[News] Mário de Andrade ressuscita em premiada dramaturgia sobre o mito de Makunaimã
O texto dramatúrgico Makunaimã: o mito através do tempo é uma peça em dois atos que (literalmente) ressuscita Mário de Andrade, ícone do movimento modernista, para uma conversa sobre o fazer artístico e os direitos indígenas no Brasil. Construído coletivamente em diálogo com os porta-vozes do mito de Makunaimã, proveniente da cosmovisão dos povos taurepang, macuxi e wapichana (habitantes originários do que hoje conhecemos como Roraima), o livro recebeu o Prêmio de Incentivo à Publicação Literária 100 Anos da Semana de Arte Moderna de 1922 do extinto Ministério da Cultura ao final de 2018. A obra surge cinquenta anos após a estreia do longa-metragem Macunaíma, dirigido por Joaquim Pedro de Andrade e estrelado por Grande Otelo.
No ato 1, Mário de Andrade é despertado por um grupo de indígenas, artistas e intelectuais que critica e ora louva aspectos de seu grande romance durante um evento na Casa Mário de Andrade, no bairro da Barra Funda. O autor volta do Além para entender o que está ocorrendo ao ouvir, “Se Mário tivesse ido até lá conversar com os povos, teria escrito outra história. A forma como ele fez, misturando tudo, é um chamado de guerra!”, afirmação de Laerte, escritor indígena de renome internacional. “Por que não podemos dizer abertamente que Mário era preto, que ele era gay?”, provoca o poeta-filósofo negro Marcelo Ariel. A discussão sobre temas dessa natureza mantém o leitor preso a um fio que é reflexivo, denso e cômico ao mesmo tempo, e o leva a revisitar e atualizar os temas centrais da obra de Mário e da literatura brasileira.
No ato 2, a obra traz à tona os riquíssimo registros orais do mito de Makunaimã em três momentos históricos: nos trechos da obra do etnógrafo Theodor Koch-Grünberg, publicada em 1917 em alemão (fonte utilizada por Mário para escrever seu maior romance), a partir de entrevistas com Akuli Taurepang; na narração do filho de Akuli, Bento, recolhida por antropólogos nos anos 1990 (inédita); e na voz de Avelino Taurepang, neto de Akuli, que contou sua versão do mito durante o evento de comemoração dos noventa anos do lançamento de Macunaíma, realizado em São Paulo em 2018. Comparar as texturas do mito através do tempo é um prazer único que o livro proporciona. Importante dizer que, até 2018, Avelino (líder Taurepang) sequer sabia da existência do famoso livro de Mário de Andrade. Assim, o evento transmutado em livro ganha ares de retratação histórica.
A autoria é uma questão central em Makunaimã: o mito através do tempo. Quando uma obra se origina da tradição oral, como atribuir-lhe um único autor? A discussão que perpassa o livro ganha contorno de conclusão na opção feita pela curadora e escritora Deborah Goldemberg ao manter a autoria do texto reunido e “posto no papel” por ela como autoria coletiva, à luz do que as oficinas de copistas faziam na Idade Média. Os direitos autorais foram direcionados aos índigenas participantes do evento, alinhados a essa proposta. O livro conta ainda conta ainda com belíssimas ilustrações do artista macuxi Jaider Esbell, ganhador de prêmios internacionais como o PIPA, e projeto gráfico do estúdio Arquivo. Makunaimã: o mito através do tempo teve seu pré-lançamento em julho de 2019 durante a Festa Literária Pirata das Editoras Independentes (Flipei), programação paralela à Festa Literária Internacional de Paraty (Flip)
Makunaimã: o mito através do tempo
Autores: Taurepang, Macuxi, Wapichana, Marcelo Ariel, Mário de Andrade, Deborah Goldemberg, Theodor Koch-Grünberg, Iara Rennó
Dramaturgia: Deborah Goldemberg
Contribuições dramaturgias: Marcelo Ariel
Ilustrações: Jaider Esbell
Capa & projeto gráfico: Arquivo
Edição: Tadeu Breda
Lançamento: julho de 2019
Páginas: 128
Dimensões: 13 x 18 cm
ISBN: 978-85-93115-34-9
No ato 1, Mário de Andrade é despertado por um grupo de indígenas, artistas e intelectuais que critica e ora louva aspectos de seu grande romance durante um evento na Casa Mário de Andrade, no bairro da Barra Funda. O autor volta do Além para entender o que está ocorrendo ao ouvir, “Se Mário tivesse ido até lá conversar com os povos, teria escrito outra história. A forma como ele fez, misturando tudo, é um chamado de guerra!”, afirmação de Laerte, escritor indígena de renome internacional. “Por que não podemos dizer abertamente que Mário era preto, que ele era gay?”, provoca o poeta-filósofo negro Marcelo Ariel. A discussão sobre temas dessa natureza mantém o leitor preso a um fio que é reflexivo, denso e cômico ao mesmo tempo, e o leva a revisitar e atualizar os temas centrais da obra de Mário e da literatura brasileira.
No ato 2, a obra traz à tona os riquíssimo registros orais do mito de Makunaimã em três momentos históricos: nos trechos da obra do etnógrafo Theodor Koch-Grünberg, publicada em 1917 em alemão (fonte utilizada por Mário para escrever seu maior romance), a partir de entrevistas com Akuli Taurepang; na narração do filho de Akuli, Bento, recolhida por antropólogos nos anos 1990 (inédita); e na voz de Avelino Taurepang, neto de Akuli, que contou sua versão do mito durante o evento de comemoração dos noventa anos do lançamento de Macunaíma, realizado em São Paulo em 2018. Comparar as texturas do mito através do tempo é um prazer único que o livro proporciona. Importante dizer que, até 2018, Avelino (líder Taurepang) sequer sabia da existência do famoso livro de Mário de Andrade. Assim, o evento transmutado em livro ganha ares de retratação histórica.
A autoria é uma questão central em Makunaimã: o mito através do tempo. Quando uma obra se origina da tradição oral, como atribuir-lhe um único autor? A discussão que perpassa o livro ganha contorno de conclusão na opção feita pela curadora e escritora Deborah Goldemberg ao manter a autoria do texto reunido e “posto no papel” por ela como autoria coletiva, à luz do que as oficinas de copistas faziam na Idade Média. Os direitos autorais foram direcionados aos índigenas participantes do evento, alinhados a essa proposta. O livro conta ainda conta ainda com belíssimas ilustrações do artista macuxi Jaider Esbell, ganhador de prêmios internacionais como o PIPA, e projeto gráfico do estúdio Arquivo. Makunaimã: o mito através do tempo teve seu pré-lançamento em julho de 2019 durante a Festa Literária Pirata das Editoras Independentes (Flipei), programação paralela à Festa Literária Internacional de Paraty (Flip)
Makunaimã: o mito através do tempo
Autores: Taurepang, Macuxi, Wapichana, Marcelo Ariel, Mário de Andrade, Deborah Goldemberg, Theodor Koch-Grünberg, Iara Rennó
Dramaturgia: Deborah Goldemberg
Contribuições dramaturgias: Marcelo Ariel
Ilustrações: Jaider Esbell
Capa & projeto gráfico: Arquivo
Edição: Tadeu Breda
Lançamento: julho de 2019
Páginas: 128
Dimensões: 13 x 18 cm
ISBN: 978-85-93115-34-9
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