[News] Egito Antigo: do cotidiano à eternidade é destaque da programação de fim de ano
Rio de Janeiro, dezembro de 2019 – A exposição Egito Antigo: do cotidiano à eternidade, que superou a marca de 700 mil visitantes, é destaque na programação cultural deste fim de ano no Rio de Janeiro. Em cartaz no Centro Cultural Banco do Brasil, a mostra gratuita reúne 140 peças que têm em comum a relevância para o entendimento da cultura egípcia, que manteve parcialmente os mesmos modelos religiosos, políticos, artísticos e literários por três milênios. A mostra tem patrocínio do Banco do Brasil, BB DTVM, BB Seguros e copatrocínio da Brasilprev. A produção e organização são da Art Unlimited.
Aspectos da historiografia geral do Egito Antigo serão apresentados de forma didática e interativa, por meio de esculturas, pinturas, amuletos, objetos cotidianos, um Livro dos Mortos em papiro, objetos litúrgicos e ostracons (fragmento de cerâmica ou pedra usados para escrever mensagens oficiais), além de sarcófagos, múmias de animais e uma múmia humana da 25ª dinastia. “O principal fulcro é possibilitar a um público muito grande e diverso um entendimento qualificado sobre a cultura egípcia”, explica Pieter Tjabbes, junto com Paolo Marini curador da mostra. “Organizamos as obras em diversos recortes, diferentes instâncias, ultrapassando limites temporais e regionais”, completa. Para o público entender melhor em qual contexto os objetos eram usados, terão uma réplica da tumba de Nefertari e uma pirâmide cenográfica, medindo seis metros de altura, que ficará na Rotunda do CCBB RJ.
Egito Antigo
Por volta de 4000 a.C., os povos do Egito viviam em pequenas unidades políticas, os nomos, e eram governados por nomarcas, que se reuniram em dois reinos, o Baixo Egito, ao norte, e o Alto Egito, ao sul. Reconhecido como berço de umas das primeiras grandes civilizações da Antiguidade, o Egito Antigo se formou a partir da unificação do Alto Egito e Baixo Egito, no reinado de Menés (Narmer, em grego), o primeiro faraó, entre 3.100 a.C. e 3.000 a.C. – e se desenvolveu até 30 a.C., após a derrota de Cleópatra pelo Império Romano, na Batalha de Alexandria. Foram quase 3.000 anos de relativa estabilidade política, prosperidade econômica e florescimento artístico, alternados por períodos de crises. O legado dessa civilização desperta fascínio até hoje e teve grande influência na moda, no design, na arquitetura e em cultos europeus, como a maçonaria e a Rosa Cruz, sendo que, a partir do século 19, virou mania na Europa (egiptomania).
Muitas das peças de Egito Antigo: do cotidiano à eternidade são resultantes de escavações do século 19 e início do século 20, e todas são oriundas do Museu Egípcio de Turim (Museo Egizio), na Itália. Fundado em 1824 por Carlo Felice di Savoia, rei da Sardenha, o museu italiano reúne a segunda maior coleção egiptológica do mundo (depois do Museu do Cairo), com cerca de 26.500 artefatos do Egito Antigo. Seu acervo é resultado da junção das peças da Casa Savoia (adquiridas desde o século 17) às da coleção que o monarca comprara das escavações de Bernardino Drovetti, cônsul da França no Egito (1820-1829) – e outra parte do acervo foi descoberta pela Missão Arqueológica Italiana (1900-1935), quando ainda era possível a divisão dos achados arqueológicos
A exibição é dividida em três seções: vida cotidiana, religião e eternidade, que ilustram o laborioso cotidiano das pessoas do vale do Nilo, revelam características do politeísmo egípcio e abordam suas práticas funerárias. Cada seção apresenta um tipo particular de artefato arqueológico, contextualizado por meio de coloração e iluminação projetadas para provocar efeitos perceptuais, simbólicos e evocativos. As cores escolhidas são: amarelo para a seção da vida cotidiana; verde para a religião; azul para as tradições funerárias – associadas a três intensidades da iluminação (brilhante, suave e baixa).
Vida cotidiana
O dia no Egito Antigo começava quando os primeiros raios de luz emergiam do akhet (horizonte) para iluminar Kemet, a terra negra (Egito). Este também é o momento em que a jornada de Egito Antigo: do cotidiano à eternidade tem início: o cotidiano é apresentado por meio de vídeos e fotografias – do Nilo, de sítios arqueológicos, tumbas e objetos importantes. As imagens transportam o público para o modo de vida de uma civilização intimamente ligada à figura do Sol, Deus representado em pinturas, escritos, adereços e objetos, entre outros artefatos, relacionados ao Egito Antigo.
