“Debussy e Ravel eram obrigatórios para mim”, diz Sabine Devieilhe. “Eles simplesmente tinham que ser incluídos em
nosso programa. Fauré, como pai espiritual de ambos, foi uma escolha natural e Poulenc acrescentou um tom mais apimentado e instigante. Conseguimos conceber o programa como um recital, levando o ouvinte a um lugar novo”.
“Esses quatro compositores pertencem à mesma linhagem e podemos ouvir como eles se relacionam”, continua Alexandre Tharaud. “Debussy e Ravel são como dois meio-irmãos que foram amados pela música de Fauré. Eles absorveram sua habilidade melódica, a forma como
ele se conecta com a voz, aquele sentido especial para um diálogo entre voz e piano e para uma escrita instrumental de grande delicadeza. Tudo se junta em Poulenc, já que a influência dos três compositores mais antigos pode ser ouvida em toda a sua música
vocal”.
“Todas essas canções tiveram gravações anteriores, mas canções como ‘Sur l’herbe’ e ‘Chanson française’de Ravel não são ouvidas com frequência, seja em disco ou na sala de concertos. Esses quatro compositores lidaram com voz e piano, e sua interação, com enorme
sutileza. Às vezes, o piano pode ser como uma orquestra, mas também pode diminuir seu tom em resposta ao texto, alcançando seus objetivos com grande economia de meios. Estou pensando nas 'notas azuis' de que Chopin tanto gostou e que podem ser encontradas
aqui em canções como ‘Ariettes oubliées’, 'Hôtel' de Poulenc e 'Trois Oiseaux de paradis' de Ravel, nas quais o compositor até pede ao piano que toque uma melodia sem acompanhamento, criando a impressão de um diálogo entre duas vozes cantantes. Eu sonho com
um piano que realmente possa cantar”.
“A primeira vez que Alexandre e eu tocamos juntos foi quando gravamos ‘Vocalise’de Rachmaninov para o selo Erato/Warner Classics, e nosso relacionamento musical era óbvio”, acrescenta Sabine Devieilhe. “Embora essa peça não tenha texto, pude ouvir a maneira
como Alexandre criava significados no piano - seja coloquial, melancólico ou desafiador. Agora, com esta ‘canção de amor’, ambos podemos saborear os textos. Existem inúmeras cores nessas canções francesas e foi nossa missão trazê-las para fora”.
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