[Crítica] O Relatório

Sinopse:
Após os atentados terroristas de 11 de setembro de 2001, a CIA passou a adotar o uso da tortura como meio de obter informações de pessoas consideradas ameaças ao país, sob a justificativa de evitar a todo custo que um ataque do tipo acontecesse mais uma vez. Trabalhando para a senadora Dianne Feinstein (Annette Bening), o agente Daniel J. Jones (Adam Driver) inicia, em 2007, uma investigação interna acerca de denúncias sobre a destruição de fitas de interrogatório por parte da CIA, divulgadas através de reportagem publicada pelo jornal New York Times. Com muita dificuldade em conseguir os documentos necessários, Daniel dedica-se ao relatório por quase uma década, sem saber se um dia as descobertas por ele feitas serão expostas ao público

                  O que eu achei?
O Relatório foi um filme difícil de digerir, não por ser mal escrito, mal feito, ou algo do tipo, ao contrário, sua narrativa é tão brilhante que saí do cinema sentindo um peso no peito, o mesmo sentido pelo protagonista em vários momentos do filme, uma sentimento misto de incredulidade e fé pelo desfecho e passei boa parte do meu dia a seguir tentando decifrar o que o filme causou em mim.

A história é simples: uma investigação do Senado americano aos métodos implantados aos prisioneiros da CIA envolvidos com os ataques de 11/09. Mas toda a ausência de complexidade acaba aí: primeiro se trata de uma história real, segundo o que o relatório vai mostrar é difícil de se acreditar que tenha acontecido em pleno séc XXI.
Vendo o filme, uma das coisas que mais me deixou com a sensação de envolvimento nos fatos, foi o fato de a história se desenrolar em descoberta de acontecimentos para o elenco que investigava os atos da inteligência americana, você descobria com eles os atos que levaram a necessidade de uma regulação aos atos da agência.

Ao mesmo tempo que a investigação seguia, a própria lei era usada a favor de sua quebra, e em muitos momentos ficamos divididos em relação aos limites da moralidade humana e o que vale o preço da sensação de segurança de uma sociedade.
O mesmo se aplica a quem em nossos dias, em nossa sociedade, aplaude comportamentos como os exibidos no filme Tropa de Elite, onde não importa o quão desumano seja o método, o que importa são os resultados. Onde os limites do que é correto são linhas tão tortas, que mal se pode traçar um percurso. Mas o filme segue, mostrando que não são todos que concordam com o modo de agir de alguns e que não há razão para certos comportamentos por parte do poder público em nome de um bem maior.

Mas há muita trama a se seguir, onde a verdade exposta precisa ser posta a prova, se será divulgada ou não e muitas outras questões burocráticas (aliás a burocracia é quase um personagem por si só na história) e é justamente aí que eu comecei a me sentir como me senti o restante do tempo em que pensei no filme, com uma sensação de agonia, um nó no peito que não sei bem a causa ainda, mas que não quer passar. E tudo isso por conta de seu desfecho, que deixará os senhores reflexivos também.

Esse é um filme que mexeu comigo, vou assistir de novo em breve, mas com a certeza que precisarei de um tempo pra voltar ao normal, mas talvez esse filme tenha me mudado para sempre, quando o assunto é: até onde devemos ir para assegurar a paz da sociedade?

                        Trailer:
4

Escrito por Maisa Evelyn da Silva Pires


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