O amarelo que colore essa seção está associado ao Sol, mas também ao ouro (material do qual a pele dos deuses era feita), assim como ao tom ocre comumente usado em Deir Almedina – a vila abrigava trabalhadores das tumbas do Vale dos Reis, de onde vêm a maior parte da informação sobre o dia a dia dos antigos egípcios.
Por meio dos objetos expostos – adornos, artigos de higiene, pentes, frascos de cosméticos, sapatos, vestimentas (que, às vezes, deixavam os seios à mostra), entre outros – é possível entender aspectos como trabalho, nutrição, saúde e sexualidade da civilização egípcia.
Os níveis sociais em torno da cultura e das esferas administrativas e sacerdotais eram reservados a altos dignitários, que desfrutaravam dos maiores privilégios, praticavam caça e pesca e cuidavam do corpo com óleos, pomadas, banhos e perfumes. Tanto mulheres quanto homens usavam maquiagem, especialmente o kohl, uma mistura preta aplicada ao redor dos olhos, que servia a um propósito protetor.
Já os camponeses viviam como o esteio da economia, junto com os servos. Suas vidas e trabalho eram determinados por um evento cíclico fundamental: a inundação do Nilo, em julho, que transformava os campos em pântanos lamacentos. Era muito incomum mudar de classe social, mas um escriba poderia melhorar muito seu status, uma vez que seu conhecimento era requisito para os cargos mais altos: era necessário dominar o hieróglifo e a escrita administrativa, em particular hierática (versão cursiva do hieróglifo), muito mais rápida, usada em anotações e documentos. Enquanto o hieróglifo era escrito em pedra ou papiro precioso, o hierático era registrado em óstracons.
Religião
A segunda parte da exibição irá ilustrar a relação dos egípcios com o sagrado, levando o visitante para dentro de um templo, em um ambiente em tons de verde. Essa cor está ligada a muitos conceitos, em especial ao renascimento e à regeneração, assim como à cor da pele do deus Osíris, rei dos mortos, e à tonalidade do papiro, feito a partir da planta identificada com o Nilo, que crescia na água e representava uma nova vida. A luz é suave, para evocar o que teria sido a iluminação típica dos templos, onde os cultos oficiais eram praticados e os sacerdotes escreviam os textos sagrados e determinavam a vida religiosa. Eram subdividido em espaços públicos e sagrados, nos quais apenas alguns sacerdotes e o rei podiam entrar. Sua arquitetura substituía progressivamente a luz pela penumbra e escuridão.
A religião egípcia era politeísta, marcada por um grande número de divindades maiores e menores. A forma mais íntima de devoção pessoal era o culto votivo, que envolvia a consagração de objetos representando as divindades. Muitos deuses assumiam a forma animal, e espécies associadas a divindades específicas eram adoradas. Nos templos, um animal associado a um deus poderia ser considerado sua encarnação e, se morresse, seria mumificado e poderia ser deixado como oferenda. Foram encontradas milhares de múmias, especialmente gatos para a deusa Bastet, cães para o deus Anúbis, falcões para o deus Hórus e íbis para o deus Thoth. As múmias eram acompanhadas de objetos em vários materiais, incluindo estátuas de divindades e estelas de pedra calcária, diante das quais as oferendas seriam deixadas.
Outro aspecto importante da religião era a magia, desde a vida cotidiana até os ritos funerários – às vezes, considerada o único remédio contra o comportamento incompreensível dos deuses, demônios, anjos e espíritos dos mortos. A doença era vista como uma possessão por uma entidade prejudicial que precisava ser derrotada. As estátuas de cura pertencem a essa esfera e apareceram pela primeira vez no Império Novo (iniciado em cerca de 1500 a.C.), podendo curar picadas de cobra e escorpião, com a água ou leite que era derramada sobre elas e sobre os textos mágicos que cobriam as feridas.
