[News] “Tenório e os Sonhos de Judô”, de Eduardo Hunter Moura, marca o primeiro lançamento do Canal Brasil com acessibilidade para deficientes visuais e auditivos

Documentário, que acompanha o maior judoca paraolímpico da história numa jornada pelo Japão, estreia no formato nesta quarta-feira (01/09) na programação das plataformas sob demanda (Now, Vivo e Oi)

Antônio Tenório da Silva, o mais vitorioso judoca paraolímpico da história, acaba de alcançar mais uma marca, desta vez no audiovisual. O documentário “Tenório e os Sonhos de Judô”, de Eduardo Hunter Moura, agora terá uma versão com a opção de acessibilidade (áudio descrição para deficientes visuais e legendas descritivas para deficientes auditivos). Trata-se do primeiro lançamento do Canal Brasil no formato, disponibilizado nas plataformas de vídeo sob demanda (Now, Vivo e Oi) a partir de desta quarta-feira, 01 de setembro.

O filme, que acompanhou o atleta e a seleção brasileira numa jornada de treinamento de 25 dias pelo Japão, em 2018, como preparação para os jogos de Tóquio (Tenório terminou a competição em 5º lugar), surge pouco mais de dez anos após o premiado “B1 – Tenório em Pequim” (2010), longa-metragem que marcou a estreia de Hunter Moura no cinema. Enquanto o primeiro era mais focado no aspecto esportivo em si, “Tenório e os Sonhos de Judô” aponta as lentes para as experiências dos personagens e os inevitáveis - e muitas vezes divertidos - choques culturais no dia a dia da viagem por um país tão diferente.

“Quando embarcamos para o Japão não imaginei que conquistaríamos esse marco de acessibilidade. Só reforça a importância do legado do Tenório, dentro e fora dos tatames. Fico muito feliz e honrado, ainda mais por ser um documentário que busca tratar a deficiência de forma tão natural. Espero que esse filme continue abrindo caminhos e trazendo novas narrativas inclusivas”, aposta Eduardo, que, além da direção, assina ainda a produção do longa.

O embrião do novo filme foi concebido ainda em 2016, meses antes do início das Paraolimpíadas do Rio, quando diversos atletas perderam seus patrocínios do governo, devido à grave crise política e econômica pela qual o país atravessava. Por conta da amizade construída nas filmagens de “B1”, Tenório pediu ajuda ao diretor e juntos criaram uma campanha de financiamento coletivo para tentar viabilizar a sua última etapa de treinamento para os jogos.

Embora o resultado financeiro do projeto tenha sido aquém do esperado, o esforço conjunto fortaleceu ainda mais o laço entre ambos e, mesmo com quase nenhum apoio financeiro, o judoca terminou a competição com a prata no peito, a sexta medalha de sua carreira. Após a cerimônia de premiação, dentro da arena, o diretor aguardava por Tenório, sem o seu conhecimento, no corredor final por onde passaria, para parabenizá-lo. Quando reconheceu a voz do amigo, o judoca tirou a medalha do pescoço e ofereceu para que a segurasse, algo que não havia feito por mais ninguém.

“Esse momento ainda me comove e diz muito sobre o nosso relacionamento. Depois, pelo telefone, eu brinquei que se ele fosse ao Japão eu iria junto. Dois anos mais tarde lá estava eu embarcando nesse projeto”, recorda.

Apesar da “promessa” feita nos bastidores da Rio 2016, realizar um segundo documentário sobre o Tenório era algo distante na cabeça do diretor. A ideia começou a tomar corpo quando percebeu que havia uma nova história para contar, com linguagem e narrativas diferentes do filme anterior, onde Tenório dividiria o protagonismo com os outros membros da seleção e a própria locação. Esse documentário seria menos focado no aspecto esportivo e mais na intimidade dos personagens e na jornada deles por um país com uma cultura tão distinta.

“Mesmo que os dois filmes tratem do mesmo protagonista, ‘Tenório e os Sonhos de Judô’ também apresenta o resto da seleção e, com humor e leveza, conta a superação diária desses atletas na viagem. Nesse filme Tenório já ocupa uma posição de líder experiente, está mais maduro e generoso, entende seu legado e os caminhos que abriu para que a seleção estivesse lá com ele”, conta Eduardo.

