[News] B DE BEATRIZ SILVEIRA vai da comédia aos filmes de terror B para confundir ficção e realidade
B DE BEATRIZ SILVEIRA vai da comédia aos filmes de terror B para confundir ficção e realidade
A peça se inspirou em filmes como F for Fake, de Orson Welles e Cidade dos Sonhos, de David Lynch; a montagem se apoiou nos recursos do Zoom, do teatro online e da linguagem cinematográfica
B de Beatriz Silveira - Foto: Alexandre Marchesini
Com estreia no dia 10 de julho de 2021, via plataforma Zoom, a peça B de Beatriz Silveira vai da comédia aos filmes de terror B para confundir ficção e realidade. A narrativa gira em torno de Beatriz Silveira, figura misteriosa que perturba os ensaios do grupo de atores e interfere na criação das cenas. O texto da peça, criado em conjunto com os atores durante a oficina, tem dramaturgismo do dramaturgo João Mostazo, parceiro de trabalho de Ines Bushatsky, que dirige esta montagem.
Criada a partir da oficina teatral “F de Falso”, ministrada pela atriz e diretora Ines Bushatsky, a peça tem no elenco Alexandre Marchesini, Anna Galli, Beatriz Silveira, Caio Horowicz, Débora Gomes Silvério, Giovana Telles, Henrique Natálio, Tatiana Polistchuk e Zoë Naiman Rozenbaum. Em cena, a interpretação do elenco articula elementos do depoimento, da teatralidade e da performance para contar uma história na qual as linguagens documental e ficcional se confundem.
O espetáculo parte de depoimentos e registros documentais da oficina, que ocorreu de maneira online entre março e abril de 2021, para desenvolver uma narrativa que flerta com o tema do falso, o ponto de partida da pesquisa. “O tema do falso flerta muito com a questão da comédia, na questão dos duplos, da dublagem, dos atos de falsificação, do truque. Nessa esteira, o riso se tornou algo cada vez mais frequente nos ensaios. Essa era uma saída criativa para todos nós ali, tanto para mim quanto para o elenco, trabalhar em uma perspectiva da comédia, da bagaça. Aos poucos isso se misturou com a perspectiva de terror, da assombração e da possessão. A gente procurou encontrar o terror na comédia e a comédia no terror. Enquanto artistas e público, é importante que a gente possa encontrar também o lugar da comédia, diante da situação devastadora que a gente vive no país neste momento. A peça é uma aposta nesse sentido”, comenta a diretora.
A peça tem direção de Ines Bushatsky, diretora de A demência dos touros (2017) e fundadora, em 2014, da Cia. Extemporânea. Para a diretora, trata-se de uma oportunidade de experimentar as fronteiras entre as linguagens do teatro e do cinema, seguindo a pesquisa desenvolvida pela companhia, desta vez com uma nova equipe e elenco, vindos da oficina: “A fronteira entre o teatro e o cinema é algo que eu venho pesquisando com a Cia. Extemporânea há alguns anos. Nesta peça, o trabalho com as duas linguagens foi amplificado pelo fato de que a gente estava criando no Zoom, já com a tela como parte do processo criativo. A gente incorporou a plataforma que estava usando, e procurou ir além dela, para criar a ilusão de que o espectador está assistindo a um filme, criando ilusões de montagem e edição, embora a peça esteja sendo apresentada ao vivo”.
Beatriz Silveira e Zoë Naiman Rozenbaum - Foto: Bruno Siomi
Tendo como referências os filmes F for Fake, de Orson Welles e Cidade dos sonhos, de David Lynch, a montagem se apropria de recursos do Zoom e do teatro online, bem como da linguagem cinematográfica, para contar uma história de horror cômico na qual está em jogo a contaminação da própria peça por um corpo estranho, que aos poucos passa a comandar o espetáculo. Sem abordar diretamente o tema da pandemia, a peça dialoga com uma questão central na experiência contemporânea, o medo da infecção por um agente externo, que transforma o funcionamento de um corpo. No caso do espetáculo, trata-se do surgimento repentino da misteriosa Beatriz Silveira, que passa a “hackear” o conjunto das cenas previamente preparadas pelos participantes da oficina, jogando-os em uma situação de terror, descontrole e indecisão.
