[News]Dra. Tanit Ganz Sanchez fala sobre misofonia.
Misofonia?!
Pequenos ruídos como os de mastigar, mascar chiclete, deglutir alimentos, fungar ou soar o nariz , digitar ou clicar canetas - o que para a maioria das pessoas passa despercebido, para outros é insuportável.
Será que você tem ou conhece alguém que sofre com isso?
Em tempo de isolamento social e de home office, alguns sintomas que passavam despercebidos, vieram à tona e têm levado muitas pessoas a descobrirem que sofrem com problemas relacionados ao ouvido.
Irritabilidade, desespero, vontade de se isolar e crises de choro são alguns dos sintomas que as pessoas relatam ao ouvirem sons que no dia a dia passam despercebidos pela grande maioria. Mas, para quem sofre com MISOFONIA parece que um amplificador seletivo aumenta somente estes pequenos ruídos, tirando a atenção de qualquer outra atividade e desencadeando reações fortes de raiva, com crises de taquicardia, mal estar e até pânico. Esse sintoma dificulta o convívio social, familiar e, principalmente
profissional, situação onde o individuo passa a ser visto como chato, estranho, intransigente e até arrogante pelos colegas de trabalho.
A maior queixa das pessoas com MISOFONIA é que não são entendidos e que todos à sua volta acham que é frescura. A falta do diagnóstico agrava o problema e interfere diretamente na qualidade de vida do portador, principalmente no ambiente de trabalho.
A Otorrinolaringologista e pesquisadora Prof. Dra. Tanit Ganz Sanchez, aceitou o desafio de estudar a “Quadrilha do Ouvido’ há mais de 25 anos. Em relação à MISOFONIA, a pesquisadora constatou que esse sofrimento com sons aumentou durante a pandemia, pois a necessidade de se isolar e conviver mais tempo com a família aumentou o contato com sons irritantes que deflagram as crises de Misofonia, impossibilitando a concentração no home office. Alguns pacientes se dizem desesperados com a situação.
Dra. Tanit disponibiliza informações claras e dá dicas úteis para auxiliar a desvendar os mistérios sobre este tema que é muito pouco conhecido e divulgado.
Por isso, precisamos ter mais empatia com essas pessoas e monitorar os sons desnecessários que nós mesmos fazemos!
O que é Misofonia.
A Misofonia, ou Síndrome da Sensibilidade Seletiva a Sons, é a aversão a sons bem específicos, de volume baixo e repetitivos. Ela representa um problema novo, que só recebeu esse nome no ano 2000. Os sintomas começam na infância ou na adolescência e como os pais não entendem, esses jovens são considerados anti-sociais, chatos e ranzinzas. Isso parece frescura, mas não é!
O que a Misofonia provoca nas pessoas.
1) uma reação emocional negativa (raiva, ódio, irritabilidade, nojo) que é forte, rápida, incontrolável e desproporcional quando esses sons estão presentes. Ex: sons feitos com a boca (mastigar e deglutir alimentos, mascar chiclete, tossir, pigarrear, estalar lábios, assoviar, tomar sopa), com o nariz (respiração ruidosa ou ofegante, soar o nariz, roncar), e com as mãos e os pés (digitar, clicar caneta, usar talheres, tamborilar, mexer chaves, abrir papel de bala/pipoca, arrastar chinelo, andar de salto alto). Algumas vezes, latidos, miados e pios também incomodam bastante.
2) dificuldade de relacionamento familiar, profissional e social, que resultam em isolamento.
A Misofonia faz parte da quadrilha do ouvido!
Um lado interessante da Misofonia, que é a aversão a sons baixos e repetitivos, é que ela faz parte da QUADRILHA do ouvido, ou seja, ela raramente aparece sozinha. Conheça esses acompanhantes:
- zumbido: é o som do SILÊNCIO, que algumas pessoas percebem antes de dormir ou o dia todo. Nossa pesquisa de 2016 mostrou que as pessoas com Misofonia também apresentaram, na opinião delas, os seguintes problemas (em ordem decrescente): ansiedade, zumbido, transtorno obsessivo compulsivo, hiperacusia e perda auditiva.