“A inspiração passa um pouco pelo filme ‘Encontros e Desencontros’, da Sofia Copolla. Como seria Tenório viajando pelo Japão, agora mais velho, cansado de viajar, mas tendo que lidar com sua rotina em um país estranho? O que encontraria? Entendi que esse cenário e os personagens do Japão trariam uma camada a mais de interesse. Esses encontros e desencontros de comunicação, de sensibilidade diferenciada, de humanidade”, continua.

Homenagear na tela o país sede da 32ª edição dos Jogos Olímpicos já era uma vontade antiga do diretor, cuja paixão pela cultura japonesa fica patente tanto pelo conceito estético quanto pela trilha sonora original do projeto, de autoria de Ricardo Dias Gomes e Jonas Sá. E a sua experiência como documentarista na última década – em trabalhos como "Hei de Torcer" (ESPN), "O que faz um Campeão?" (Sportv), “Sonhadores" (Sportv) e o filme da Cerimônia de Abertura dos Jogos Paraolímpicos no Rio, entre outros – foi o que deu a segurança de que poderia realizar outro longa-metragem.

“Apostei em fazer outro filme com o Tenório porque ele é um personagem carismático e sensível, com uma história rica e inspiradora. Queria inserir o espectador no dia a dia deles, e hoje vejo que através da empatia, da escuta, e respeitando a sensibilidade específica desses personagens, encontramos a linguagem do filme. Buscamos uma narrativa leve e fluida, com intimidade e profundidade, que valorizasse e humanizasse os personagens de maneira natural”, afirma.

O processo de pré-produção foi célere. Em maio de 2018, o diretor solicitou a permissão à CBDV (Confederação Brasileira de Desportos de Deficientes Visuais) para acompanhar a equipe brasileira e em junho já estava a caminho do Japão. Ele desembarcou no país alguns dias antes da delegação do Brasil, pois havia marcado uma reunião com a Federação de Judô na esperança de conseguir autorização para filmar a seleção japonesa – o que ainda não tinha. O diretor sabia que o filme seria menos interessante sem a participação da seleção local.

“Foi uma reunião trilíngue de duas horas na sede da Federação Paraolímpica em Tóquio, em que me apresentei e mostrei o projeto, explicando de maneira clara, direta, e respeitosa o que queria fazer. Ao final, eles aceitaram. Minha relação com eles estava somente começando e saí do meu primeiro dia de Japão com a rara permissão de filmar a seleção japonesa”, lembra.

Financiado com os próprios recursos de sua produtora, a Hunter Filmes, o documentário, segundo o diretor, “sempre contou com uma dose de risco calculado”.

Mesmo sem a certeza de que voltaria do Japão com um filme embaixo dos braços, de que conseguiria patrocínio e de que conseguiria terminá-lo com a qualidade necessária a tempo dos Jogos Paraolímpicos, ele mergulhou de cabeça, acumulando na viagem as funções de diretor, produtor, roteirista e segunda câmera.

“Por conta do risco acho que o compromisso e a dedicação de fazer filme dar certo foram ainda mais intensos, bem como o cuidado pela maior qualidade possível. Se era pra ir até o Japão, tinha que ficar bom”, analisa.

Na jornada pelo Japão, além da equipe composta pelos brasileiros Alexandre Ramos (direção de fotografia) e Davi Paes (som direto), o diretor contou o apoio de uma produtora e um assistente de câmera locais. Os créditos incluem ainda Mariana Bentes (produção executiva); Tainá Diniz, Moema Pombo e Rodrigo Ambar (montagem); Vinicius Leal e Daniel Vellutini (edição de som); Jesse Marmo (mixagem) e Emilio Rangel (direção de arte).

“Foram muitos desafios e obstáculos: não é fácil filmar no Japão, estar produzindo hoje em nosso país, e atravessando a pandemia. Hoje vejo a história desse filme como uma de realização. E essa capacidade de realização nas adversidades vou carregar sempre comigo, tanto eu quanto a Hunter Filmes”, reflete.

Foi só em maio de 2021 que Tenório e os outros integrantes da seleção masculina tiveram a oportunidade de assistir ao filme, num intervalo da competição que disputavam no Azerbaijão.

“Ouvi todo o filme, junto com a seleção masculina, com os áudios descrições. Elas parecem traduzir muito bem as cenas, que, aliás, pelo que integrantes da equipe técnica me contaram, são muito bonitas e muito bem filmadas. Achei o filme magnífico e fiquei muito contente. O Eduardo é um irmão que Deus me deu e só tenho a agradecer por nossa amizade”, contou Tenório, que conquistou o quinto lugar nos Jogos de Tóquio apenas alguns meses após uma árdua internação devido à Covid-19. Ao fim da última luta na competição, o atleta confirmou a sua participação nas Paraolimpíadas de 2024, em Paris, desafiando a sua impressionante longevidade, aos 53 anos de idade.

