[Crítica] Ainda temos a imensidão da noite

Sinopse:
Karen (Ayla Gresta) é trompetista e cantora em uma banda de rock em Brasília. No entanto, ela não consegue muita sorte em sua trajetória musical. Por isso, decide seguir os passos de Artur (Gustavo Halfeld), um ex companheiro de carreira, indo para a Alemanha na intenção de ter sucesso na música.










                         O quê eu achei?
O título do filme dá o tom do filme, onde a música e a fotografia são os principais personagens, transitando entre paisagens de Brasília e Berlim. A realidade das faltas de oportunidade para quem se dedica às artes atualmente mistura-se com a busca incessante pelo sonho, através da personagem de Ayla Gresta (Karen), ponto central onde os outros personagens orbitam e por ela são puxados a não desistirem da música.

A imensidão da noite divide-se entre tocar nos bares de garagem ou inferninhos, e ter a polícia e os vizinhos na porta, reclamando do incômodo pelo  "barulho" que o rock  da banda provoca. Essa divisão fica bem marcada na entrega dos personagens quando estão tocando e a campainha que toca e traz burocratas concursados à porta, lacerando as emoções de forma visceral.

Karen trabalha durante o dia em uma agência de publicidade para garantir sustento do avô doente, que ajudou a construir Brasília. A mesma que nem se lembra dele. À noite toca trompete e canta para meia dúzia de pessoas, junto com o namorado rico, Artur, que tem uma visão bem diferente do mundo e do destino da banda. Quando Martin surge, Artur vai para Berlim, logo seguido por Karen. 
Mas a realidade é a mesma tanto em Brasília quanto em Berlim. Lutar por um sonho, pela arte, pela música, em um mundo de mídias sociais e modelos pré-determinados, mostra-se uma missão árdua, por vezes solitária, mas que sempre encontra apoio bem lá no fundo da alma. Karen e seu avô são o sonho que pode envelhecer, mas que encontra um caminho para renascer. Sua mãe é a realidade que transita entre eles. 

Mas a arte é o sangue que corre nas veias. Sem ela não há como sobreviver. E na imensidão da noite ela teima em continuar a lutar. O fato de os protagonistas serem músicos de verdade confere ao filme a intensidade que o Rock precisa e de fundamental importância para o cinema nacional.
Não é um filme comercial mas que pode agradar aos fãs de rock, de bandas de garagem, de punk rock e aos que lutam pela sobrevivência da arte e da cultura. Assistam AINDA TEMOS A IMENSIDÃO DA NOITE ! 

                               Trailer:


                   Escrito por Paula Ramagem

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