Eternidade
A escuridão noturna, fase em que a deusa Nut engolia o Sol, era associada ao reino dos mortos; e o azul é a cor do lápis-lazúli, mineral precioso valorizado pelos egípcios. Em um ambiente com iluminação azul meia-noite, considerada por eles a cor da eternidade, o terceiro espaço expositivo irá abordar as tradições funerárias e a vida após a morte. A luz ainda mais fraca sugere os locais fechados e selados das câmaras funerárias, onde os bens da sepultura eram originalmente colocados. Assim, o visitante é transportado ao interior de uma tumba para acompanhar desde a sua idealização e construção até o sofisticado ritual de mumificação.
Os elementos da arquitetura das tumbas atendiam exigências relacionadas às crenças funerárias. Esse ritual atingiu sua máxima expressão com a mumificação, que era considerada uma proteção do corpo para continuar a vida após a morte. Os órgãos internos eram retirados, tratados e guardados em vasos canópicos, pois os egípcios acreditam que era preciso preservá-los para assegurar a vida eterna; só o cérebro era descartado; e o coração, a casa da alma, era recolocado na múmia. Essa função protetora da mumificação era reforçada pela recitação de fórmulas mágicas, representando espíritos ou divindades particulares, e posicionando amuletos em pontos específicos da múmia: o djed (hieróglifo em forma de pilar) era colocado atrás do corpo, como símbolo de estabilidade e força; o besouro coberto de fórmulas mágicas protetoras, no coração; os espíritos funerários, no músculo cardíaco; as divindades protetoras, nos órgãos do abdômen.
A partir do Império Médio (iniciado em cerca de 2000 a.C.), as tumbas ganharam estatuetas funerárias, conhecidas como shabtis, que tinham a tarefa de substituir o falecido se fosse convocado para realizar trabalho agrícola ou qualquer outra tarefa após a morte. No entanto, o objeto mais importante era o caixão, cuja função principal era preservar o corpo. Ao longo dos séculos, mudou tanto em forma quanto em decoração e, muitas vezes, era identificado com Nut, a deusa do céu e mãe divina, que acolhia os mortos e lhes permitiria começar uma nova vida.
Interatividade
Egito Antigo: do cotidiano à eternidade irá apresentar ainda uma seção interativa, na qual haverá um vídeo com reconstrução 3D de monumentos, baseada em dados reais, que permitirá aos visitantes percorrer lugares no Egito Antigo. Serão desenvolvidas atividades lúdicas e ainda será possível tirar selfies com a esfinge ou a pirâmide. Haverá uma réplica de uma escavação e um livro eletrônico, com parte do material registrado pelas equipes de Napoleão (de 1798 a 1801) , com imagens de monumentos, esculturas, paisagens e objetos, que poderá ser navegado pelos usuários e será projetado em um telão. Além disso, serviço de audiodescrição e objetos táteis serão disponibilizados pela equipe do Programa CCBB Educativo.
Após passar pelo Rio de Janeiro, Egito Antigo: do cotidiano à eternidade será apresentada no CCBB São Paulo (19 de fevereiro a 11 de maio de 2020), CCBB Brasília (2 de junho a 30 de agosto de 2020) e no CCBB Belo Horizonte (16 de setembro a 23 de novembro de 2020). A exposição é patrocinada pelo Banco do Brasil, pela BB DTVM, BB Seguros e tem copatrocínio da Brasilprev por meio do edital Programa de Patrocínio 2018/2019 – Centro Cultural Banco do Brasil e conta com apoio da Lei de Incentivo à Cultura.
Egito Antigo: do cotidiano à eternidade | Centro Cultural Banco do Brasil
CCBB Rio de Janeiro: 12/10/2019 a 27/01/2020
CCBB São Paulo: 19/02/2020 a 11/05/2020
CCBB Distrito Federal: 02/06/2020 a 30/08/2020
CCBB Belo Horizonte: 16/09/2020 a 23/11/2020
Entrada gratuita
Sobre o CCBB RJ – Inaugurado em 12 de outubro de 1989, o CCBB já recebeu mais de 50 milhões de visitas em 30 anos de atuação e está instalado em um edifício histórico, projetado pelo arquiteto do Império, Francisco Joaquim Bethencourt da Silva. Marco da revitalização do centro histórico da cidade, mantém uma programação plural, regular, acessível e de qualidade. Já foram oferecidos ao público mais de 3.000 projetos de artes visuais, cinema, teatro, dança, música e pensamento. Desde 2011, o CCBB incluiu o Brasil no ranking do jornal britânico The Art Newspaper, projetando o Rio entre as cidades com as mostras de arte mais visitadas do mundo. Agente fomentador da arte e da cultura brasileiras, segue em compromisso com a formação de plateias, incentivando o público a prestigiar o novo e promovendo nomes da arte mundial.
