[Divulgação] O Natal chegou e acabou 2020: novos tempos no mesmo tempo
Essa semana minha filha, uma menina esperta e sapeca no auge dos seus quatro anos, encontrou nossas decorações de Natal. Correu para mim e perguntou: “mãe, posso decorar a casa pro Natal?”. Veja bem, acabamos de entrar na primavera e ainda temos muitas semanas para a data festiva.
Enfim, ela arrumou nossa sala com bolinhas, Papai Noel, a estrebaria com o menino Jesus e tudo o que ela conseguiu organizar sozinha. Hoje, então, ela passou a cantar músicas natalinas e agora eu escrevo este texto com um chapéu de Papai Noel na cabeça, cantarolando junto com ela “bate o sino, pequenino, sino de Belém!”, enquanto isso, ela arruma presentes e cartões de Natal.
A brincadeira me fez refletir sobre o tempo, sobre história e sobre este ano.
A percepção de tempo é algo muito singular e única. E a cada fase de nossas vidas, o tempo se mede de forma diferente. Mas, é fato e todos concordam que o ano de 2020 ficará marcado, afinal, é atípico. Dois mil e vinte, com todas as suas adversidades e notícias difíceis de serem digeridas (e não me refiro apenas à pandemia da covid-19) marca sua presença nos registros históricos e sociais, políticos, biológicos, ambientais, culturais, humanos.
E, não é apenas minha filha que gostaria que o Natal estivesse chegando, afinal, as decorações e festas natalinas simbolizam algo além da festa cristã, significam uma virada de página, um ano que termina e outro que inicia, com novos desejos, perspectivas e possibilidades.
Assim, muitos já fixam seu olhar no próximo ano e declaram que o que estamos é findado e não há mais o que tirar dele, justamente por todas as intempéries que tivemos em menos de doze meses. Há ainda aqueles que encerram o ano e o colocam numa caixa lacrada, de forma a esquecê-lo e fazer como se nunca tivesse existido.
Porém, apesar das dificuldades e das tragédias que nos tomaram, não devemos esquecer ou acabar com este ano antes do tempo. Mas precisamos aprender com ele. Olhar de forma crítica para o que vivemos e estamos vivendo e transformar isto em questionamentos e memória histórica. Entender como nós, como humanidade, podemos melhorar, podemos crescer, nos desenvolver.
Aliás, aprender história não é aprender sobre o passado. É aprender sobre o futuro. Estudar história é entender o que aconteceu antes de nós, as lutas, os acontecimentos, as sociedades numa perspectiva de olhar para frente, de nos posicionarmos sobre o que desejamos e o que não desejamos que aconteça conosco. Olhar para trás para idealizar o que vem à frente.
Dois mil e vinte ainda não acabou! Mesmo quando chegar o tempo de cantarmos músicas natalinas e decorarmos com luzes e pinheirinhos nossas casas, ainda assim, 2020 não vai ter terminado e quando terminar, que não seja trancado em uma caixa, mas que as memórias adquiridas durante este ano fiquem vivas e nos proporcionem novas histórias, mais críticas e mais empáticas.
Autora: Larissa Priscila Bredow Hilgemberg é licenciada em Letras, Pedagogia e História, especialista em Educação Corporativa e Docência EAD, professora da área de Linguagens Cultural e Corporal do Centro Universitário Internacional Uninter.
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