[News]Ginecologista e Obstetra Ana Paula Mondragon fala sobre cuidados que gestantes devem tomar durante a pandemia
Ginecologista e Obstetra Ana Paula Mondragon fala sobre cuidados que gestantes devem tomar durante a pandemia
Atualmente, nosso conhecimento sobre a COVID-19 durante o ciclo gravídico-puerperal é ainda muito limitado. Com base nas evidências, as mulheres grávidas não têm maior probabilidade de ter complicações da COVID-19 do que a população em geral. Elas apresentam o mesmo risco que mulheres não grávidas da mesma faixa etária.
Estudos anteriores, feitos com outros vírus, como o SARS [9] e MERS, (vírus que são parecidos com o COVID-19), resultaram em aborto espontâneo, alteração na formação dos fetos e quadro clínico mais grave nas gestantes, quando comparados a não gestantes. Por tal motivo, as gestantes e puérperas foram colocadas como grupo de risco durante a pandemia.
Sabe-se que a transmissão da COVID-19 ocorre de humano para humano através do contato direto com secreções. A transmissão vertical (mãe para feto) ainda está em estudo e não conseguiu ser comprovada até o presente momento. Algumas pesquisas analisaram fetos, placenta, líquido de gestantes contaminadas e não foi observada a presença do vírus. No entanto, ainda não podemos garantir de forma segura que não existe a possibilidade da transmissão vertical.
Foi possível observar que nos casos leves de COVID-19, até o presente momento, não se identificou aumento das taxas de abortamentos, malformações ou outras complicações para o bebê. Contudo, nos casos graves, estudos observaram um aumento de complicações na gestação, tais como abortamento, parto prematuro e pré-eclâmpsia.
As orientações permanecem as mesmas durante as consultas de pré-natal, por enquanto. A critério do profissional de saúde, as consultas poderão ter um intervalo maior, se for considerado seguro, porém caso a gestante apresente algum sintoma sugestivo de infecção por coronavírus, ela deve entrar em contato com seu médico ou unidade básica de saúde e adiar as consultas de rotina até o final do isolamento.
Com relação ao trabalho, hoje a orientação que está sendo dada pelos profissionais da saúde às gestantes é de que elas devem ser afastadas das atividades laborais caso tenham contato direto com outras pessoas doentes. Portanto, a gestante que puder trabalhar em casa deve fazê-lo. Caso isso não seja possível, orienta-se a mudança de área temporariamente para assim tentar minimizar a exposição à infecção.
Outras dúvidas que tem surgido tem sido com relação ao parto. É importante frisar que mesmo neste momento, o parto dentro do hospital é o mais seguro quando comparado ao parto domiciliar. Vale salientar que todas as maternidades cumprem todas as normas de segurança e estão neste momento tendo cuidados adicionais e específicos para reduzir os riscos.
Com relação à via de parto, a contaminação com a COVID não influencia o tipo de parto, salvos os casos de gestantes com doença grave, que necessitem ser mantidas em respiradores. Essas podem ter a indicação de cesariana pela doença.
Caso a gestante apresente sintomatologia e teste positivo, sendo necessária internação, e a equipe médica opte por a utilização de drogas como a Hidroxicloroquina (droga ainda em estudo para tal uso) esta droga poderá ser utilizada na vigência da gestação.
Vale lembrar que lavar as mãos com água e sabonete, o uso de álcool gel, a utilização de máscaras e o isolamento social até o presente momento são as melhores armas para prevenção da doença, enquanto esperamos ansiosamente o desenvolvimento de uma vacina eficaz no combate da pandemia.
Ana Paula Mondragon é médica ginecologista e obstetra pela Faculdade de Medicina de Jundiaí e especialista em Medicina Fetal pelo Centro de Estudos Fetus, em São Paulo.
PR/JaquelineSantos
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