- hiperacusia: é o incômodo com o VOLUME dos sons (ex: TV, música, vozes etc).
- fonofobia: é o MEDO de se expor a sons porque se podem prejudicar os ouvidos.
Existe uma tendência de rotular a Misofonia como um problema psiquiátrico, mas a equipe multidisciplinar do Instituto Ganz Sanchez discorda por reconhecer que esse sintoma esta ligado à ‘Quadrilha do Ouvido‘ .
A Misofonia é hereditária?
Um caso bastante interessante foi atendido No IGS (Instituto Ganz Sanchez), e foi muito importante para pensar sobre a hereditariedade da Misofonia.
Durante a consulta médica, uma paciente com misofonia relatou que suas três irmãs tinham o mesmo incômodo com sons. Foi uma surpresa quando essa mesma paciente foi contatada para pesquisa de 2015, elas também indicaram outros familiares. No total, foram obtidas informações de 15 pessoas dessa família, distribuídas em três gerações, que apresentavam sintomas parecidos de aversão a sons.
A idade atual dos familiares com Misofonia varia de 9 a 73 anos (média 38.3) e 10 são mulheres (66.6%). Quase todos começaram a apresentar os sintomas na infância ou na adolescência.
Conhecer essa família ajudou muito a equipe do Instituto Ganz Sanchez a entender que a misofonia pode ser hereditária, sim, mas ainda não é possível descartar a possibilidade da misofonia ser ‘aprendida’ pela convivência dos filhos com os pais afetados.
Portanto, é preciso prestar mais atenção aos jovens ao redor, sejam eles filhos, netos, sobrinhos ou alunos.
A Misofonia ‘rouba’ a atenção seletiva!
Já falamos que a Misofonia é a aversão a determinados sons de volume baixo e repetitivos como:
- Sons de mastigar de boca aberta, de fazer barulho quando toma sopa, de vizinha andando de salto alto, etc – estes sons combinam com o sentimento de RAIVA.
- Sons de soar o nariz, tossir e pigarrear – provocam NOJO.
Estes sons roubam muito a atenção quando a pessoa precisa se concentrar.
O que acontece nos ouvidos e no cérebro de quem tem Misofonia?
Todos os sons que nós ouvimos são conduzidos até o cérebro para serem analisados e entendidos. Eles passam por várias estações até chegarem no córtex auditivo, que é a região final desse caminho. As duas áreas cerebrais estão mais ativadas durante a passagem dos sons que são feitos com a boca, nariz, mãos e pés. São elas:
1) o sistema límbico, que é o centro das emoções e fica entre o meio e a lateral do cérebro
2) o córtex pré-frontal, que é o centro da atenção e fica na parte da frente do cérebro
Assim, essas conexões cerebrais SUPER ATIVADAS podem provocar o reflexo imediato da reação negativa forte e desproporcional com esses sons.
A Misofonia e as principais linhas de tratamento
Até o momento, as principais linhas de tratamento realizadas são:
1)estimulação sonora, em geral com sons baixos, leves e estáveis que podem mudar aquela super ativação do centro das emoções (sistema límbico) e do centro da atenção (córtex pré-frontal).
2)
medicamentos:
como a Misofonia faz parte da quadrilha do ouvido, nós,
otorrinolaringologistas, estamos observando o efeito de alguns
medicamentos que são usados para zumbido e hiperacusia.
3)
mudanças
comportamentais:
podem ser feitas por meio de terapia cognitiva comportamental, e à
meditação.
A Ciência e a prática clínica estão sempre avançando, por isso precisamos adotar as técnicas de tratamento que já estão disponíveis atualmente, mesmo que elas ainda não sejam capazes de melhorar 100% das pessoas. Tentar sempre vale a pena e é melhor do que não fazer nada, certo?!
Iniciativas que colaboram com a qualidade de vida e trazem esperança para quem tem Misofonia
Há anos nós estudamos pessoas com sintomas pouco valorizados pela Medicina, como Misofonia, Zumbido e Hiperacusia.