ENCENAÇÃO
Performando as cenas de suas casas, o elenco se alterna na apresentação de depoimentos e das cenas preparadas por cada ator a partir do tema pesquisado pela equipe: a falsificação. Amarram o conjunto das cenas relatos de acontecimentos desconcertantes que teriam ocorrido durante a oficina, referências às figuras do duplo, do doppleganger e do impostor, e jogos de cena envolvendo a duplicação e falsificação da imagem e da voz dos atores, a todo momento divididos entre a representação de personagens ficcionais e a consciência, enquanto atores, de estarem possuídos por uma força estranha que manipula as suas ações e o andamento das cenas. Figurinos, cenários e objetos esdrúxulos aparecem nas cenas, quebrando a visualidade cotidiana com máscaras e maquiagens que jogam o espectador em um universo ao mesmo tempo cômico e de pesadelo. Utilizando as ferramentas da plataforma Zoom, a encenação lança mão de recursos de dublagem para criar um efeito de dissociação entre corpo e voz dos atores, que contribui com a atmosfera desconcertante e magnética do espetáculo. Alternam-se na tela, ainda, cenas performadas pelos atores ao vivo, via Zoom, e cenas previamente gravadas com equipamentos de cinema e câmeras de alta qualidade, que provocam um choque entre as linguagens do cinema e do teatro online.
HISTÓRICO
Em 2014, a diretora Ines Bushatsky fundou, com o dramaturgo João Mostazo, a Cia. Extemporânea de teatro e cinema, com a qual dirigiu a peça A demência dos touros, em 2017. A companhia é responsável pelos espetáculos Fauna fácil de bestas simples (2015, dir. Pedro Massuela), A demência dos touros (2017) e Roda morta – uma farsa psicótica (2018, dir. Clayton Mariano), além do longa-metragem Rompecabezas (dir. Dellani Lima, Festival de Cinema Latino-Americano de São Paulo 2020) e do curta-metragem FALSO FILME (dir. Ines Bushatsky e João Mostazo, Mostra Cipó 2021).
Os filmes e espetáculos criados por Ines Bushatsky, em especial aqueles realizados junto à Cia. Extemporânea, promovem um pastiche dos recursos melodramáticos presentes na indústria cultural, procurando dar conta das anomias sociais a partir de uma forma que incorpore a incompletude, o nonsense, a incoerência, a contradição, sugerindo a utilização da comédia e do humor como veículos de apreensão das principais questões do nosso tempo.
SINOPSE
Durante os ensaios de uma peça online, o elenco começa a presenciar aparições de uma figura misteriosa, que responde pelo nome de Beatriz Silveira. Desconhecida de todos, aos poucos ela se mostra capaz não apenas de invadir os ensaios, mas de alterar as cenas e interferir no andamento do espetáculo.
FICHA TÉCNICA
Direção: Ines Bushatsky (@inesbushatsky)
Elenco: Alexandre Marchesini (@ale_marchesini), Anna Galli (@04annagalli), Beatriz Silveira (@bbsilveira), Caio Horowicz (@caiohoro), Débora Gomes Silvério (@deboragsil), Giovana Telles (@gi_telles_), Henrique Natálio (@lesguito), Tatiana Polistchuk (@vaimaquiartati) e Zoë Naiman Rozenbaum (@zoe.nr)
Assistência de direção: Beatriz Silveira, Bruno Conrado (@b_conrado), Clara Martins Hermeto (@claramhermeto) e João Mostazo
Dramaturgismo: João Mostazo (@joaomostazo)
Co-direção de vídeo: Clara Martins Hermeto
Iluminação, Stills e Correção de cor: Bruno Siomi (@brunosiomi)
Operação de Zoom: Felipe Aidar (@felipe.aidar)
Cartaz: Lidia Ganhito (@lidia.ganhito)
Produção de vídeo: Cabograma (@cabogramasp)
Produção: Extemporânea (@aextemporanea)
Apoio: Pequeno Ato (@pequenoato)
SERVIÇO
B de Beatriz Silveira
Estreia: 10 de julho de 2021
Temporada: de 10 de julho a 01 de agosto – Sábados às 21h e Domingos às 20h
Onde: Plataforma Zoom
Quanto: R$ 20,00 (valores alternativos de R$ 5,00, R$ 30,00, R$ 50,00 e R$ 100,00)
Ingressos: https://www.sympla.com.br/
Capacidade de público: 250 espectadores
Duração: 90 min. Classificação: 14 anos.
Siga as redes sociais da peça: @ofdefalso e @aextemporanea
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