Ambos os mundos estão acontecendo paralelamente. O primeiro, se utiliza de um jogo de cores e movimentos de câmera inspirados em Matrix, que auxiliam o espectador a entrar e sair da cabeça da protagonista. O segundo, que acontece dentro do karaokê, é baseado na versão de “Alice no País das Maravilhas” ilustrada por Salvador Dalí, o grande nome do Surrealismo Espanhol. “Escolhi me utilizar do surrealismo porque uma de suas maiores características é a livre expressão do pensamento, acesso ao inconsciente, e segue muito os ensinamentos de Freud. Quando pensei nisso, logo pensei na Alice caindo no País das Maravilhas, onde ela precisa passar por vários desafios para se conhecer. A versão ilustrada por Dalí junta esses dois conceitos. Senti que tínhamos, alí, nosso subconsciente”, esclarece GIULIA. Essas referências podem ser encontradas em diversos momentos ao longo do clipe, desde: a protagonista entrando na caverna do coelho (karaokê), o próprio coelho gigante com vários relógios como plano de fundo, a tatuagem no braço da protagonista (que se trata de um recorte da obra “A persistência da Memória” de Salvador Dalí), até a sala toda espelhada (referência a uma fala de Marcel Duchamp). “Em 1961 o Marcel tinha uma palestra que chamava Where do We Go from Here (Para Onde Vamos Daqui) e uma fala dela ficou bem famosa. Ele dizia que, os futuros artistas, assim como a Alice, teriam que passar do ‘espelho da retina’ para conseguir encontrar uma expressão mais profunda de sua arte. Eu gosto muito desse conceito, então fiz questão de incluí-lo no ‘subconsciente’”, disse a cantora. Além disso, GIULIA apresenta um relógio que contém 13 horas e que ao invés de avançar as horas, recua. Isso pode ser visto não só no começo e no final do clipe, mas também na tatuagem no ombro da protagonista. Ele mostra que ela está em outro lugar, que não é algo que está consciente. “O número 13 tem algumas representações… Além de ser meu número da sorte, ele também aparece para ilustrar um tempo que não existe. Ele está lá para mostrar a hora errada. Deixa claro que, dentro daquele karaokê, ela está em outro mundo”, explica Giulia e conclui: “e, no final, quando ela está no telefone de novo, ela vai embora sem olhar para trás. Ela sabia que precisava seguir em frente, depois de toda sua reflexão, e decidiu fazer isso”. Levando tudo isso em consideração, o clipe de “pessoa certa hora errada”, a grande estreia de GIULIA BE como diretora, ganha um ar de uma Alice, que encontrou dentro de si o seu País das Maravilhas. Por conta disso, entendeu que precisava seguir seu caminho, viver novas histórias, sem esquecer das que viveu antes. Deixando, assim como na música, um final aberto: “quem sabe lá na frente? se eu tiver por aqui de novo. se eu te ligar. cê não me atende… ”. |
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