente, ele é sedutor, cruel e encantador ao mesmo tempo, quando se casar com Ana Margarita ela verá que o pobre homem que só queria fugir de Cuba, na verdade é extremamente ambicioso, algo que achei estranho era que os 2 personagens são cubanos, que sentido tem ela falar com ele quando o conhece em inglês? Algumas outras cenas ela também inicia em inglês e depois passa para o espanhol. Moura fala nos 2 idiomas e ainda em russo, assim como Edgar, um desafio imenso, para carreira de ambos.
Edgar é um show à parte, seu René tem momento de irritar o espectador e de sentirmos pena, ele transita maravilhosamente bem nesse meio de campo. Ambos são pilotos e quando procuram emprego encontrarão nos voos anti-Castro que na verdade não são exatamente somente contra o governo de Cuba da época, mas também para se fortalecerem são envolvidos com o tráfico de drogas de alguns países latinos.
Não sou profunda conhecedora de sotaques mas o de Sabaraglia é tão argentino que se destaca, admiro muito o ator, mas acho que poderiam ter trabalhado melhor para não acontecer isso, talvez não tenha mesmo dado tempo, as filmagens do longa de acordo com recente entrevista com o diretor iniciaram em dezembro de 2018 e o filme foi lançado no festival de Veneza desse ano.
Rodrigo Teixeira, o brasileiro que produtor do longa e que tem no currículo o sensacional Me Chame pelo seu nome, disse em entrevistas que correram atrás do tempo para terem autorizações de filmarem em tantos países, Cuba, claro, foi o mais complicado de conseguirem, Há uma cena envolvendo famosos hotéis de Havana que seria difícil filmar somente em estúdio, não conto mais para não estragar as surpresas do roteiro, até porque essa e uma cena de caças atacando aviões invadindo o espaço cubano para fazerem atos de revolução são as 2 melhores para mim.
Se o roteiro confunde, relembrar alguns momentos que não me lembrava muito bem são interessantes, há declarações do então presidente Bill Clinton sobre ataques e das buscas por espiões que são os momentos mais tensos.
Falta maiores explicações? Sim. Mas o filme é salvo pelo esforço do elenco, pela direção acertada de Assayas e por atuações memoráveis como as de Penélope Cruz, drama é com ela mesma.
No fim, esperava muito mais, mas não é um filme que não valha a pena ser visto, mas acredito que a experiência teria sido melhor se tivesse lido o livro antes.
Trailer:
Escrito por Raffa Fustagno
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