Egito Antigo: do cotidiano à eternidade
De 12 de outubro a 27 de janeiro – CCBB Rio de Janeiro | Rua Primeiro de Março, 66 – Centro
(21) 3808-2020 | Quarta a segunda, das 9h às 21 horas | Entrada gratuita | Livre
Aspectos da historiografia geral do Egito Antigo serão apresentados de forma didática e interativa, por meio de esculturas, pinturas, amuletos, objetos cotidianos, um Livro dos Mortos em papiro, objetos litúrgicos e ostracons (fragmento de cerâmica ou pedra usados para escrever mensagens oficiais), além de sarcófagos, múmias de animais e uma múmia humana da 25ª dinastia. “O principal fulcro é possibilitar a um público muito grande e diverso um entendimento qualificado sobre a cultura egípcia”, explica Pieter Tjabbes, junto com Paolo Marini curador da mostra. “Organizamos as obras em diversos recortes, diferentes instâncias, ultrapassando limites temporais e regionais”, completa. Para o público entender melhor em qual contexto os objetos eram usados, terão uma réplica da tumba de Nefertari e uma pirâmide cenográfica, medindo seis metros de altura, que ficará na Rotunda do CCBB RJ.
Egito Antigo
Por volta de 4000 a.C., os povos do Egito viviam em pequenas unidades políticas, os nomos, e eram governados por nomarcas, que se reuniram em dois reinos, o Baixo Egito, ao norte, e o Alto Egito, ao sul. Reconhecido como berço de umas das primeiras grandes civilizações da Antiguidade, o Egito Antigo se formou a partir da unificação do Alto Egito e Baixo Egito, no reinado de Menés (Narmer, em grego), o primeiro faraó, entre 3.100 a.C. e 3.000 a.C. – e se desenvolveu até 30 a.C., após a derrota de Cleópatra pelo Império Romano, na Batalha de Alexandria. Foram quase 3.000 anos de relativa estabilidade política, prosperidade econômica e florescimento artístico, alternados por períodos de crises. O legado dessa civilização desperta fascínio até hoje e teve grande influência na moda, no design, na arquitetura e em cultos europeus, como a maçonaria e a Rosa Cruz, sendo que, a partir do século 19, virou mania na Europa (egiptomania).
Muitas das peças de Egito Antigo: do cotidiano à eternidade são resultantes de escavações do século 19 e início do século 20, e todas são oriundas do Museu Egípcio de Turim (Museo Egizio), na Itália. Fundado em 1824 por Carlo Felice di Savoia, rei da Sardenha, o museu italiano reúne a segunda maior coleção egiptológica do mundo (depois do Museu do Cairo), com cerca de 26.500 artefatos do Egito Antigo. Seu acervo é resultado da junção das peças da Casa Savoia (adquiridas desde o século 17) às da coleção que o monarca comprara das escavações de Bernardino Drovetti, cônsul da França no Egito (1820-1829) – e outra parte do acervo foi descoberta pela Missão Arqueológica Italiana (1900-1935), quando ainda era possível a divisão dos achados arqueológicos
A exibição é dividida em três seções: vida cotidiana, religião e eternidade, que ilustram o laborioso cotidiano das pessoas do vale do Nilo, revelam características do politeísmo egípcio e abordam suas práticas funerárias. Cada seção apresenta um tipo particular de artefato arqueológico, contextualizado por meio de coloração e iluminação projetadas para provocar efeitos perceptuais, simbólicos e evocativos. As cores escolhidas são: amarelo para a seção da vida cotidiana; verde para a religião; azul para as tradições funerárias – associadas a três intensidades da iluminação (brilhante, suave e baixa).
Vida cotidiana
O dia no Egito Antigo começava quando os primeiros raios de luz emergiam do akhet (horizonte) para iluminar Kemet, a terra negra (Egito). Este também é o momento em que a jornada de Egito Antigo: do cotidiano à eternidade tem início: o cotidiano é apresentado por meio de vídeos e fotografias – do Nilo, de sítios arqueológicos, tumbas e objetos importantes. As imagens transportam o público para o modo de vida de uma civilização intimamente ligada à figura do Sol, Deus representado em pinturas, escritos, adereços e objetos, entre outros artefatos, relacionados ao Egito Antigo.
