Garoto prodígio, Sergio Mendes estudava no conservatório, sonhando em seguir carreira como pianista clássico. Até que, aos 15 anos, foi sequestrado pelo jazz e pela bossa nova. Nascido em Niterói, em 11 de fevereiro de 1941, aos poucos o adolescente começou a trocar as salas de aula pelos clubes e bares. Logo seu talento atravessou a Baía da Guanabara e, na virada da década dos 1950 para o 60, virou uma das atrações nos shows e nas jam sessions dos bares do Beco das Garrafas, em Copacabana. Em novembro de 1962, Sergio Mendes seria uma das atrações do concerto de bossa nova no Carnegie Hall, em Nova York. A partir daí, aumentaram os convites para tocar e gravar com grandes nomes do jazz, encantados com o seu piano fluente, que sempre alternou balanço e lirismo. Foram tantos convites que, em 1964, ele se mudou para os Estados Unidos, onde prosseguiu a escalada rumo ao topo das paradas. As 21 faixas aqui selecionadas focam o melhor dos seus primeiros anos nos EUA, apresentando uma perfeita simbiose entre o jazz e a música do Brasil. Elas vêm de quatro álbuns instrumentais lançados originalmente pelo selo Atlantic, "The swinger from Rio" (1964), "In person at Matador!" (De 1965, gravado ao vivo num clube de jazz de São Francisco), "The Great arrival" (1966) e "Favorite things" (1967). Alguns dos principais criadores da bossa nova marcavam presença no repertório, incluindo Tom Jobim ("Inútil paisagem", "Bonita", "Vivo sonhando", "Só danço samba"...), Carlos Lyra ("Maria Moita"), João Donato ("Jodel", "Caminho de casa") e Baden Powell ("Consolação"). Mas, esses discos também apresentaram ao mundo a então emergente geração da MPB, através de canções de Edu Lobo ("Canção do amanhecer" e "Veleiro"), Caetano Veloso ("Boa palavra"), Dori Caymmi ("O mar é meu chão"). E ainda há uma das raras e preciosas composições de Sergio Mendes, "Noa noa". Repertório especial e um time de sonhos entre os músicos que trocaram figurinhas com Sérgio Mendes, misturando brasileiros (Tião Neto, Dom Um Romão, Moacir Santos) e os jazzmen Art Farmer (trompete), Phil Woods (sax-alto), Hubert Laws (flauta), Tom Scott (sax e flautas), Joe Mondragon (baixo), Don Grusin (órgão e arranjos) e Clare Fisher (arranjos). Grandes bossas do brasileiro universal Sergio Mendes, que completou 80 anos em 2021 com fôlego e talento para muito mais. |
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