Uma de nossas iniciativas foi o SOS MISOFONIA, que é uma maneira anônima, simples e elegante de avisar as pessoas ao seu redor que os sons que elas produzem podem ser irritantes. Quem envia o email fica anônimo, escolhe os sons que o incomodam e que gostaria que as pessoas soubessem. Quem recebe o email vai ler várias informações sobre misofonia, incluindo os sons que foram escolhidos por quem enviou. Veja o link http://misofonia.com.br/misofonia-2/ e use à vontade para ajudar as pessoas a entenderem melhor esse problema.
Criamos também o Novembro Laranja em 2006, que é uma campanha inicialmente direcionada apenas para o zumbido, mas que abraçou a Misofonia em 2017 para ajudar a divulgar essa quadrilha do ouvido!
Outras
ações que estão ajudando milhares de pessoas. São elas:
1)
o grupo Misofonia em Português que já conta com mais de 4000
pessoas (https://www.facebook.com/groups/misofoniapt/
2)
foi criada a Associação
Virtual Brasileira de Misofonia,
que também está empenhadíssima em divulgar o assunto e buscar
soluções.
3) a TV Misofonia: https://www.youtube.com/channel/UCfiMR1TpWHBrnoMnY5AjKYg
Dra. Tanit Ganz Sanchez declara: “Tenho CERTEZA de que, em breve, a Misofonia será um problema bem mais conhecido, mais investigado e tratado com mais sucesso. Que venha o futuro!”.
Sobre a especialista - Dra. Tanit Ganz Sanchez:
Com toda sua formação acadêmica feita na USP, a médica especializou-se em otorrinolaringologia e fez teses de Doutorado e de Livre Docência.
Há mais de 25 anos, pesquisa os sintomas de ouvidos desvalorizados pela medicina, como zumbido, misofonia e hiperacusia, sendo reconhecida internacionalmente;
Fundadora e Diretora do Instituto Ganz Sanchez que há mais de 10 anos é direcionado exclusivamente ao estudo e ao atendimento de pessoas com Zumbido, Misofonia e Hiperacusia;
**Criação e coordenação do GANZ – Grupo de Apoio Nacional a Pessoas com Zumbido,
**Criação e coordenação, e ainda hoje organização da ‘Campanha Nacional de Alerta ao Zumbido’, o Novembro Laranja,
**Realização de palestras e aulas especiais em eventos nacionais e internacionais, levando os resultados de suas pesquisas e disseminando conhecimento à comunidade médica nos quatro cantos do mundo. **Fundação, em 2009, do IGS – Instituto Ganz Sanchez, primeira instituição exclusivamente dedicada a pesquisa e tratamento de zumbido na América Latina,
**Fundação da ‘TV Zumbido’, website destinado a oferecer conteúdo de qualidade sobre zumbido ao público em geral,
**Autora do livro ‘Quem Disse Que Zumbido Não Tem Cura?’, que já esta em sua segunda edição.
**Criadora do ‘Dia Nacional de Conscientização sobre Zumbido’ (11/11), e colaboradora na criação do ‘Dia Nacional de Conscientização sobre Misofonia’ (12/11) e ‘Dia Nacional de Conscientização sobre Hiperacusia’ (13-11)- todos englobados na campanha ‘Novembro Laranja’, movimento que vem crescendo com o engajamento da comunidade médica e demais profissionais da saúde.
**Membro do corpo editorial das revistas científicas: International Archives of Otorhinolaryngology e Brazilian Journal of Otorhinolaryngology;
Sumidade reconhecida pela comunidade médica internacional, Dra Tanit teve muitas de suas pesquisas premiadas internacionalmente, o que justificou a conquista da presidência do International Tinnitus Seminar, evento tradicionalmente realizado entre Europa e Estados Unidos, para trazê-lo ao Brasil. Assim, em 2011, foi realizado pela primeira vez no hemisfério sul.
Serviço:
SOS MISOFONIA:
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