Sinopse

A viagem do carismático Antônio Tenório ao Japão começa como uma investigação sobre a incrível longevidade do campeão cego – seis vezes medalhista paraolímpico – e se torna uma jornada íntima de descobertas para ele e a jovem Seleção Paraolímpica Brasileira de Judô. Em sua jornada, eles serão desafiados pelo impressionante Time Japonês. Unidos pelas deficiências em comum, brasileiros e japoneses aprendem a não ser definidos pelas suas limitações físicas e juntos celebram um senso de pertencimento.

Sobre o diretor

Eduardo é sócio-diretor da Hunter Filmes. Mestrado em Cinema com distinção pela prestigiada The London Film School. Sua estreia como diretor para cinema foi o premiado documentário “B1 - Tenório em Pequim" (2010) que foi selecionado para diversos festivais pelo mundo, entre eles o HotDocs. Realizou o ESPN filme "Hei de Torcer", ganhou o prêmio de melhor filme educacional com o curta "This Film is About", dirigiu a série "O que faz um Campeão?" para o canal SPORTV, e ganhou prêmio de Social Impact Video Award com o filme "Rio Eu Amo Eu Cuido".

Em 2016 assumiu a direção geral da série documental "SONHADORES" para o SPORTV, e dirigiu o filme de abertura da Cerimônia dos Jogos Paraolímpicos no Rio. De 2017 pra cá Eduardo dirigiu a série documental "Ensaios Contemporâneos" para o Canal Curta, estreou na ficção como diretor na série "Baile de Máscaras", e vem dirigindo as campanhas de conteúdo de marca para Itaú, Verde Campo, Google Economics, e Guaraná Antártica. Em 2018 foi até o Japão para a realização do documentário "Tenório e os Sonhos de Judô", reencontrando o amigo e campeão Tenório para mais um filme que tem estreia prevista para 2021.

Em 2020 lançou o curta-metragem "Dance Film", vencedor de melhor Videodanza no CDMX International Film Festival. Em 2021 já produziu e dirigiu dois vídeos de médio formato: o documentário “Samba da Gávea” e “Farra dos Brinquedos”, uma aventura musical para crianças - tanto para público quanto para aclamação da crítica.

Sobre Antônio Tenório Da Silva

Aos 13 anos, Tenório brincava com amigos quando seu olho esquerdo foi atingido por uma semente de mamona, o que causou um descolamento de retina e o deixou cego deste olho. Seis anos mais tarde, uma infecção no olho direito o deixou totalmente sem visão. Tenório já praticava judô desde os 8 anos de idade, então precisou fazer a adaptação para o judô paraolímpico.

Suas principais conquistas são o ouro nos Jogos Paraolímpicos Atlanta 1996, Sydney 2000, Atenas 2004 e Pequim 2008, prata nos Jogos Paraolímpicos Rio 2016, bronze nos Jogos Paraolímpicos 2012, ouro nos Jogos Parapan-Americanos do Rio 2007, prata nos Jogos Parapan-Americanos de Guadalajara 2011 e bronze nos Jogos Parapan-Americanos de Lima 2019 e Toronto 2015, ouro no Campeonato das Américas 2017 (São Paulo), 2018 (Canadá) e 2020 (Canadá); bronze na Copa do Mundo IBSA 2018 (Cazaquistão).

Saiba mais sobre os outros personagens do Filme: https://www.sonhosdejudo.com.br/#personagens

Ficha Técnica

Direção e roteiro - Eduardo Hunter Moura
Roteiro - Eduardo Hunter Moura e Tainá Diniz
Produção executiva - Mariana Bentes
Direção de fotografia - Alexandre Ramos
Montagem - Tainá Diniz, Moema Pombo e Rodrigo Ambar
Som direto e binaural - Davi Paes
Direção de arte - Emilio Rangel
Trilha sonora original - Ricardo Dias Gomes e Jonas Sá
Edição de Som - Vinicius Leal e Daniel Vellutini
Mixagem - Jesse Marmo

Mais informações: www.sonhosdejudo.com.br

Trailer: 
 

 










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