[News] ‘Rigoletto’, de Verdi, ganha sessão extra no sábado, 9, às 22h, no ‘Ópera na Tela’ devido a grande procura
Composta em 40 dias, a obra “Rigoletto” foi atacada, antes mesmo de estrear, por sua “imoralidade repulsiva” e pela “frivolidade obscena da trama”, segundo decreto oficial do Departamento de Ordem Pública de Veneza. Porém, em 1861, dez anos depois de apresentada pela primeira vez no teatro La Fenice, a ópera já registrava 300 apresentações, passando à história como um dos maiores sucessos de Verdi. A primeira encenação foi em 1851, no Teatro La Fenice, de Veneza.
A atual montagem dirigida por Philipp Stölzl e tendo como maestro Enrique Mazzola traz como cenário o imenso palco flutuante em Bregenz, na Áustria, que paira sobre o lago de Constança, diante de uma arquibancada de sete mil lugares. Com 14 metros de altura, o palco central é capaz de ser levantado, abaixado e deslocado – graças a um dispositivo móvel – em diferentes direções.
Uma enorme cabeça constitui o principal elemento do cenário: é o lugar onde está instalado o duque de Mântua. Nela, ele ocupa ora os olhos (os quais, vazios, parecem com camarotes de um teatro, de onde ele assiste ao espetáculo), ora a boca (que engole Gilda no momento de seu sequestro) ou ainda o topo do crânio. À medida em que se acentua a decadência de Rigoletto, a cabeça vai perdendo os dentes, os olhos e o nariz para se tornar, no fim, o covil no qual se esconde Sparafuccile. Duas gigantescas mãos de nove metros de altura completam o cenário, servindo tanto como abrigo como para chamar a atenção para os personagens.
O conceito de Stölzl para esta montagem não é exatamente cerebral, mas sim uma combinação poderosa de sensibilidade emocional e imaginação criadora. Toda a corte de Mântua se faz presente na condição de uma trupe de circo, na qual o próprio duque desempenha o papel de mestre de cerimônias; Monterone, o de mágico; Sparafuccile, o de um esqueleto humano lançador de facas e assim por diante. O espetáculo técnico é, por si só, um elemento fundamental da montagem, mas o cerne da produção reside na profunda exploração das emoções da ópera e de sua tradição de representação física.
Os cantores são todos excelentes, tanto por suas qualidades vocais como pela sua competência dramática. Triunfante em todas as suas intrigas, a francesa Mélissa Petit, que tem feito sua carreira basicamente nos países de língua alemã, é uma Gilda sedutora e astuciosa. Da mesma forma, Vladimir Stoyanov está perfeito como Rigoletto, evitando os excessos vocais e dramáticos geralmente associados ao papel. Stephen Costello tem um ótimo desempenho como duque de Mântua, com uma voz clara e penetrante.
Sob a direção de Enrique Mazzola, a Orquestra Sinfônica de Viena oferece uma performance refinada, que tem o cuidado de conferir maior leveza a trechos às vezes tocados de forma bem mais enfática. Ela inclui solistas soberbos, entre os quais merecem atenção especial o oboé e o violoncelo.
(texto da curadora Emmanuelle Boudier)
RIGOLETTO, de Giuseppe Verdi
Festival de Bregenz
Maestro: Enrique Mazzola
Direção: Philipp Stölzl
Figurino: Kathi Maurer
Orquestra: Wiener Symphoniker
Coros: Festival de Bregenz e Filarmônico de Praga
Ópera em três atos.
Libreto de Francesco Maria Piave, baseado na peça Le Roi s´amuse, de Victor Hugo.
Cantado em italiano, com legendas em português
Encenado pela primeira vez em 1851 no Teatro La Fenice, Venezia.
Duração: 2h10
Elenco: Vladimir Stoyanov (Rigoletto), Mélissa Petit (Gilda), Stephen Costello (Duca) e Miklos Sebestyen (Sparafuccile)
Sinopse: O Bobo da corte do Duque de Mántoua, Rigoletto, é odiado por todos, especialmente pelo Conde Ceprano, cuja esposa o Duque deseja. Amaldiçoado pelo Conde Monterone, tem sua filha Gilda raptada e cortejada pelo Duque disfarçado. Em uma armadilha, Rigoletto contrata o assassinato da própria filha, pensando ser para o Duque, e cai em desespero.
O FESTIVAL
A edição 2019 do Festival Ópera na Tela volta ao Parque Lage pelo quinto ano, de 31 de outubro a 12 de novembro, exibindo uma récita europeia por dia em montagens grandiosas em tela gigante, com alta qualidade de som e imagem, cadeiras confortáveis e preços acessíveis. As projeções ao ar livre, em uma tenda montada a céu aberto, homenageiam Verdi - exibindo cinco de suas composições mais famosas - além de obras de Mozart, Puccini e Wagner, entre outros. Antes do Rio, o evento fez sua estreia em São Paulo, no Museu da Casa Brasileira (de 18 e 27 de outubro). E na sequência, o festival seguirá para salas de cinema de diversas capitais do país com programação até meados de 2020.
Em cópias digitais e legendadas, as 12 récitas exibidas integraram a temporada europeia recente e trazem diversidade na programação em montagens clássicas e releituras mais contemporâneas, tornando a atualidade lírica mundial acessível ao público brasileiro através da tela. Algumas das produções apresentadas no festival podem chegar a custar até três milhões de euros e raramente são montadas fora da Europa e quase nunca na América Latina. Destaque também para a ópera multimídia “Liquid Voices – a História de Mathilda Segalescu” da brasileira Jocy de Oliveira.
A programação completa do festival pode ser conferida no site: www.operanatela.com
A vinheta do festival: https://youtu.be/ft11YxXbchw
O festival Ópera na Tela tem produção da Bonfilm– responsável também pelo Festival Varilux de Cinema Francês – e da Atti Comunicação, e conta com patrocínio master da Leroy Merlin, de Sofitel Hotels & Resorts, Ministério da Cidadania, Governo do Estado de São Paulo, por meio da Secretaria de Cultura e Economia Criativa, Prefeitura do Rio de Janeiro, Secretaria Especial da Cultura, Governo do Estado do Rio de Janeiro, Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa, Lei de Incentivo à Cultura do Rio de Janeiro e Secretaria Municipal de Cultura, Lei Municipal de Incentivo à Cultura - Lei do ISS. E com o patrocínio da EDF e de EDENRED TICKET.
Serviço:
Festival ÓPERA NA TELA no Rio de Janeiro
Ingressos: https://site.bileto.sympla.com.br/operanatelario/
Data: até 12 de novembro
Horário: Segunda a Sábado às 19h e Domingos às 18h.
Local: Parque Lage - R. Jardim Botânico, 414 - Jardim Botânico
Ingressos: R$24 (inteira) e R$12 (meia)
Assinantes do jornal O Globo pagam meia entrada.
Capacidade: 500 lugares
Classificação indicativa: Livre ou 14 anos, dependendo da obra
Outras informações: meia entrada conforme legislação e para classe artística mediante comprovação
Sobre o Festival Ópera na Tela
Em sua quinta edição, o Festival Ópera na Tela exibe 12 óperas europeia inéditas e recentes em uma tenda montada ao ar livre no Parque Lage, com telão, espreguiçadeiras e som de última geração até o dia 12 de novembro. Em São Paulo, pela primeira vez, a tela gigante foi montada no Museu da Casa Brasileira com projeções entre 18 e 27 de outubro. A seleção de peças líricas entra em diversas cidades brasileiras até meados de 2020.
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