[Crítica] Colective

 

Sinopse:

Em 2015, um incêndio na boate Colectiv, em Bucareste, matou 27 pessoas e feriu 180. Mais tarde, outras vítimas morreram nos hospitais. Quando um médico vaza informações, um grupo de jornalistas começa a revelar uma imensa fraude no sistema de saúde. Um novo ministro é nomeado e oferece a eles acesso sem precedentes aos bastidores de seus esforços para reformar um sistema corrupto. Um olhar firme sobre o impacto do melhor do jornalismo investigativo.




                             O que eu achei?

De tempos em tempo, um documentário vem para abrir nossos olhos sobre as mazelas do mundo, com consequências que ecoam bem além do país natal da produção.

´`Colective``. de Alexander Nanau, é um longa romeno sobre a corrupção da indústria médica romena. No dia 30 de outubro de 2015,houve um incêndio na boate homônima na capital Bucareste,que matou 64 pessoas,26 no local e 38 em hospitais, além de deixar 146 feridas.Mais vítimas pereceram em hospitais do que no local graças aos médicos e ao sistema de saúde corruptos. Apenas por si só, esse chocante relato já deveria ser o suficiente para chocar ao demonstrar a verdade sobre um sistema tão atolado em venalidade que os políticos, bem como uma grande parcela da profissão médica, não pensaram em deixar as pessoas morrerem para que pudessem permanecer no poder e garantir suas propinas. Mas a corrupção corrosiva revelada tem ramificações muito maiores do que apenas na Romênia, pois é indicativo de um fenômeno mundial no qual as pessoas se sentem tão desconectadas das outras que a empatia foi substituída pela avareza e os estranhos são vistos como abstrações. Este é um verdadeiro documentário para os nossos tempos, merecedor de ampla exposição.

 O diretor começou a filmar durante o início das investigações do escândalo, quando o jornalista Cătălin Tolontan,que escrevia para o jornal Gazeta Sportorilor,começou a questionar as histórias oficiais ditas pelo Ministro da Saúde Nicolae Bănicioiu, que alegava que os hospitais do país eram perfeitamente equipados para emergências e tão preparados quanto os da Alemanha.

Tolontan e sua equipe mostraram o que o governo queria deixar quieto: não apenas os hospitais, mesmo aqueles que supostamente eram especializados em tratamentos de queimaduras, não eram equipados para atender as vítimas como também o desinfetante ministrado nos hospitais era diluído ao ponto de perder sua eficácia em matar bactérias. Como se as mortes imediatas após o incêndio não fossem trágicas o bastante, pais viam seus filhos morrerem semanas mais tarde de feridas que poderiam ter sido curadas.  Um pai chegou a testemunhar que uma instituição em Viena se ofereceu para levar seu filho mas o hospital de Bucareste se recusou a assinar a transferência. Enquanto as vítimas continuavam morrendo, o Ministério da Saúde alegou que eles testaram os desinfetantes e descobriram que eles eram 95% eficazes, uma mentira repreensível inventada para fazer o escândalo passar.

Em vez disso, os jornalistas rastrearam os líquidos antibacterianos até a empresa Hexi Pharma e seu proprietário, Dan Condrea, que diluiu as soluções antes de vendê-las aos hospitais, onde foram diluídas ainda mais. Em uma traição completa ao Juramento de Hipócrates, os profissionais médicos estavam envolvidos em tudo, embolsando o dinheiro do suborno que estava subindo e descendo na cadeia de comando. Um corajoso médico vinha secretamente repassando documentos aos Serviços de Segurança do Estado desde 2008, alertando-os sobre o que estava acontecendo, mas nada foi feito e a Inteligência afirmou que oito anos de relatórios haviam desaparecido misteriosamente.

A segunda metade do documentário foi filmada após protestos em larga escala forçaram mudanças no governo. O novo Ministro da Saúde, Vlad Voiculescu, era um ativista pelos direitos dos pacientes e trabalhava com transparência e concedeu acesso ilimitado ao diretor à reuniões particulares e isso resultou em meses de cobertura em que Alexander Nanau pôde investigar a situação a fundo.

A maioria irá reconhecer e identificar as situações de ver oficiais e políticos mentindo descaradamente aos cidadãos e depois serem reeleitos.Essa situação aconteceu na Romênia mas poderia ter sido em qualquer parte do mundo. Há uma parte da letra de ``Nothing More``, uma música da banda Alternate Routes, que diz:We are how we treat each other when the day is done”(Nós somos como nós tratamos os outros no final do dia)O dia acabou, a noite caiu e cada vez menos pessoas parecem preocupadas com o quão desoladora a manhã será.

O caso mais intrigante, o de Tedy Ursuleanu,uma mulher que estava na boate Colective e que sofreu diversas queimaduras na cabeça e no corpo.Ela sobreviveu mas ficou com várias cicatrizes e perdeu uma mão mas se tornou um símbolo da tragédia por sua resiliência e por enfrentar a situação frente a frente.

Curiosamente,não há nenhuma entrevista; apenas um olhar observador. Colective cumpre seu propósito:mostrar um insider look no caso e expor o quão falho o ser humano pode ser quando se deixa lev ar pela ganância.

                   Trailer:




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