O nascimento do disco
Nessa época, o titã Branco Mello defendeu a contratação de uma das bandas originais do punk da periferia paulistana, então já passado pelo hardcores e num cenário beco-sem-saída de desinformação e violência do circuito de shows punk, que levou inclusive Clemente Tadeu a encerrar e recriar o grupo em 1984, mais alinhado ao pós-punk, ao pub rock e ao punk 77, junto aos irmãos Tonhão (bateria) e André Parlato (baixo) e a Ronaldo Passos (guitarra). O time juntou suas poucas economias e gravou uma demo-tape ouvida pelo então presidente da Warner, André Midani, que resultou na assinatura de um contrato para três obras. Clemente, conforme conta o jornalista Ricardo Alexandre no encarte do disco, “fez uma única exigência: que a Warner pagasse as horas de estúdio que a banda havia usado na gravação da demo-tape. A gravadora topou, agendou o estúdio para março de 1986 e propôs experimentar com o grupo um novo formato de disco: um EP de seis músicas, chamado na época de ‘Mini-LP’.”
O repertório era dividido entre material recente, pós-punk, do grupo, como “Rotina”, “Ele Disse Não” e “Expresso Oriente”, e canções mais antigas, dos tempos dos shows de hardcore do início da década como “Salvem El Salvador”, parte do repertório da banda no lendário festival O Começo do Fim do Mundo, e “Pânico em S.P.”, que já haviam gravado na coletânea Grito Suburbano, ambos de 1982. Havia ainda “Não acordem a cidade” uma das primeiras composições de Clemente, de 1979.
Pânico em S.P. foi gravado durante 70 horas de março de 1986 nos lendários estúdios Mosh, em São Paulo, tendo o jovem de 24 anos Branco Mello como produtor estreante, Pena Schmidt como co-produtor e “tutor” e o não-creditado Liminha que, então diretor artístico da gravadora, de passagem por São Paulo aproveitou para timbrar, microfonar e registrar a bateria e o baixo, sobre os quais todo o resto foi construído. Com essa sonoridade mais próxima ao pós-punk, a banda se consolidou como o primeiro conjunto do punk paulista contratado por uma grande gravadora.
Com a saída da Warner no início dos anos 90, a banda passou por um período conturbado, com várias mudanças de formação e sonoridade, mas sempre produzindo e lançando discos, até retomar a trilha do sucesso com seus integrantes atuais. O Inocentes já lançou 14 álbuns, um DVD e participou de quatro coletâneas, no Brasil e na Alemanha. Tocou em festivais importantes como “Abril Pro Rock’, “Porão do Rock”, “Close-Up Planet” e “Rebellion”, o maior festival punk do mundo, que ocorre em Blackpool, na Inglaterra, além de ter aberto shows de nomes como Ramones, Sex Pistols, Bad Religion e Pennywise, entre outros. |
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