O amarelo que colore essa seção está associado ao Sol, mas também ao ouro (material do qual a pele dos deuses era feita), assim como ao tom ocre comumente usado em Deir Almedina – a vila abrigava trabalhadores das tumbas do Vale dos Reis, de onde vêm a maior parte da informação sobre o dia a dia dos antigos egípcios.
Por meio dos objetos expostos – adornos, artigos de higiene, pentes, frascos de cosméticos, sapatos, vestimentas (que, às vezes, deixavam os seios à mostra), entre outros – é possível entender aspectos como trabalho, nutrição, saúde e sexualidade da civilização egípcia.
Os níveis sociais em torno da cultura e das esferas administrativas e sacerdotais eram reservados a altos dignitários, que desfrutaravam dos maiores privilégios, praticavam caça e pesca e cuidavam do corpo com óleos, pomadas, banhos e perfumes. Tanto mulheres quanto homens usavam maquiagem, especialmente o kohl, uma mistura preta aplicada ao redor dos olhos, que servia a um propósito protetor.
Já os camponeses viviam como o esteio da economia, junto com os servos. Suas vidas e trabalho eram determinados por um evento cíclico fundamental: a inundação do Nilo, em julho, que transformava os campos em pântanos lamacentos. Era muito incomum mudar de classe social, mas um escriba poderia melhorar muito seu status, uma vez que seu conhecimento era requisito para os cargos mais altos: era necessário dominar o hieróglifo e a escrita administrativa, em particular hierática (versão cursiva do hieróglifo), muito mais rápida, usada em anotações e documentos. Enquanto o hieróglifo era escrito em pedra ou papiro precioso, o hierático era registrado em óstracons.
Religião
A segunda parte da exibição irá ilustrar a relação dos egípcios com o sagrado, levando o visitante para dentro de um templo, em um ambiente em tons de verde. Essa cor está ligada a muitos conceitos, em especial ao renascimento e à regeneração, assim como à cor da pele do deus Osíris, rei dos mortos, e à tonalidade do papiro, feito a partir da planta identificada com o Nilo, que crescia na água e representava uma nova vida. A luz é suave, para evocar o que teria sido a iluminação típica dos templos, onde os cultos oficiais eram praticados e os sacerdotes escreviam os textos sagrados e determinavam a vida religiosa. Eram subdividido em espaços públicos e sagrados, nos quais apenas alguns sacerdotes e o rei podiam entrar. Sua arquitetura substituía progressivamente a luz pela penumbra e escuridão.
A religião egípcia era politeísta, marcada por um grande número de divindades maiores e menores. A forma mais íntima de devoção pessoal era o culto votivo, que envolvia a consagração de objetos representando as divindades. Muitos deuses assumiam a forma animal, e espécies associadas a divindades específicas eram adoradas. Nos templos, um animal associado a um deus poderia ser considerado sua encarnação e, se morresse, seria mumificado e poderia ser deixado como oferenda. Foram encontradas milhares de múmias, especialmente gatos para a deusa Bastet, cães para o deus Anúbis, falcões para o deus Hórus e íbis para o deus Thoth. As múmias eram acompanhadas de objetos em vários materiais, incluindo estátuas de divindades e estelas de pedra calcária, diante das quais as oferendas seriam deixadas.
Outro aspecto importante da religião era a magia, desde a vida cotidiana até os ritos funerários – às vezes, considerada o único remédio contra o comportamento incompreensível dos deuses, demônios, anjos e espíritos dos mortos. A doença era vista como uma possessão por uma entidade prejudicial que precisava ser derrotada. As estátuas de cura pertencem a essa esfera e apareceram pela primeira vez no Império Novo (iniciado em cerca de 1500 a.C.), podendo curar picadas de cobra e escorpião, com a água ou leite que era derramada sobre elas e sobre os textos mágicos que cobriam as feridas.
Eternidade
A escuridão noturna, fase em que a deusa Nut engolia o Sol, era associada ao reino dos mortos; e o azul é a cor do lápis-lazúli, mineral precioso valorizado pelos egípcios. Em um ambiente com iluminação azul meia-noite, considerada por eles a cor da eternidade, o terceiro espaço expositivo irá abordar as tradições funerárias e a vida após a morte. A luz ainda mais fraca sugere os locais fechados e selados das câmaras funerárias, onde os bens da sepultura eram originalmente colocados. Assim, o visitante é transportado ao interior de uma tumba para acompanhar desde a sua idealização e construção até o sofisticado ritual de mumificação.
