[Critíca] Meu Primo Inglês

Sinopse: Em 2001, Fahed chega ao Reino Unido com a cabeça cheia de sonhos.  2018, em meio a uma crise de meia-idade, ele agora deve tomar uma decisão.  Será que ele vai manter a cabeça baixa e continuar trabalhando 50 horas por semana entre a loja de kebab e a fábrica, ou vai voltar para a Argélia, um país do qual fugiu na esperança de ter uma vida melhor?


"Meu Primo Inglês" (Mon Cousin Anglais, no original) é um documentário dirigido por Karim Kayad, de 82 minutos, sobre o dilema de vida de um imigrante argélio chamado Fahed.


Desde que chegou em 2001 no Reino Unido, Fahed construiu uma vida sólida, mas simples, e como expectadores seguimos sua rotina na véspera e durante uma viagem para seu país de origem, a Argélia. Fahed não se sente contente com sua vida atual, ele deseja mais para si, e não consegue decidir se deve ficar em seu país definitivamente para investir nisso.


O diretor, Karim Sayad, parece estar ali como um expectador, assim como nós, e tirando duas pequenas situações descontraídas que trazem um pouco de leveza para a produção, ele não faz com que Fahed fala ou deponha para a câmera, ele mantém Fahed o mais natural possível dentro de sua rotina, isso inclui coisas como acordar de manhã, cozinhar (algo que Fahed gosta muito, além de ser seu trabalho em um restaurante/lanchonete), e nas conversas com sua familia na Argélia, cenas essas inclusive que nos revela muito sobre os planos de Fahed, e sobre a cultura argélia.


A trilha alterna entre ambiente e quatro músicas que conversam de maneira bastante irregular com a história, do punk a música em árabe, que vem apenas para não deixar que a história caia em monotomia, oque é necessário pois a história de Fahed ainda não tem grandes reviravoltas.


Acompanhar esse homem nos mostra um pouco de como está naturalizada a ideia de imigrantes usando do casamento para conseguir o sonhado visto, se casar com uma mulher britânica não se trata de querer uma relação afetiva e sim apenas de interesse, um negócio frio que imigrantes e britânicos se submetem com frequência.


No geral, Fahed, em sua crise de meia idade acaba sendo um retrato de inadequação, de não pertencimento, de voltar para casa e ainda se sentir um estranho, de construir uma vida em outro país e ainda sim sentir vontade de construir uma vida diferente em seu país de origem, e essa é a história de muitos imigrantes.



Texto por Yasmin de Carvalho


 



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