[News] Exibido nos festivais de Rotterdam, Rio e Olhar De Cinema, ‘Nona: Se me Molham, Eu os Queimo’ combina ficção e fantasia
Protagonizado por Josefina Ramirez, o filme é coprodução Chile -
Brasil - França - Coreia do Sul e estreia nos cinemas em 18 de fevereiro
A
história recente do Chile tem sido combustível para o cinema do país,
especialmente o jovem. Camila José Donoso traz em seu terceiro longa,
NONA: SE ME MOLHAM, EU OS QUEIMO, que estreia nos cinemas do Brasil dia
18 de fevereiro, fatos reais e ficção. A protagonista a avó da diretora,
Josefina Ramirez, que fez parte da resistência anti-Pinochet, e se
tornou uma especialista na produção de molotovs.
Camila,
que também assina o roteiro, combina, então, memórias de Nona e uma
narrativa ficcional sobre uma mulher que cometeu um crime passional, e
se vê obrigada a deixar Santiago, exilando-se na cidade costeira de
Pichilemu, numa casa que comprou na época do governo de Salvador
Allende. A protagonista também acaba de realizar uma cirurgia contra
catarata o que a deixa ainda mais fragilizada e de mal humor.
Em
seu primeiro longa, “Naomi Campbell”, de 2013, Camila acompanhou a
trajetória de uma transexual chilena, e o documentário prevaleceu sobre
uma ficção discreta. Em NONA: SE ME MOLHAM, EU OS QUEIMO, a diretora
radicaliza, e constrói um jogo de cena entre o real, o imaginário e a
fantasia, sem se preocupar em deixar claro o que é o que. Tendo como
protagonista uma personagem maior que a vida, o que rejeita
classificações simplistas, o longa não se intimida em deixa-la brilhar
sem impor limites.
“Eu
queria que o personagem de Nona tivesse profundidade. Eu queria que o
espectador descobrisse Nona como eu a conhecia; uma avó, uma dona de
casa extrovertida que ocasionalmente mentia, uma mulher volúvel, e tudo
aquilo que estava longe da femme fatale piromaníaca que mais tarde
descobri. Eu queria que o espectador pudesse viver na intimidade de
Nona, sem julgamento: pois a beleza de Nona também reside na
complexidade, na ambivalência de seu caráter”, explica a diretora.
Ao
redor dessa nova morada de Nona existe uma floresta que começa a sofrer
incêndios inexplicáveis, e dado o passado piromaníaco dessa mulher de
66 anos, ela se torna uma espécie de suspeita, ainda mais que sua casa
permanece intacta, ao contrário de outras da região. Mas o filme vai
muito além desse suspense, ao fazer um retrato crítico e carinhoso do
Chile do presente, no qual a aparente calmaria – tal qual a cidade onde a
protagonista se instala – pode esconder a turbulência política que o
país sempre enfrenta.
O
longa acrescenta uma nova camada trazendo filmagens caseiras em vídeo,
remetendo ao passado, e resgatando a trajetória de Nona. Misturam cenas
amadoras captadas em diferentes formatos de vídeo, película, e o digital
límpido, que conferem a NONA: SE ME MOLHAM, EU OS QUEIMO uma proposta
estética diferenciada e bem-vinda que espelha a figura de sua
protagonista, uma mulher fascinante e intrigante na mesma medida.
O
elenco de NONA: SE ME MOLHAM, EU OS QUEIMO combina não atores e atrizes
com profissionais, como a própria Josefina, atrizes Gigi Reyes, Paula
Dinamarca e Nancy Gómez. O Brasil é representado por Eduardo Moscovis,
que interpreta Pedro, uma figura misteriosa que ronda Nona.
Peter
Bradshaw, do jornal inglês The Guardian, chamou o longa de “sagaz e
subversivo”. Já o Cineuropa, em sua crítica, alega que a diretora fez um
filme “que é um retrato carinhoso, engraçado, e ainda assim brutalmente
honesto.” O argentino Página 12 ressalta que NONA: SE ME MOLHAM, EU OS
QUEIMO “tem êxito em entrecruzar o pessoal e o político de uma maneira
muitas vezes notáveis.”
NONA:
SE ME MOLHAM, EU OS QUEIMO é produzido por Rocío Romero, do Chile
(Mimbre Producciones), por Tatiana Leite, Bubbles Project, produtora
entre outros do sucesso “Benzinho”, de Gustavo Pizzi e de “Pendular”, de
Julia Murat, Pelo Jeonju Cinema Project (Córeia do Sul) e por Alexa
Rivero, da França (Altamar Films). O projeto conta com a TvZero como
produtora associada. No Brasil a distribuição do longa é a Vitrine
Filmes.
Sinopse
Aos
66 anos, Nona decide finalmente se vingar de seu ex-amante e comete um
atentado que a obriga a fugir para que não seja presa. Depois de
finalmente se estabelecer em uma cidade costeira do Chile, um incêndio
de grandes proporções obriga seus vizinhos a deixarem suas casas, mas
estranhamente sua moradia é a única a não ser afetada.
Ficha Técnica
NONA: SE ME MOLHAM, EU OS QUEIMO (Nona - Si me mojan yo los quemo)
Direção e Roteiro: Camila José Donoso
Empresas produtoras: Mimbre Producciones, Bubbles Project, Altamar Films
Produtora Associada: TvZero
Produtoras: Rocío Romero, Tatiana Leite, Alexa Rivero
Fotografia: Matías Ilanes
Edição: Karen Akerman
Direção de Arte: Nicolás Oyarce
Direção de Som: Sebastián Arjona, Emilio Torres
Gênero: Documentário/Ficção
Países: Chile, Brasil, França e Coreia do Sul
Idioma: Espanhol
Ano: 2018
Duração: 86 min Elenco: Josefina Ramirez, Gigi Reyes, Paula Dinamarca, Eduardo Moscovis, Nancy Gómez
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