Os elementos da arquitetura das tumbas atendiam exigências relacionadas às crenças funerárias. Esse ritual atingiu sua máxima expressão com a mumificação, que era considerada uma proteção do corpo para continuar a vida após a morte. Os órgãos internos eram retirados, tratados e guardados em vasos canópicos, pois os egípcios acreditam que era preciso preservá-los para assegurar a vida eterna; só o cérebro era descartado; e o coração, a casa da alma, era recolocado na múmia. Essa função protetora da mumificação era reforçada pela recitação de fórmulas mágicas, representando espíritos ou divindades particulares, e posicionando amuletos em pontos específicos da múmia: o djed (hieróglifo em forma de pilar) era colocado atrás do corpo, como símbolo de estabilidade e força; o besouro coberto de fórmulas mágicas protetoras, no coração; os espíritos funerários, no músculo cardíaco; as divindades protetoras, nos órgãos do abdômen.
A partir do Império Médio (iniciado em cerca de 2000 a.C.), as tumbas ganharam estatuetas funerárias, conhecidas como shabtis, que tinham a tarefa de substituir o falecido se fosse convocado para realizar trabalho agrícola ou qualquer outra tarefa após a morte. No entanto, o objeto mais importante era o caixão, cuja função principal era preservar o corpo. Ao longo dos séculos, mudou tanto em forma quanto em decoração e, muitas vezes, era identificado com Nut, a deusa do céu e mãe divina, que acolhia os mortos e lhes permitiria começar uma nova vida.
Interatividade
Egito Antigo: do cotidiano à eternidade irá apresentar ainda uma seção interativa, na qual haverá um vídeo com reconstrução 3D de monumentos, baseada em dados reais, que permitirá aos visitantes percorrer lugares no Egito Antigo. Serão desenvolvidas atividades lúdicas e ainda será possível tirar selfies com a esfinge ou a pirâmide. Haverá uma réplica de uma escavação e um livro eletrônico, com parte do material registrado pelas equipes de Napoleão (de 1798 a 1801) , com imagens de monumentos, esculturas, paisagens e objetos, que poderá ser navegado pelos usuários e será projetado em um telão. Além disso, serviço de audiodescrição e objetos táteis serão disponibilizados pela equipe do Programa CCBB Educativo.
Após passar pelo Rio de Janeiro, Egito Antigo: do cotidiano à eternidade será apresentada no CCBB São Paulo (19 de fevereiro a 11 de maio de 2020), CCBB Brasília (2 de junho a 30 de agosto de 2020) e no CCBB Belo Horizonte (16 de setembro a 23 de novembro de 2020). A exposição é patrocinada pelo Banco do Brasil, pela BB DTVM, BB Seguros e tem copatrocínio da Brasilprev por meio do edital Programa de Patrocínio 2018/2019 – Centro Cultural Banco do Brasil e conta com apoio da Lei de Incentivo à Cultura.
Egito Antigo: do cotidiano à eternidade | Centro Cultural Banco do Brasil
CCBB Rio de Janeiro: 12/10/2019 a 27/01/2020
CCBB São Paulo: 19/02/2020 a 11/05/2020
CCBB Distrito Federal: 02/06/2020 a 30/08/2020
CCBB Belo Horizonte: 16/09/2020 a 23/11/2020
Entrada gratuita
Sobre o CCBB RJ – Inaugurado em 12 de outubro de 1989, o CCBB já recebeu mais de 50 milhões de visitas em 30 anos de atuação e está instalado em um edifício histórico, projetado pelo arquiteto do Império, Francisco Joaquim Bethencourt da Silva. Marco da revitalização do centro histórico da cidade, mantém uma programação plural, regular, acessível e de qualidade. Já foram oferecidos ao público mais de 3.000 projetos de artes visuais, cinema, teatro, dança, música e pensamento. Desde 2011, o CCBB incluiu o Brasil no ranking do jornal britânico The Art Newspaper, projetando o Rio entre as cidades com as mostras de arte mais visitadas do mundo. Agente fomentador da arte e da cultura brasileiras, segue em compromisso com a formação de plateias, incentivando o público a prestigiar o novo e promovendo nomes da arte mundial.
Egito Antigo: do cotidiano à eternidade
De 12 de outubro a 27 de janeiro – CCBB Rio de Janeiro | Rua Primeiro de Março, 66 – Centro
(21) 3808-2020 | Quarta a segunda, das 9h às 21 horas | Entrada gratuita | Livre
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